28 de jul. de 2019

DAS DIFICULDADES PARA INTERROGAR

Há certas horas em que o respeito pelos direitos do preso balançam muito. Não adianta esconder. Isto porque o interrogante tem limites que nem sempre são humanamente fáceis de observar; e o interrogado só tem direitos, principalmente o de mentir e o de ficar calado. Pode comportar-se como quiser. A condição de preso garante sua incolumidade, pelo menos em tese.
Ora direis:
- Então, estar a defender os marginais?
Nada disto. O que me importa, agora, é assinalar uma situação incidente no caso da prisão de "raqueadores" de autoridades, situação essa que me remete a uma dificuldade que meu irmão mais velho impôs a Dona Ephigenia.
Um dos "raqueadores" - não chego a detalhes porque não interferem - um deles, então, tendo afirmado que não exercia a atividade com vantagem financeira, explicou que o dinheiro que foi encontrado com ele era produto de aplicações financeiras. Perguntado como conseguia dinheiro para fazer aplicações financeiras, disse que não sabia. Assim é que está sendo comunicado nos diversos programas televisivos.
O que isto tem a ver com as dificuldades de Dona Ephigenia, é o que tento explicar.
Meu irmão mais velho - Marco Aurélio - chegou em casa às sete da noite, no primeiro dia de aula, no grupo escolar. Ah! Naquele tempo não tinha essa de mamãe levar e buscar, papai levar e buscar... O mundo era bastante outro.
Dona Ephigenia iniciou o interrogatório:
- Por que você está chegando agora?
- Eu fui na casa da tia Neném.
- Não! Você não foi na casa da tia Neném! Mandei ver lá e você nada.
- Então, fui na casa do tio Zezé.
- Também não. Mandei verificar e você não foi na casa do tio Zezé.
- Ah! Então eu fui na...
- Não! Também não foi, porque eu mandei ver...
- Ah! Então eu não sei aonde que eu fui, não.
Acho necessária uma alta quantidade de auto controle para respeitar, nos mínimos limites os direitos a incolumidade.
Uni-duni-tê...
Depois de crescidinho, Marco Aurélio acabou informando que estivera montando cavalo em pelo, em um pastinho que havia pelo caminho (naquele tempo isso era realmente possível).


Imagem: YouTube (captura em vídeo).
https://www.youtube.com/watch?v=nkKLCZqVPJ8

25 de jul. de 2019

SER O PRIMEIRO / SER O MELHOR


A competição que se estabelece em todas as atividades impõe o desejo e até mesmo a grande necessidade de ser o primeiro.
Nem sempre isso implica em ser o melhor. A questão parece-me muito mais de realce da prioridade na chegada do que de qualidade.
Temos tido manifestações disto no futebol: ganhar, mesmo jogando mal. Em outras atividades acontecem similitudes.
Vai daí que a publicidade está cheia de apelos alardeando as possibilidades que um produto ou serviço tem de levar o consumidor a "ser o primeiro".
A imagem conta.



A IMAGEM DE UMA NAÇÃO DEVEDORA

Manhã de domingo, chegando de São Paulo, paramos em uma padaria, para tomar café e comer alguma coisa. Na véspera, o Cruzeiro havia empatado com o Atlético e sagrara-se campeão mineiro, vitorioso que fora no primeiro jogo da final.
Um desconhecido chegou, vestido de cruzeirense, trazendo um carrinho de bebê.
Brinquei com ele:
- Está com tudo, hein?Campeão mineiro...
Empavonou-se:
- Zerôôôôôôôôôôôô!!!!!
Provoquei:
- Agora, não sei como é que vocês irão fazer com aquela dívida de mais de meio bilhão...
Não se fez de rogado:
- O que é que tem? Todo mundo deve! Nada demais estar devendo, uai! Todo mundo deve!
Debruçou-se sobre o carrinho e falou para a garotinha:
- Todo mundo deve! Não é, neném? Menos você!
Enfático, arrematou de sem-pulo:
Ainda, né?

Imagem: Estadão - Radar Imobiliário.
https://economia.estadao.com.br/blogs/radar-imobiliario/condominios-vao-menos-a-justica-para-quitar-dividas/

18 de jul. de 2019

NAS LETRAS DE NOSSAS CANÇÕES - SEU LIBÓRIO




"O seu Libório é quem manda.
Ah! Como o Libório é feliz."




