21 de ago. de 2020

FUNCIONÁRIOS FANTASMAS


Não! Não irei tratar de mazelas de governos
antigos, mazelas que se perpetuaram, apesar de cada uma das metades dos aficionados políticos brasileiros achar que 
são especificidades de um determinado governo, ou do outro (geralmente, o que odeiam). Vou tratar simplesmente de um fato que, para mim, foi a primeira referência de que ouvi falar sobre funcionário fantasma.
Recém formado Aspirante a Oficial da Polícia Militar de Minas Gerais, 1962, fui classificado no 5º Batalhão, sediado em Santa Teresa.
Novos conhecimentos, mudança de relacionamento entre oficiais subordinados e superiores, tudo diferente da Academia, não implicando esta declaração em qualquer juízo de valor.
Foi ali que me aproximei de um Segundo Tenente que pertencia a uma categoria distinta de Oficial. Atingira o oficialato através de seleção para curso, na qual se reconheceu experiência, capacidade, dedicação, conduta, dentre outros atributos caros à PM, habilitando-os ao posto de Oficial e a cargos e funções correspondentes. Aliás, não me aproximei. Ele se aproximou, comunicativo, gentil e bem humorado que era, abrindo-se ao relacionamento com Aspirantes que, à época, dizia-se serem a "Imagem do Cão". Era um pouco "mais velho", o que era característica da respectiva categoria.
Em um bate papo envolvendo várias pessoas, contou-nos que, certo dia, estando na cidade do Rio de Janeiro, fardado, deslocando-se em um "lotação" (parece que isto não existe mais), o motorista falou para ele mais ou menos o seguinte: "oh, Tenente! Nós da Polícia de Minas, hein?". Estranhou: nós da Polícia de Minas, como? O camarada explicou que era Soldado da PMMG mas que morava no Rio de Janeiro; que alguém, autorizado por ele, recebia os vencimentos que lhe cabiam, enquanto ele próprio ganhava salário na Cidade Maravilhosa e, ao mesmo tempo, acumulava "tempo de serviço" policial militar, para futura reforma.
Faltava-me conhecimento da realidade para avaliar o fato relatado. Mais tarde, pensando sobre o assunto, e conhecendo melhor a Polícia Militar, admiti que podia não se tratar de simples pilhéria (meu amigo Tenente era um "gozador" contumaz). O controle de pessoal era muito precário e eram várias as formas de se desviar um PM sem que ninguém notasse. Havia uma figura folclórica herdada das organizações militares - o ordenança - que era posto a serviço de oficiais intermediários e superiores, figura que era utilizada até para afazeres domésticos e que, se essa situação durasse algum tempo, nem era conhecida pela tropa em geral. Mas ainda havia outras situações favoráveis à farsa, as quais, pelo que sei, foram totalmente erradicadas.
Pois bem. Permiti-me contar o que pode ser um 
BUSTO DE SOLDADO FANTASMA
NO MERCADO LIVRE
simples "causo" - mas que pode, também, estar prenhe de verdade - porque acho que a vida não tem novidades, tem apenas a mesma coisa em versões diferentes.




Imagem: Mercado Livre.



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