4 de set. de 2013

VAI PRA CASA, PADILHA! (NADA A VER COM O VETO DO MINISTRO À CAMPANHA LANÇADA PELO DEPARTAMENTO DE AIDS E HEPATITES VIRAIS, DIRIGIDO ÀS PROSTITUTAS. A MINHA BRONCA É MUITO MAIOR!)

Achei que só eu estava rememorando o personagem criado pelo Jô Soares, e do respectivo bordão "vai pra casa, Padilha!", como ocorreu-me hoje. Buscando na rede, vi que há outros manifestantes usando a mesma expressão. Segundo li, foi porque o Ministro da Saúde discordou (o texto que li fala "censurou") de mote da campanha referida no título. Isto, embora sabido por mim só agora, tardiamente, não me impressionou. Fatores humanos, religiosos, políticos, etc. podem ter interferido e para discutir a decisão teria de conhecer mais. Meu objetivo não era amassar esse barro.
No entanto, o que vi, pela TV - e ouvi - ficou muito pior para o Ministro, o que me fisgou na memória, em um átimo, o velho jargão de Jô Soares: "Vai pra casa, Padilha!".
Em meio a divulgação de notícias nada alentadoras sobre o Programa "Mais Médicos", com relato de que vários médicos contratados desligaram-se, ou por causa de grandes distâncias que devem ser percorridas, para chegar ao local onde o serviço deve ser prestado, ou por falta de estrutura material, o Ministro Padilha, admitindo a incidência de falhas na execução do Programa, saiu-se com a seguinte joia, mais ou menos nos seguintes termos (por isto não uso aspas): um médico faz a diferença; se houver uma criança em uma rede, sem qualquer estrutura para tratamento, ainda assim um único médico poderá salvar essa criança.
Assustou-me muito. Há algum tempo atrás, quando foi veiculada a notícia da contratação de médicos estrangeiros, tendo pessoas contrárias à ideia falado de falta de condições de funcionamento dos órgãos de atendimento básico, a Folha de São Paulo publicou texto de pessoa cujo nome não conhecia, e não me lembro, segundo a qual um médico recém formado é melhor do que nenhum. O autor do texto sugeria que se experimentasse uns dois mil. Acendi o alerta: primeiro porque a ideia parece lógica (só parece); segundo porque a proposta implicava indubitavelmente - para mim - depreciação da qualidade do atendimento oficial à saúde; terceiro porque não há como submeter cidadãos a experiências desse tipo, para ver "o bicho que irá dar". Por que o proponente não experimenta com ele? Por que o governo não coloca esses médicos para atender aos ocupantes dos "mais altos cargos" da vida pública? Pimenta nos olhos dos outros...
Note-se bem: não estou discutindo o Programa "Mais Médicos". Ainda estou pensando sobre o assunto. Estou repudiando, explicitamente, a "justificativa" esfarrapadíssima do Ministro da Saúde.
Quietinho em casa estaria fazendo melhor.
Aquela outra proposta, que achei absurda, veio de um desconhecido. Nem repercutiu.
Agora, vem uma - que acho pior - do Ministro da Saúde! Meu Deus! Dizer que, excepcionalmente, a simples presença de um médico pode até ser salvadora - conforme o problema a enfrentar - pode ser permitido a qualquer cidadão. Mas o Ministro da Saúde argumentar com uma eventual exceção? "É demais para os meus sentimentos, tá sabendo?" (Chico Anysio).
Passei muito tempo vendo agentes públicos dando as justificativas mais esfarrapadas para eventos desfavoráveis ao prestígio do serviço público. O Ministro enveredou por esse caminho. Sem o menor constrangimento, e via Embratel.


Foto: bahr-baridades.
http://blogs.odiario.com/bahr-baridades/category/sem-categoria/page/2/

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