ANISTIA DE DÍVIDAS DE IGREJAS: PENSEI QUE SERIA NA MOITA. NÃO! FOI NA CARA DURA MESMO!
Chegou a mim, por volta do dia 8 deste mês, uma postagem de amigo, no feicebuque, com a observaçã:
"Palhaçada". Na chamada: "OGLOBO.GLOBO.COM - Governo vai decidir perdão de R$ 1 bi em dívida de igrejas - Aprovada no Congresso, proposta aguarda sanção no momento e...".
Fui ler sobre o assunto e, em seguida, postei comentário, que reproduzo adiante:
"Pelo que entendi da mensagem, a iniciativa de conceder anistia foi do presidente da República: costuma-se referir a Governo quando a proposta é do Executivo. A foto do presidente indica a mesma intenção. No entanto, a proposta foi feita por um deputado do DEM. Como não consigo entender quem é de direita e quem é de esquerda nessa balbúrdia, e considerando que, pelo menos oficialmente, o DEM saiu do centrão, até parece que a proposta não saiu do governo. Mas, como dá de tudo nessa barafunda, o governo pode ter estimulado o deputado a apresentá-la (o deputado proponente é filho de religioso, segundo o noticiário) e, sendo a mesma catalizadora de votos, o congresso aprova. A equipe econômica recomenda o veto presidencial; se o presidente vetar, o congresso pode derrubar o veto. Fica bonitinho para o presidente e a bronca atinge o congresso. Como dá de tudo, pode ter sido estratégia para todo mundo ganhar votos e o presidente não perder alguns amigos do veto. Mas não é a primeira gracinha que os altos escalões concedem. Times de futebol tiveram dívidas previdenciárias muito alongadas, mais de uma vez. Trato disto porque, nas discussões da reforma da previdência, vi ninguém relatar os desvios de dinheiro, a má gestão e os favores prestados com dinheiro da mesma previdência. Muito difícil discutir!".
De fato, a discussão fica difícil, porque o que vejo, ordinariamente, é a discussão sobre políticos e não sobre política. Não há como afastar a ideia de que há duas facções (a expressão não é aplicável só à bandidagem privada ou institucionalizada, que também não podemos negar). No caso dos políticos, aqueles que apoiam o presidente acham que este só faz o certo; os adversários (inimigos dos primeiros?) até distorcem notícias para realçar a discordância.
Essa lereia toda é para tratar do que pensei antes que acontecesse: vê-se que, desde perto de 8 de setembro, postei conjectura de que a tal proposta de anistia das dívidas das igrejas pudesse ser uma "estratégia", em que a iniciativa era de um deputado (não do executivo, portanto), o legislativo aprovando, o presidente vetando, o legislativo derrubando o veto. Imaginei que tudo pudesse estar sendo feito na moita. Errei! O presidente "sugere" que o congresso derrube o veto. Na cara dura!
Pior que tudo é que essa transferência de dinheiro do povo para igrejas acontece exatamente no mesmo momento histórico em que um padre católico é anunciado pela imprensa como suspeito de movimentar dois bilhões de reais em dez anos (https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2020/08/24/interna_nacional,1178773/padre-robson-e-suspeito-ter-movimentado-r-2-bilhoes-10-anos-diz-mp.shtml) e a igreja universal é referida pelo MP, por ter chamado a atenção do COAF após movimentar quase seis bilhões de reais em onze meses (https://www.brasil247.com/brasil/igreja-universal-teve-movimentacoes-atipicas-de-quase-r-6-bilhoes-em-um-ano).
Cadikim não está pensando em desdobramento imediato (MP, tribunais...), porque isso demora. A questão fundamental é que há movimentações de grandes somas por igrejas (o que a gente vê de pedidos de "contribuições" de fiéis pelos canais de TV não é normal; cadikim não anda por respectivas redes sociais).
É preciso realçar, também, que não é a primeira vez que governos aliviam situações de determinados segmentos (times de futebol, por exemplo, alongando dívidas fiscais), com transferências de dinheiro do povo, havendo referência, em fevereiro/2020, na coluna de Mauro Cezar Pereira (UOL), a um total superior a R$ 5 bilhões (https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/mauro-cezar-pereira/2020/02/20/corinthians-lidera-mais-um-rankig-de-clubes-endivididos-agora-com-a-uniao.htm).
Conclusão do cadikim: governantes de quaisquer partidos fazem o que querem com o dinheiro do povo.
Danação!
Imagem: Estado de Minas - Economia.
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