Assistimos à comemoração, com pompa e circunstância, à sombra do Arco do Triunfo, dos 100 anos do fim da primeira guerra mundial. Cerimônia muito marcante, música excelente, solo de cello, cello e violino, orquestra mandando maravilhosamente o Bolero de Ravel (tudo com sonorização de qualidade) e, no popular, um enorme coral cantando a Marselhesa (pareceu-me coisa de conhecimento geral por longo tempo; eram pessoas de várias idades e aquilo não é fácil de ensaiar, mesmo com harmonia bastante simples).
Só não compareceu tout condate por causa da chuva (o narrador disse que, se tivesse sol haveria muitos circunstantes).
Então, esteve maravilhoso?
Para mim, nem tanto. Pessimista ou o que queiram qualificar-me, parece que fico catando algo que sugira o contrário.
Estavam reunidos ali, muito compenetrados, representantes de países beligerantes, uns impondo condições aos outros e/ou negando-se a participar, tanto formalmente como efetivamente, de acordos que se pretende venham a beneficiar o mundo inteiro. Todos comemorando a paz. Em ambiente de maravilhas, contradições, concorrências a qualquer custo, protocolos formais escondendo antipatias ("quando um chefe gaulês encontra outro chefe gaulês, o protocolo tem de ser seguido", segundo Abracursix, o todo poderoso chefe da aldeia de Asterix, de Goscinny e Uderzo).
Impressionou-me mais o grand finale da fala do presidente Emmanuel Macron. Falou que o patriotismo opõe-se ao nacionalismo. E arrematou, de sem pulo: "Vive la France!".
Ficou-me a impressão de que ainda teremos muitos armistícios a comemorar.
Foto: Metrópoles.
https://www.metropoles.com/mundo/lideres-mundiais-se-reunem-em-ato-que-lembra-fim-da-1a-guerra-mundial
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