Não é usada, exatamente, para o fim para o qual foi produzida: guardar badulaques. É só prestar atenção em mulheres comprando bolsas, em qualquer loja: a primeira coisa que fazem, no exame de um exemplar, é colocar a bolsa a tiracolo e buscar um espelho, apresentando-se de lado, realçando a bolsa. Fazem pose. Viram-se de frente, de lado, de frente de novo, e para o lado inicial. Bolsa é enfeite, adereço, complemento... menos artefato destinado a guardar badulaques. Vai daí que as madames vão guardando os badulaques na maior desordem. Quando procuram a chave do carro é um Deus-nos-acuda. Reviram tudo, levando um tempo considerável para achar aquilo que deveria ter sido colocado em um compartimento adrede elaborado: o porta-chaves. Mas como guardar badulaques é uso de prioridade três, pelo menos, para que ter lugar específico para guardar chaves?
Pensei nisso tudo e em mais algumas coisinhas, quando, caminhando a pé, observei duas senhorinhas paradas em frente à porta de entrada de uma casa. Uma delas tinha em uma das mãos algumas verduras e na outra a bolsa. Segurou as verduras entre o ombro e o queixo, liberando a mão para segurar a bolsa. A outra mão e os olhos dentro da bolsa. Revirava-a sofregamente. Enquanto passava, ouvi-a falando para a amiga:
- Bolsa é assim mesmo. A gente guarda as coisas e quando vai procurar...
A outra emendou de sem-pulo:
- ...não acha!
A dona da bolsa concordou e continuou remexendo, procurando.
Já havia passado pelas duas - agora às minhas costas - quando ouvi (presumivelmente da dona da bolsa):
- Tá um peteco! Preciso fazer uma faxina geral!
Imagem: Ser Mulher.
http://www.sermulher.blog.br/moda/bolsas-femininas/
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