A propósito das insistentes referências a fraudes em urnas eletrônicas, com defesa do retorno ao "voto impresso", resolvi dar pitaco.
Começo transcrevendo Nietzsche, do livro de sua autoria "Sobre a Verdade e a Mentira":
"...a legislação da linguagem fornece também as primeiras leis da verdade: pois aparece, aqui, pela primeira vez, o contraste entre verdade e mentira; o mentiroso serve-se das designações válidas, as palavras, para fazer o imaginário surgir como efetivo; ele diz, por exemplo, 'sou rico', quando para seu estado justamente 'pobre' seria a designação mais acertada. Ele abusa das convenções consolidadas por meio de trocas arbitrárias ou inversões dos nomes, inclusive".
Não cabe discutir aqui se há provas ou não da falta de garantias de certeza quanto às urnas eletrônicas. Pretende-se discutir, preferencialmente, a garantia de certeza quanto ao comportamento dos homens. Não foi por outro motivo que o cadikim manifestou-se inconformado com as propostas de reforma política (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2016/06/reforma-politica-eu-hein.html): melhor reformar os políticos.
Dona História conta-nos muito sobre fraudes nos vários aspectos da administração pública. É claro que fraudes pululam também na vida privada. O tema, no momento, é a Administração Pública.
Dona História conta-nos muito sobre fraudes nos vários aspectos da administração pública. É claro que fraudes pululam também na vida privada. O tema, no momento, é a Administração Pública.
Vou referir-me a apenas dois casos.
Atuei como escrutinador em mais de uma eleição, em Uberlândia. As cédulas passavam pelas mãos de pessoas. Vi muita reclamação - quase tumulto - de que algum mesário adulterara uma cédula entregue pelo eleitor, "em branco", fazendo um "x" na quadrícula correspondente ao voto. Não presenciei qualquer fato como esse. Mas uso a referência apenas para demonstrar que não havia confiança no sistema.
No outro caso, atuava como Comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, em Patos de Minas. Em Unaí - então área de responsabilidade da citada Unidade, estive reunido com o Juiz de Direito da Comarca, o Prefeito e a esposa deste - Advogada - sobre diretrizes para a próxima eleição. A Advogada perguntou ao Juiz como seria feita a segurança das urnas. O Juiz respondeu que haveria um PM para cada urna. A Advogada disse mais ou menos o seguinte: "quero um PM dentro de cada urna porque, se sumir urna, como sumiu em eleição passada, sumirá também o PM".
Vê-se que a confiança que se tem na Administração Pública está no mesmo patamar da confiança que se tem nas pessoas. Muito baixo.
Penso que qualquer sistema, para qualquer finalidade, só funcionará com perfeição se for operado por seres humanos absolutamente comprometidos com a verdade verdadeira.
Como isto tem-se mostrado muito raro, o homem apendeu a fabricar máquinas que realizam a mesma tarefa, em muito menos tempo. Máquinas que cada vez mais substituem a mão-de-obra humana. Só que essas maquinas precisam ser programadas por seres humanos.
Termino dizendo que, depois de longos anos reclamando de juízes de futebol, para justificar atuações deficientes, o ser humano passou a não confiar nem no VAR.
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