Celina Blanco Hermes era irmã de Billy Blanco (William Blanco Trindade), compositor e cantor, um de meus preferidos. Contou-me ele - no livro de sua autoria "Tirando de Letra e Música", Editora Record - que Celina era poeta. Recusava-se a publicar seus poemas, alegando que só produzia para uso doméstico. Assim relatou Billy Blanco, páginas 122/123:
"Minha saudosa e querida irmã Celina Blanco Hermes, grande pessoa, grande mãe, amiga perfeita, era poeta das melhores, mas em regime fechado. Só para uso interno. A duras penas, consegui que me entregasse uma letra puxada ao lado hilário da vida doméstica, a qual musiquei. A condição para ir ao disco era ela não aparecer, o que foi devidamente respeitado, neste desabafo maternal que só mesmo uma inteligência privilegiada de uma mulher sensível poderia extravasar, dizendo assim:...".
E mandou a letra em seguida. Melhor que ler será ouvir na voz de Inezita Barroso.
Nota do cadikim: em publicações que se dedicam a divulgar músicas, é comum aparecer, junto com o título, o nome de quem canta. No caso, "letras" publica a letra junto com o nome de Inezita. No YouTube (vale a pena ouvir em https://www.youtube.com/watch?v=R8iHGlsbxPY&t=95s), são citados os nomes de Billy Blanco e de Celina Blanco Hermes, ano de 1956. Já naquela época, alguém se preocupava com o "papel social da mulher". Aproveitando o embalo, rendo homenagem a Billy Blanco que, pela mesma época, espalhava na praça um samba antirracista: "A Banca do Distinto". Quem quiser poderá ouvir com Dolores Duran, em https://www.youtube.com/watch?v=o6o9PJXTFn8. Grande compositora negra e pivô da música, falou para o amigo Billy do comportamento de um "distinto" que frequentava o restaurante aonde ela se apresentava.