12 de jan. de 2017

DE CRISE EM CRISE, VAMOS PERDENDO RUMOS


Não vou me deter comentando a crise. Já está passando da conta a incapacidade de controle da nossa Administração Pública.

Assusta-me a crença das autoridades em que isto vai ser resolvido rapidamente, como se fosse uma coisa passageira.
Em maio do ano passado, o Presidente Temer, ainda Presidente Interino, pronunciou-se em debate sobre Plano Nacional de Segurança Pública. De sua fala, colhi o seguinte excerto (https://www.youtube.com/watch?v=gPnq15WsQ8c):


"A violência é sempre algo que deve ser banida. E, para ser banida, num sistema federativo, importará certa e seguramente numa atuação conjunta da União Federal com os Estados Brasileiros e, até depois da Constituição de 88, até mesmo no caso dos Municípios, que têm a Guarda Municipal...".

Recentemente, no trato da barbárie acontecida nas prisões, o Presidente disse, em TV, que, sendo as prisões terceirizadas, o Governo não tem responsabilidade direta.
Prefiro estar eu enganado, se tiver ouvido mal. Mas o Presidente é melífluo como os suaves gestos de suas mãos, quando discursa.
Não há como arredar a responsabilidade objetiva do Estado (por extensão, do Governo), que é quem terceiriza, sem poder safar-se do dever que lhe é cometido pela Constituição.
Não gostei do que disse o Presidente, nesse último pronunciamento. Se tiver de escolher, prefiro a declaração daquele Secretário da Juventude, que deitou bobagem sobre o assunto, dizendo que deveria haver uma rebelião por semana.
Prefiro esta à do Presidente, porque esta foi sincera. Deplorável, mas sincera. Sei quem e que ideia devo combater. Mas a do Presidente, entendo que não é verdadeira, logo insincera, e não sei se posso confiar nas demais declarações dele.
Naquela transcrita acima, por exemplo. Será que, ao achar que "a violência é algo que deve ser banida", o Presidente referia-se a todo tipo de violência? Àquela do comércio de drogas, das execuções sumárias, do terrorismo nas prisões, ou, também, àquelas dos enormes desvios de dinheiro, de que a imprensa dá conhecimento à Nação, sem negativas, e até com delações, restituições, bloqueios, etc? Daquelas de colocar tanta distância entre os ocupantes de altos cargos e a ralé, com demonstrações de superdireitos?
Há uma diferença entre a criminalidade de colarinho branco e aquela dos traficantes?
Há, sim. Estes usam a violência explícita e cada vez maior, para atingir os objetivos de seus interesses. Aqueles - os titulares de altos cargos - usam o mandato que lhes foi confiado para fazer maldades escondidas, também cada vez maiores, nos atos e nos resultados que manipulam, para vantagem de seus interesses pessoais.
É muito desigual.

Nenhum comentário: