deparei, à minha frente, com uma mulher que andava em minha direção. Falava ao celular, usando fones de ouvido, fios brancos, bem explícitos. Quando ia passar por mim, observei que, com as mãos desocupadas, manipulava um baralho. Ostensivamente, baralhava as cartas, enquanto falava.
Fiquei curioso. Será que andava preocupada com a situação do Brasil, com a falta de dinheiro e, enquanto andava, punha cartas para o Brasil, para tentar ver o bicho que iria dar? Inútil, pensei. Nem com o melhor baralho dá para antecipar o que está para acontecer no Brasil. Pode dar de tudo.
Ah! Então, enfrentando dificuldades financeiras, tem de fazer tempo integral, e oferecer seus serviços de cartomante, pelo celular, aproveitando até o tempo que gasta caminhando. Afinal, pelo menos uma coisa ela poderia ter previsto: a tecnologia favorece as comunicações em tempo real e integral e sempre há alguém sequioso de predições. Em termos de previsões, todos somos clientes potenciais.
É! Só podia ser isso. A nossa transeunte devia estar pondo cartas para alguém.
Daí para pensar no que o suposto cliente, ou a suposta cliente pretendia saber: amor desfeito, amor que volta, prêmio na loteria... até emprego, que não anda solto por aí...
Caí na real: pode parar, cara! Assim também é demais, pô!
Imagem: Crase sem Crise.
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