Alberto Ribeiro (1902 - 1971) e
João de Barro - o Braguinha (1907 - 2006)








Alberto Ribeiro e João de Barro em "Seu Libório".


Vassourinha
(Mario Ramos de Oliveira)
*16/5/1923 - São Paulo
+3/8/1942 - São Paulo




Para ouvir com Vassourinha: YouTube.
https://www.youtube.com/watch?v=BhPDPinMurI

Imagens: PORTAL DO LUIZ NASSIF.
https://blogln.ning.com/profiles/blogs/mem-ria-mpb-alberto-ribeiro

https://blogln.ning.com/profiles/blogs/mem-ria-mpb-vassourinha


PATRIC MERECEU MUITO AQUELE GOL

Relutei muito em trazer meus pensamentos para o cadikim. Não gostei de muita coisa que vi, do lado do Cruzeiro, e isto pode ser interpretado como militância no Galo. Não é, posso assegurar.
Acho que o Cruzeiro desmereceu os 3 x 0 que conseguira na semana anterior. Naquela oportunidade, jogara muito bem, uma defesa muito segura e ataques eficientes. Mas faço uma ressalva: só o primeiro gol (maravilha!), de Pedro Rocha, foi resultado de uma boa jogada do Cruzeiro. Os outros dois decorreram de erros cruciais do Atlético. No primeiro caso, Rever fez um passe errado para José Welison, que não alcançou a bola. Pedro Rocha aproveitou-se e preparou o gol de Tiago Neves. No outro, Elias tentou um drible desnecessário, na saída de bola, perto da área. A bola acabou sobrando para Robinho que aproveitou bem na segunda tentativa. Dois gols quase dados de presente. No entanto, o jogo transcorreu em ótimo clima disciplinar, sem um cartão amarelo sequer - o que chamou a atenção, por ser inusitado em clássico.
Ontem, não posso dizer que o Cruzeiro jogou mal, porque acho que não quis jogar. Preferiu tumultuar. Quando do gol anulado, do Cruzeiro, Pedro Rocha tirou a camisa e foi mostrá-la à torcida do Atlético, em indesejável provocação. Iniciou-se uma confusão. David e Alerrandro desentenderam-se e acabaram expulsos. Em outra oportunidade, em um lance envolvendo Fred e Jair, Patric meteu-se no meio dos dois, para separá-los. Conseguiu afastar Jair. Mas Fred seguiu fazendo gestos de "chamar para a briga", com a mão, no que me pareceu provocar Jair para uma possível expulsão.
No mais, o Cruzeiro omitiu-se no jogo e preferiu aproveitar cada falta, cada lateral, para engordar tempo. Para mim, acovardou-se, apequenou-se evitando o jogo. Nada daquele time dos 3 x 0. Quando Orejuela se preparava para cobrar um lateral, perto da área técnica do Cruzeiro, Mano Menezes chegou ao absurdo de, segurando-o pelo braço, fazê-lo suspender a cobrança, para "dar-lhe instruções". Muito feio! Tudo na cara do juiz que, para mim, continua sendo desrespeitado, sem reagir.
Ora direis: mas o que é que o Patric tem a ver com tudo isso?
Vejo em Patric um jogador limitado tecnicamente. Mas é dotado de uma enorme
força de vontade e de capacidade para dedicar-se, atributo muito pouco encontradiço por aí. Vejo nele até evolução técnica, prevalecendo entretanto a dedicação física, que é muito superior às dos demais, de um lado e de outro. Seu empenho para o sucesso do galo chega a ser emocionante. Não fica por aí. Quando houve um entrevero entre Fred e Jair, interveio para afastar Jair. Não me pareceu um pacificador mas um estrategista. Foi como se tivesse dito: "não entra na pilha do Fred não, cara! é o que ele quer! nós precisamos é de ganhar este jogo! então, vamos jogar!". Foi o que senti.
Por tudo o que fez ontem e mais pelo que tenho observado de evolução, Patric mereceu demais aquele golaço.
Quanto ao Cruzeiro, penso, sub censura, como gostam os juristas, penso que poderia ter-se classificado com mais dignidade.


Imagens: Congeladas de vídeo de globo.com - ge - PREMIERE.
https://globoesporte.globo.com/mg/futebol/copa-do-brasil/jogo/17-07-2019/atletico-mg-cruzeiro.ghtml

17 de jul. de 2019

EM BAIXO DO VIADUTO



Parece-me que moram em baixo do viaduto, além do frio, da fome, da doença, do vício, etc., o desencanto até de quem não mora lá.
Foi o que me ocorreu quando, há alguns dias, transitei por passagem inferior de um viaduto na cidade de São Paulo, na Avenida Rebouças.




