É claro que não fiquei estarrecido. O fato é estarrecedor? Poderia ser se pudéssemos considerar que o nível político a que estamos acostumados não é muito baixo.
Pois não é que o senador Jorginho dirigiu-se asperamente ao senador Renan, xingando-o de "vagabundo", "picareta" e "ladrão", tudo via Embratel e ao vivo? Renan não se fez de rogado: como a Constituição Federal assegura inviolabilidade civil e penal dos deputados e senadores, por "...quaisquer de suas opiniões, palavras e votos" (art. 53), nem se abespinhou por ter sido qualificado com adjetivos tão chulos. E nem se deu o trabalho de verificar se o pronunciamento do senador Jorginho poderia ser considerado abusivo, incidindo em "abuso da prerrogativa" e consequentemente, quebra de decoro parlamentar (art. 55, § 1º da Constituição Federal). Preferiu rebater de sem-pulo, mimoseando o "adversário político" com os mesmos predicados: picareta e ladrão é você (nem o tratou por Vossa Excelência, como reza o protocolo).
Sou renitente em não admitir que haja políticos honestos. Pois se Jesus Cristo bradou "quem dentre vós não tiver pecado atire a primeira pedra" (situação que, por ser tão ampla, geral e irrestrita, até deu samba), como é que eu vou acreditar que todo mundo é bonitinho?
Mas não fica só por aí: um senador governista e um oposicionista, um com longa estrada parlamentar, o outro na praia há pelo menos dez anos, provavelmente pensando de modos diversos sobre "política", que deveria ser a arte de governar a polis e coisa e tal... Devem conhecer-se. E devem conhecer os entornos de cada um. E usam o que chamo de "licenciosidade constitucional" para externarem seus mais recônditos sentimentos, um relativamente ao outro.
E vão querer que eu acredite que o parlamento é bacaninha? Eu, hein?
Nenhum comentário:
Postar um comentário