24 de fev. de 2018

REFORMA DA PREVIDÊNCIA II

Ora direis: mas a reforma da previdência já foi pra cucuia!
Alguém acha, mesmo, que Temer vai desistir da ideia? Está escondido atrás da intervenção, esperando apenas um cochilo para voltar à tentativa de aprovação. Ou alguém acha que Temer segurou a ex-ministra que deixou de ser sem nunca ter sido, durante quase dois meses, pelos belos olhos do Roberto Jefferson? Pior: que Temer dispôs-se, por coisa pouca, a negociar um cargo de ministro por um punhado de votos a favor da reforma, com o presidente do PTB, mesmo enrolado, condenado e cassado, por conta do mensalão? E acha que esse rebaixamento da nota do Brasil para bb- não será usado como argumento, pela necessidade de recuperar o prestígio internacional?
Não! Definitivamente, Temer não desistiu da ideia de reformar a previdência.
Coloco uma questão, que considero fundamental: quem, do alto de seus arroubos de consertar o Brasil tem moral para falar em uma estratégia tão violenta, que atinge a massa dos brasileiros? Chegam mansos, falando que estarão é acabando com os privilégios. Engambelos!
Esta pergunta ("quem tem moral?"), para ser respondida, precisa andar por vários e tortuosos caminhos: uma mala com 500 mil; uma mala com 2 milhões; várias malas com 51 milhões; várias devoluções de grandes somas por denunciados; devoluções por empresas envolvidas; uma denúncia por corrupção afastada por estratégias políticas e orçamentárias; uma referência explícita feita pelo General Augusto Heleno ao presidente da República, via Embratel, no programa Painel, na semana passada ("um país aonde a sua classe política derrete o país com a corrupção, começando pela cúpula do país, começando pelo presidente da República, cê acha que o homem que tá lá na ponta da linha, sendo mal pago, em péssimas condições de trabalho, mal armado, mal equipado, é fácil convencer esse sujeito de não ceder a determinadas tentações, errada, injustificada, mas é fácil num país onde os exemplos são péssimos...?"); nenhuma atitude do presidente da República, seja pelo menos envolvendo o direito de resposta (dá para responder?), cabendo até medida judicial.
Mas não fica por aí. Notícias de que a previdência não é deficitária; necessidade de combater a sonegação ao sistema previdenciário; cobrar os grandes devedores da previdência; uma CPI da Previdência conclui que não há déficit (é claro que é preciso ir fundo nas investigações, para confirmar); Paim vai na mesma direção, fala a DRU abocanha 20% das receitas da Previdência Social, e que, além das contribuições de trabalhadores, a Previdência tem outras fontes de receita. A tudo isso (que não posso confirmar) acrescento que não li uma linha sequer dizendo que é mentira, que quem anda divulgando isso por aí não tem compromisso com a Nação. Aliás, ouvi, sim, um dos arautos da reforma dizer dessa falta de compromisso, mas sem qualquer justificativa palatável, nem negativa das afirmações aqui citadas. Acrescento, também, a existência de dívidas vultosas dos clubes de futebol (na grama rola muita grana) para com a Previdência, dívida essa alongada pelo governo (não me interessa de que partido, quando começou, etc.). Acho que essas condescendências com clubes de futebol e com empresas são um dos fatores que devem ser considerados em um estudo sobre as condições da Previdência. Há também, ainda no setor previdenciários, déficits bilionários em fundos de pensão estatais. É matéria fácil de encontrar pela rede. Mas estou vendo minha irmã, com 88 anos de idade, pagando mais do que deveria, por fraude apontada na FUNCEF.
Então, repito, não haverá base moral para essa reforma, se todas essas questões não forem "muito bem explicadinhas, em seus mínimos detalhes". Afinal, essas pessoas que estão aí no governo têm muito tempo de casa e conviveram com todas essas questões, sem resolvê-las.
É preciso que expliquem tim-tim por tim-tim.

Pessoal: é claro que sei que a CPI da Previdência foi presidida por senador do PT; é claro que a oposição tem interesse em desmanchar os argumentos do governo (afinal, todas as oposições operam assim).
Não tenho cor partidária e só me envolvo com política. Entendo que todos os argumentos contrários devem ser discutidos à luz do dia.

Imagem: Paulo Paim Senador.
http://www.senadorpaim.com.br/noticias/noticia/7044

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