26 de ago. de 2021

EXAGERO OU O NOSSO FUTEBOL (AINDA DECANTADO COMO "MELHOR DO MUNDO") TEM MOTIVOS PARA NÃO EMPLACAR O EXA?

Em verso e prosa o futebol brasileiro continua "o melhor futebol do mundo". Vários narradores e comentaristas falam isto.

No entanto, além dos cinco títulos de campeão, temos apenas dois títulos de vice: 1950 e 1998. Assim, desde 2002 a seleção brasileira não participa de finais da copa. São 23 anos, exceção apenas na final de 2002. E não tem título de campeão há 19 anos. Isso pode ser cabedal de "melhor do mundo" no presente?

Como temos mais de duzentos milhões de técnicos, acho que posso dar pitaco também. Gosto muito de assistir aos jogos mas não torço mais por qualquer clube. Não vejo seriedade. E raramente vejo jogos de qualidade real, porque, em sua maioria, são de medíocres para bons (se quiser assistir aos bons, tenho de assistir a todos). É claro que, entre tantos jogos, praticamente de segunda a segunda, seria impossível não termos alguns ótimos. Temos sim. Mesmo nesses ótimos vejo abuso de violência (penso que comentaristas incentivam quando narram que o zagueiro chegou "mostrando suas credenciais"), de "malandragem" (como os comentaristas gostam de "malandragem"!). Assim, temos de assistir a jogadores com o time vencendo chutarem a bola para longe do local da falta, comemorando gols fora do campo, gastando tempo com tapinhas no goleador; rolando no chão após uma falta, assistência médica entrando em campo e, logo em seguida, voltarem a campo correndo como "coelhinho de desenho animado" (expressão cunhada por Nelson Rodrigues); e todo tipo de embromação possível. A cobrança de uma falta e a reposição de bola são feitas conforme o "clima" (clima ou falta de interferem até em pedidos de impeachment). Estando vencendo, os jogadores retardam o que podem; perdendo, querem cobrar tudo rápido e protestam contra a demora do adversário (a mesma demora que praticam).

Para mim, chegou ao extremo: assisti ao jogo Grêmio x Flamengo, ontem. Uma exibição ótima do Fla, só no segundo tempo. Mas no momento do terceiro gol, Rodinei, de cabeça, Gabi Gol, substituído, entrou em campo para comemorar e abraçou o colega rolando ambos no chão, abraçados; os reservas do Flamengo saíram do banco e ficaram em linha paralela à lateral do campo.

Minha memória é rápida: lembrei-me, imediatamente, de "festivais" promovidos por times de várzea. Na ocasião - 1956 ou 1957 - as torcidas - amigos e parentes de atletas - compareciam aos jogos. Em maior quantidade nos ditos "festivais". E todos ficavam alinhados na "beirada" do campo. Estou falando dos campinhos muito precários em que participei de jogos.

Acho que os hábitos disciplinares de jogadores e torcida, modernamente, estão parelhos ou até piores do que os de antanho.

Pelo YouTube, vi momentos de um jogo do PSG, campeonato francês, estreia de Messi. Dois gols. Em ambos as comemorações foram dentro do campo e não consumiram muito tempo. E veja-se que não há obstáculos físicos para impedir a invasão de campos. O obstáculo é a Educação. Completamente diferente do que costumo ver nos jogos realizados por equipes brasileiras, no Brasil.





E a Fifa ainda quer no mínimo sessenta minutos de bola rolando. Pode esperar sentada...

Será que o cenário em vigor está contribuindo para a seleção brasileira voltar a pelo menos semifinais da Copa?


Imagem: Clube de Regatas do Flamengo.

https://www.facebook.com/FlamengoOficial/photos/

22 de ago. de 2021

DA IMPORTÂNCIA DA INDEFECTÍVEL TECNOLOGIA DO CU DE PINTO NA CONFECÇÃO DE BOLAS DE MEIA

Tomei quase uma carraspana (sentido nº 2 do Aulete DIGITAL, não passo nem perto do nº 1 há mais de 15 anos) do Cícero, meu irmão caçula. Postei, em algum lugar, uma bola de meia que fiz. Dora, mulher de Cícero, pulou na frente e pediu-me para fazer uma para a Heleninha, sua netinha. Adrani pulou logo em seguida, pedindo uma para a Cacá, sua neta. Não sei por que cargas dágua, o tema "bola de meia" intrometeu-se em uma conversa que tive com o Cícero, por telefone. Falou-me que a bola estava muito bonita e "coisa e loisa", como costuma dizer. Acabou sentenciando, peremptoriamente: mas tem um defeito, você não fez o cu de pinto. Poderei que a malha da meia que usei era mais grossa e que não tinha sido possível fazer o cu de pinto perfeito. Mas a tecnologia era a mesma. Além do mais, cu de pinto tem mais nada a ver. Nem será reconhecido. Disse-lhe que, década de 1970, alguém falara para mim que, em BH, havia muito menino com doze anos que nunca havia visto uma galinha andando. O que dirá cu de pinto! Essas crianças nunca tiveram a oportunidade de observar os movimentos ritmados de um cu de pinto, quase pura lascívia, apenas uma curiosidade, então. Quase me desculpei porque, afinal, o Cícero foi um moleque de responsa, sabia fazer papagaios que voavam o fino, fazia de tudo que é molecagem: brincava de "nego fugido", "bentealtas licença pra dois", "tico-tico fuzilado" (nesses dois últimos a bola de meia é peça fundamental), soltava papagaio correndo em cima de muro (certa vez, fraturou a perna, caindo do viaduto do Perrela), parece que passou por outras fraturas... e sabia fazer bola de meia muito bem. Com cu de pinto e tudo! Opinião das mais respeitáveis, portanto. Afirmativa da importância indefectível da tecnologia do cu de pinto na confecção de bolas de meia!

Já havia resolvido preparar outra bola de meia, essa para o Gabriel, irmãozinho da Heleninha. A da Cacá será a próxima.

Há alguns dias, mandei para a Heleninha e o Gabriel as bolas de meia. A última foi confeccionada com meia de um tecido sintético, mais fino e leve, o que permitiu a caracterização do cu de pinto, tendo o Cícero reconhecido. Com a ressalva de que o cu de pinto da bola do Gabriel - a marrom - ficou mais bem caracterizada na outra extremidade (o besta do fotógrafo não chegou a tanto).










3 de ago. de 2021

GALINHOS DE BRIGA NO FUTEBOL

Vejo o futebol brasileiro cheio de vícios - hábitos de jogadores que considero negativos.
Um deles é jogadores se encararem, às vezes até juntando as testas, agressivamente mas sem partir para os finalmentes.

Hoje, no jogo México x Brasil, aconteceu entre Douglas Luiz e Lainez. Uma jogada confusa, não os envolvendo, deu origem a um desentendimento, com os dois encarando-se. O juiz limitou-se a advertir, nem amarelo. Pouco depois, Richarlison toma as dores de um colega empurrado por um mexicano e, então, o entrevero foi maior, tendo ficado difícil separar vários jogadores que se envolveram.

Quem assiste futebol brasileiro deve ter visto muitas vezes esse tipo de encarada (Douglas Luiz x Lainez). Assisti a vários jogos da Eurocopa e não vi.

Penso que é altamente negativo para o futebol, embora haja pessoas que gostam muito. Como evitar?

Penso que se o juiz do jogo comentado tivesse chegado firmemente para os dois galinhos de briga, com o cartão vermellho - vão brigar lá fora! - não teria havido o segundo entrevero.

Para mim, melhor do que ficar vendo coisas em campo, completamente alheias ao futebol.