12 de mar. de 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA DEU PASSAGENS DE AVIÃO PARA CÔNJUGES. O POVO ESTRILOU. O PRESIDENTE VOLTOU ATRÁS (DEIXANDO UMA PORTA ABERTA) E DISSE QUE É PRECISO GUIAR-SE PELO POVO. "PODEMOS FAZER DE OUTRA MANEIRA? SIM, PODEMOS FAZER DE OUTRA MANEIRA" (PROFESSOR CARMINDO)

11021134_784597331625455_8532126966597640384_nFoi preciso encompridar o título. Vai assim mesmo. Professor Carmindo deu-me aulas de matemática e, principalmente, de tomada de decisões (sem que isto figurasse no pacote). Curso de Formação de Oficiais da PMMG, entre 1959 e 1962. Poucos foram tão didáticos. Não ensinava a decorar fórmulas. Ensinava a deduzi-las. Se a gente esquecesse, na prova, era capaz de formular. "Desenhava" um teorema em meio quadro, de modo organizado e limpo. Baixinho, virava-se para a turma e, falando muito baixo, perguntava: "Podemos fazer de outra maneira?". Respondia, ele mesmo, escandindo as palavras: "Sim. Podemos fazer de outra maneira". Na metade do quadro que sobrara, demonstrava a mesma coisa, de outro modo. Assim, aprendi que, em qualquer decisão que devesse tomar, deveria fazer-me a mesma pergunta que nos fazia o Professor Carmindo (percebi isto bem mais tarde). Busca de mais de uma alternativa.
Ora direis: mas o que é que tem o presidente da Câmara de Deputados com isto?
Todo mundo sabe que o presidente achou de "outorgar" direito a passagens aéreas para cônjuges de deputados. Um despautério! Dez deputados do PPS renunciaram, oficialmente ao benefício (ampliar imagem). Quanto à atitude de demais, nada sei. Os meios de comunicação estrilaram, o povo também. Vai daí que o tal presidente revogou o ato, não sem deixar uma porta aberta, para "casos excepcionais" (circunstância que ficaria, sempre, ao alvedrio do presidente ou da mesa, podendo, no frigir dos ovos, ficar mantida a benesse). Como "bônus", o presidente declarou que resolvera acompanhar a opinião pública, que deve sempre ser ouvida. Coisa por aí.
Volto ao Professor Carmindo: poderia o presidente ter feito de outra maneira? Ouvir a opinião pública antes de praticar o ato (fazem pesquisa para eleição, fazem pesquisa para medir índice de popularidade...). Por que não fazer pesquisa para orientar decisão em um trem tão besta como distribuir passagens de avião para quem presta nenhum serviço parlamentar? Simplesmente porque, se tivesse feito pesquisa, a resposta teria sido, inevitavelmente, negativa, que nem tão trouxa assim é o povo. O presidente preferiu experimentar cerca: se colar, colou. Autêntico cara de pau!


Imagem: Blog do Ronaldo Rocha.
http://blogdoronaldorocha.com.br/2015/03/deputados-do-pps-abrem-mao-de-passagens-aereas-para-conjuges/

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