15 de jul. de 2019

A CAPACIDADE QUE TEM O FUTEBOL DE AVACARLHAR-SE. RECLAMA-SE ATÉ DO VAR!

Não me importa o título de campeão da copa América. Importa-me - e muito - que não me agrada ver a falta de disciplina que assola o futebol. Sei que muita gente gosta. Mas tenho pensado que a falta de disciplina concorre para a redução da qualidade de cada espetáculo.
Ontem, no jogo Chapecoense x Atlético Mineiro, o juiz teve de prolongar o jogo por dez minutos, coisa que não se via antes do VAR e que, depois dele, ficou rotina.
Não conheço os protocolos do VAR, nem no volei nem no futebol. No volei, é jogo rápido. Já no futebol...
Primeiro, o juiz entabula uma longa conversa com o árbitro de VAR. Discutem, discutem... e, depois de cerca de um longo papo, o juiz resolve ir ver a imagem (várias vezes o narrador pergunta: "por que não foi logo?"). Ir e voltar costuma demorar menos do que o papo. A verificação também não é muito demorada. O juiz retorna, faz aquele sinal cabalístico de um retângulo e decide. Aí é que a porca torce a respeitável caudinha: os jogadores - do time contra quem o juiz decidiu - cercam-no e passam a reclamar, às vezes com atitudes até desrespeitosas. E o tempo correndo...
D'Alessandro, do Internacional, é dos mais "entusiasmados"
para peitar juiz.
Mas a coisa não fica por aí. Enquanto está discutindo com o árbitro de VAR, o juiz faz sinal para que os jogadores mantenham distância. Bobagem! É claro que não se afastam. Quem se afasta é o juiz, que vai recuando, recuando... sempre com o sinal para que se afastem. Acho enormemente contrangedor. Pressionam o juiz o mais que podem, sem que este se decida pelo vermelho. O máximo que vi, ontem, foi um amarelo. E o amarelado ainda voltou ao juiz, para reclamar. Sabia que não veria o vermelho.
Meu sonho, já declarado aqui no cadikim, é ver um jogo terminar prematuramente, por insuficiência de número de jogadores (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2017/11/achei-que-o-juiz-iria-realizar-meu-sonho.html). Acho que não o verei realizado. Pode ser pessimismo, velhice ou outra maldade qualquer, mas vejo o futebol descendo ladeira.
Antigamente (nem tanto), os comentaristas reclamavam que os equipamentos eletrônicos de revisão já eram utilizados em vários esportes e que a FIFA não autorizava para o futebol. Argumentavam que o uso da tecnologia iria pelo menos reduzir as polêmicas.
Qual! Acho que, no futebol, os administradores, treinadores, jogadores juízes, etc. gostam mesmo é de polêmica.

Imagem: BRANDBOLA.
http://brandbola.com/2019/04/22/var-o-vilao-do-bem-por-felipe-blanco/

12 de jul. de 2019

NAS LETRAS DE NOSSAS CANÇÕES - SEMPRE NO MEU CORAÇÃO



"E se nunca mais voltares
pra ter fim os meu pesares
guardarei teu vulto então
dentro do meu coração."



Ernesto Lecuona





Ernesto Lecuona (melodia) e Kim Gannon (letra), em "Sempre no meu coração" ("Always in my heart").




J. Kimball “Kim” Gannon '24 wrote "I'll Be Home for Christmas"
"Kim" Gannon




Para ouvir com Anísio Silva:
YouTube.


Para ouvir com Francisco Petrônio:
YouTube.







11 de jul. de 2019

TRÂNSITO: ACHO QUE O DIAGNÓSTICO É SÓ VIRTUAL

Mania que tenho de remar contra a corrente. Ouço, há muito tempo, que a velocidade é a maior causa de acidentes no trânsito. Discordo. Pode ser até que o excesso de velocidade esteja presente na grande maioria dos acidentes de trânsito. Não significa que seja a causa de todos.
Explico: você bate a 100 km/h. Digo-lhe que, se estivesse dirigindo a 80, não teria batido. Como resposta, recebo o argumento de que também não teria batido se estivesse a 120. Apressadinhos dirão que faço a apologia da velocidade. Nada disto. Faço apenas exercício de lógica. Para tanto, socorro-me do artigo 13 do Código Penal, aonde se lê:


"Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido".

