Leituras de Mitologia grega ensinam soluções em que não costumamos pensar. Vejamos um episódio.
Pã, o deus dos campos, certa vez "...teve a temeridade de comparar sua música à de Apolo, e de desafiar o deus para uma competição. O desafio foi aceito, e Tmolo, o deus das montanhas, foi escolhido para árbitro.
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Empolgado com a harmonia, Tmolo imediatamente concedeu a vitória ao deus da lira, e todos concordaram com o julgamento,
menos Midas, que discordou e pôs em dúvida a justiça do prêmio. Apolo não tolerou que um par de orelhas de tão depravados ouvidos continuasse a ter a forma humana, e fê-las aumentar de tamanho, tornarem-se peludas, por dentro e por fora, e adquirirem movimento próprio; em suma: tornaram-se perfeitamente iguais às orelhas de um burro.
O Rei Midas sentiu-se bastante mortificado com a deformação, mas consolou-se, lembrando-se de que era possível esconder o infortúnio, o que tentou, por meio de um amplo turbante. O cabelereiro, porém, ficou, evidentemente, a par o segredo. Teve ordem de não o revelar, sendo ameaçado de terrível castigo se se atrevesse a desobedecer. Verificou, porém, que era demais para sua discrição guardar o segredo; e, assim, foi ao campo, abriu um buraco no chão, e, abaixando-se, contou o caso, em voz baixa, e tampou o buraco. Pouco depois, crescia no local uma touceira de juncos que, logo que atingiu certo tamanho, começou a contar o caso em sussurro, e assim faz até hoje, todas as vezes que a brisa sopra sobre o local."
Fonte e imagem: O Livro de Ouro da Mitologia, Thomas Bulfinch (1796-1867), pág. 58.