Pode ser que seja bravata, que esteja querendo dizer que é do jeito que ele - Presidente - pensa, ou é de jeito nenhum. Ou pode ser um escape: se não der certo, elaboraremos um outro plano.
Meu eterno pé atrás chama-me à ordem: e se o plano A não der certo, como ficará? Poderão até pensar que estou querendo "secar" o plano A.
Nada disto. Meu pé atrás tem alguns motivos. Primeiro - e penso que já disse isto recentemente - acho que os economistas do governo nem sempre dão certo, embora acertem mais nos bancos, provavelmente pelo seguinte: o melhor negócio do mundo é um banco bem administrado; o segundo melhor negócio do mundo é um banco mal administrado. Os bancos possuem uma cadeia imensa, ávida, descontrolada e voluntária, de contribuintes. O marketing propõe, a cada dia, um conjunto de negócios fabulosos, cujo preço está um pouquinho acima das capacidades dos contribuintes, digo, consumidores. Não é à toa que o número dos inadimplentes é muito alto e dos endividados adimplentes também. Já os governos não têm contribuintes voluntários e possuem nenhum mecanismo de estimulá-los à contribuição. A mercadoria que entregam não possui nem a quantidade nem a qualidade prometidas pelos políticos. Aí, não há economista que resolva.
Mas, diabos, o que é que tem isto com plano A e plano B? E com meu pé atrás?
O único plano econômico que vi dar certo foi o Plano Real. Os ajustes nem sempre. Nem o Plano Collor, nem o Plano Sarney... Cheguei a dizer, certa vez, que vivíamos no Pais dos Mágicos de Ohz! O candidato vinha dizer que ia fazer isto e mais aquilo e, em seguida, "oh!". Cada plano era uma promessa de melhora. Depois, "oh!".
Nessas elucubrações, lembrei-me de que Collor, como candidato, disse que tinha uma única bala para matar o tigre da inflação. Ou seja, tinha apenas plano A. Deu no que deu.
Ah! Mas já se passaram mais de vinte anos. O povo já se esqueceu, uai!
Por isto o pé atrás. Não acredito em uma única versão de plano. Porque, se não der certo, vai ficar errado. Sem alternativa. Acho tremendamente arriscado. A não ser que estejam me iludindo, para, no caso de fracassar o plano A, voltarem com outro plano, melhor e mais salvador. Seguramente, com mais sacrifícios para o povo. Ou seja: no final, OH!
EDIÇÃO EM 23/04/2020: socorre-me o velho e bom Millôr Fernandes (texto que deveria estar em "Millôr em Pedacinhos" mas encaixa-se melhor aqui:
"Um governo sábio realiza primeiro e, posteriormente, vendo o que foi realizado, faz os planos e os projetos. É a única forma possível de fazer os planos coincidirem com os resultados. - Relatório como Conselheiro do Planejamento de Uganda. 1971." Fonte: O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr, pág. 135.
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