Ora! Naquele momento em que coincidiam as passagens de dois veículos pelo mesmo ponto, o fator velocidade nada tinha a ver como causa. Fosse menor a velocidade, ou maior, de um deles, ou dos dois, a ocupação de um mesmo ponto, resultando em colisão, não teria ocorrido, salvo pelo fator coincidência.
A velocidade pode ser uma causa das conseqüências do acidente, mais graves ou menos graves. Mas não a causa do acidente.
Resulta que, se o seu diagnóstico vai só no sentido de considerar a velocidade como causa, irá atacar, como moderadora, medida que não alteraria significativamente o panorama do trânsito. Ou - e acho que é o que acontece - iria atacar apenas aquelas que se pode punir com mais facilidade.
Acordei, hoje, com a notícia de que multas por excesso de velocidade são as mais aplicadas em Minas Gerais, em 2018 (G1 - https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/11/multas-por-excesso-de-velocidade-sao-as-mais-aplicadas-em-2018-em-mg.ghtml). Vou em busca de estatísticas. Vejo que há controvérsias. O R7 (https://noticias.r7.com/minas-gerais/balanco-geral-mg/videos/avanco-de-sinal-e-a-infracao-de-transito-mais-praticada-por-mineiros-28012017) informa-me que "avanço de sinal é a infração de trânsito mais praticada por mineiros". Encontro informações estatísticas de fonte oficial:

Observe-se que "avançar semaforo com fiscalização eletrônica"
corresponde a 19,32% da soma das infrações em velocidade.


Avançar sinal vermelho, em Uberlândia, correspondeu a 38,14% da soma
das infrações em velocidade, em 2017. Em 2018, embora avançar
sinal vermelho tivesse incidência de quase metade do ano anterior,
correspondeu a 27,23% dos excessos de velocidade.

Com as informações estatísticas, fica parecendo que a infração mais freqüente é, de fato, o abuso da velocidade.
Como é que se faz o controle de cada um desses modos de infração?
É notório que a fiscalização humana é muito rara e que pouco alcança qualquer desses dois tipos de infração. A simples referência a "fiscalização eletrônica", quanto a avanço de sinal, remete-nos a todos aos tais "pardais" - instrumentos eletrônicos de controle de velocidade. Sobre "transitar em velocidade acima da máxima em até 20%" e "velocidade superior à máxima permitida de 20% a 50%" indica-nos que a fiscalização não é feita por olho humano.
E como isto é feito em Minas Gerais?
Em viagens de Patos de Minas a Belo Horizonte, antes de ingressar na 262, encontramos um número muito grande de instrumentos eletrônicos para fiscalização de velocidade. Muitas pessoas criticam a distribuição e as localizações desses equipamentos. Um deles é colocado de modo a "pegar geral": após uma descida com cerca de 300 metros, acessando uma rotatória, o "pardal" está após a entrada da rotatória. Quem não conhece não escapa mesmo. Se estivesse antes da rotatória, na descida, estaria ali para prevenir cuidado a quem estivesse para acessar o trevo.
Há muitas referências a excesso de fiscalização eletrônica, em Minas Gerais.
Disso tudo resulta que há mais registros eletrônicos de excesso de velocidade do que de avanço de semáforos. Estes são mais encontradiços nas vias urbanas, com câmeras (não são muitas as cidades). Nas rodovias, chamam a atenção para uma velocidade máxima de passsagem. São explícitos.
Tenho pensado, há muito, que, se o Estado tem os valores de arrecadações de multas de trânsito como elemento significativo de seus orçamentos, não terá interesse em melhorar as condições de circulação. Estará matando sua galinha dos ovos de ouro.
Mas vamos falar mais de como trata a velocidade: não será uma maldade muito grande o Estado (União, Estados, Municípios) permitirem a fabricação de veículos que atingem 250 Km/h, arrecadarem tributos incidentes sobre a fabricação e a comercialização desses veículos, e multarem-me a 120? E não será um contrasenso essas mesmas entidades públicas permitirem a veiculação de peças publicitárias que realçam a potência, a velocidade (fingindo que não) e a capacidade para manobras arriscadas (há cenas de derrapagens de quase 180º), arrecadarem impostos sobre a produção publicitária e sobre sua veiculação, e multarem-me a 120?
Acho que dá o que pensar.