30 de set. de 2018

O VOTO DE PROTESTO

Primeiro que tudo, manifesto minha admiração pelo fato de ver tanta gente dizendo que "não acredita mais em nada" e, mesmo assim, achando que é preciso votar em alguém. Não me espanta, porém, os meios de comunicação, os Tribunais Eleitorais, os políticos dizerem - todos eles - que é preciso votar, que é preciso ter esperança. Hoje, bem cedo, assisti a um documentário protagonizado pelo Nilson Klava, da Globo News, em que fica claro esse fato. Todos eles têm pavor de voto em branco, de nulo e de abstenção. Querem porque querem que o eleitor seja obrigado a escolher alguém, ainda que seja o "menos pior".
Fico no pelotão dos que acham que as eleições vão mudar nada. No meio das manifestações de esperança, de que "tem solução" e de que "a solução passa por..." - ou melhor, no princípio, na abertura do documentário - o Nilson Klava abordou parlamentares no aeroporto de Brasília, em demanda por seus currais eleitorais. Um deles - grande cara de pau - respondeu mais ou menos o seguinte: "...sim, renovar o mandato...". O que entendi, na fala do parlamentar, foi o seguinte: "Sim. Estou viajando, com tudo pago pelos eleitores, para garantir que, no próximo mandato, esses mesmos eleitores continuem pagando meus salários e minhas mordomias".
Esse tipo de atitude, ainda que de forma não explícita, é a atitude dos políticos em geral: sempre correndo atrás de votos, sempre com os cidadãos pagando.
Penso que as circunstâncias estão merecendo votos de protesto. Penso, também, que, para definir o perfil dos resultados das eleições, o voto de protesto pode ser agrupado em uma só categoria, para que se tenha claro o número de votos do eleito, em comparação com os votos de protesto. Diluindo-se o protesto entre "abstenções", "nulos" e "brancos", esse perfil fica distorcido.
Nas eleições de 2016, para prefeito de São Paulo (http://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2016/apuracao/sao-paulo.html): Dória foi eleito com 3.085.187 votos; abstenções, nulos e brancos somaram 3.096.304. Se essas manifestações tivessem sido unificadas no voto em branco, Dória teria perdido a eleição para "branco".
Nas eleições de 2016, para prefeito do Rio de Janeiro (http://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/eleicoes/2016/apuracao/rio-de-janeiro.html): Crivella foi eleito com 1.700.030 votos; abstenções, nulos e brancos somaram 2.034.352. Se essas manifestações tivessem sido unificadas no voto em branco, Crivella teria perdido de goleada para "branco".
Minha preferência pelo voto em branco está no quadro abaixo ("arte" como gostam dizer por aí).




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