Nota do cadikim: Por via das dúvidas, fomos conferir o link da fala do Deputado Delegado Waldir. Assiti, agora, ao vídeo referido no texto.
Quem achar que deve saber quem é e o que fez o Sargento Brazinha, pode reportar-se a este mesmo cadikim, em "SARGENTO BRAZINHA" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2012/05/sargento-brazinha.html), crônica publicada em 27 de maio de 2012, quando me lembrei do fato por causa de idas e vindas políticas (o Brasil também se repete, uai!).
Muito bêbado, o Sargento Brazinha "interditou" uma boate, na zona boêmia, em Passos-MG, "causdequê" a dona do estabelecimento, considerando o lastimável estado de embriaguês do sargento, recusou-se a servir-lhe uma pinga; em face da ordem de interdição, madame resolveu servir a bebida e o Sargento Brasinha apressou-se a "desinterditar" a boate.
Então o fato repetiu-se? Não exatamente. Para mim, no mesmo diapasão, mas muito pior e em tom mais exasperado.
O Presidente da República achou de intervir (em bastidores, conforme relatos jornalísticos, mas tudo escrachado durante a briga que se formou depois), para colocar o Deputado Eduardo Bolsonaro na liderança do PSL na Câmara dos Deputados, (substituindo o Delegado Waldir, PSL-GO). Em represália, o Delegado Waldir contra-atacou e acabou se referindo ao Presidente da República como "vagabundo" e afirmando, alto e bom som, que vai "implodir" o Presidente, mostrar gravações que possui do mesmo (é só rodar na rede e ver muitos registros).
Olha que estou habituado a ver Deputados Federais e Senadores ofenderem-se mutuamente, via Embratel, em TV fechada (TV Câmara e TV Senado). Mas nunca vi nem ouvi tais referências ("vagabundo" e "vou implodir"), estando o outro ausente, dando ensejo às publicações na mídia. Também nunca vi uma autoridade mencionada como "vagabundo" quedar-se sem reação imediata. Aliás, aos oitenta anos de idade, nunca ouvira uma autoridade qualquer referir-se ao Presidente da República como "vagabundo", pela televisão.
Pois não é que, lista pra cá, lista pra lá, reuniões e xingamentos, parecia que voltara a ser tudo como antes no quartel de Abrantes? Eduardo Bolsonaro conduzido à liderança; Delegado Waldir, reconduzido em breve "dança de cadeiras", instado a falar sobre o que tem para implodir o Presidente, respondeu que "...nada é só questão de... é uma fala de emoção, né?... um momento de sentimento..." - declaração que, acontecida em Goiás, ficaria mais própria em canção com dupla sertaneja (http://g1.globo.com/globo-news/globo-news-em-pauta/videos/t/todos-os-videos/v/delegado-waldir-lider-do-psl-na-camara-volta-atras-apos-falar-em-implodir-bolsonaro/8012701/).
Idas e vindas, a briga continua na Justiça, bivaristas querendo suspender bolsonaristas. Não se sabe em que vai dar.
Relação com Antônio Carlos Magalhães? À época da intervenção no Banco Econômico, ACM ameaçou apenas dizer "quem era e o que faziam" diretores do Banco Central. Não passou disso.
Relação com o Sargento Brazinha?
A mim mais parece um bando de bêbados a quem se negou um gole de pinga.
Imagem: Recorte (edição) de imagem enviada ao YouTube por Hélio Reis, em 15/10/2019, em seu canal (https://www.youtube.com/channel/UCBmrC88BZ56Fq8qnWXDbFIQ)
31 de out. de 2019
10 de out. de 2019
MILLÔR EM PEDACINHOS
"Mas me inverto. Falo de fracassos quando queria falar de uma vitória. Há poucos meses, numa das primeiras reuniões do Conselho Superior de Censura, alguém teve o bom humor de me levar a sério quando declarei que um conselho de censura não pode ser superior. E propôs a mudança do nome do órgão censor. Ainda há, sem trocadilho, bom senso em Berlim."
Millôr Fernandes, em "Censura livre?", no livro "O MUNDO VISTO DAQUI", pág. 95.
A INTOLERÂNCIA NÃO ESTÁ SÓ DE UM LADO
Bandeiras dos países de língua oficial portuguesa |
Ainda como introito, digo que, em minhas lides militares, observava que, se o comandante gostava de determinada atividade, a unidade que comandava ia bem naquele quesito; se não gostava, ia do jeito que Deus provia. Costumava eu dizer que "comandante não tem gostar", tem de "pegar geral as atividades submetidas a seu comando".
Mas por quê e pra quê essa lereia toda?
Acontece que acordei com a notícia de que o Presidente da República disse que não assina (agora, pareceu-me) o diploma relativo ao Prêmio Camões de Literatura, outorgado a Chico Buarque de Hollanda. Assustei-me com que o Sr. Presidente entenda de ignorar o "chefe gaulês" da terra de Camões e mesmo a comissão mixta encarregada da outorga do prêmio que consagra autores da língua portuguesa, composta por representantes do Brasil (2), de Portugal (2), de Moçambique (1) e de Angola (1). Susceptibilidades e idiossincrasias à parte, vejo que cada vez mais as simpatias e antipatias políticas estão atravessando fronteiras da convivência (o facebook está cheio!). Nem vou discutir isto!
Mas o cadikim tem um título, pô! "A intolerância não está só de um lado".
Pois não é que, fuçando a rede para tentar entender o assunto, encontro: "Morrissey expulsa manifestantes de esquerda de seu show" (https://www.diariodocentrodomundo.com.br/entretenimento/morrissey-expulsa-manifestantes-de-esquerda-de-seu-show/). Ora direis: mas esse tal Morrissey é de direita, uai! Não é a mesma coisa? Não está do mesmo lado do Presidente?
Penso na contramão: o Presidente, de direita, abominando os artistas de esquerda, recusa o aperto de mão a Portugal, Moçambique e Angola, contrariando a máxima de Abracoursix. O artista - que pertence a uma classe que ordinariamente se alinha à esquerda - pode também ser um radical de direita e não só abominar a esquerda, mas agir de modo a expulsá-la de um espetáculo artístico.
Por fim, penso que o mundo poderia ficar um pouquinho menos ruim se Chico Buarque abstraísse a pessoa de Jair Messias Bolsonaro e fizesse baixar neste o Presidente da República, que representa a Nação que adora Chico e que o estaria homenageando.
É! Acho que vão ser necessárias muitas encarnações para que eu consiga inserir-me no contexto. Sou um "sem turma"!
Imagem: Biblioteca Nacional.
https://www.bn.gov.br/acontece/eventos/2017/06/divulgacao-vencedor-premio-camoes
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