31 de jan. de 2012

CIDADANIA TEM LINGUAGEM PRÓPRIA

Há muitos anos (e põe muitos nisto), um colega, quando contava um caso de um exame médico,disse: "... aí, o médico colocou aquele escutadorzinho..." e logo foi "ataiado": "escutadorzinho"? Ao que o colega redarguiu (bacaninha redarguiu, né?), corrigindo-se, convicto: "auscultadorzinho"! Não estudávamos medicina. Logo, não achamos mais do que engraçado o embaraço do colega. Só isto.
Hoje, com a tv ligada no Mais Você, da Ana Maria Braga (assisto sim, uai! Mas sou mais o Louro José), ouvi-a falando de deputado flagrado dirigindo alcoolizado, de acidentes, e, como não poderia deixar de ser, de mudanças na legislação (a panacéia para os problemas do Brasil: tudo pode ser resolvido através de uma lei nova). Disse a Ana Maria que já havia uma iniciativa popular e que eram necessárias um milhão de assinaturas, que poderiam ser dadas pela internet. Indicou o endereço e advertiu: "Mas você terá de ter à mão aquela 'carteirinha de votação', para informar a zona e a seção em que vota...". Pois é: cidadania tem linguagem própria. Quando se fala em Título de Eleitor, com maiúsculas e tudo, tem-se a impressão de que a gente interfere, de verdade, nos destinos do país. Parece que a gente vota em uma pessoa que irá fazer exatamente o que a gente deseja (e que ele prometeu, em campanha, angariando votos). Como as promessas não são cumpridas, como as mágicas mirabolantes não são feitas, fico pensando que "carteirinha de votação" é uma linguagem mais consentânea com a verdadeira finalidade do documento: permitir que a gente vote, sem compromisso com as conseqüencias desejadas pelo "votador" (mais apropriado do que eleitor, não é?). Na verdade, a Ana Maria Braga, de propósito ou não, conseguiu reduzir o Título de Eleitor à sua verdadeira expressão prática: "carteirinha de votação".














Um comentário:

Raíssa Christófaro disse...

eu acho que a gente não interfere porque não quer. acredito na força e no poder do povo. só falta o 'povo' descobrir isso.