Expressões bastante conhecidas nas hostes militares são "Dia D" e "Hora H". Marco inicial de qualquer ação que esteja sendo programada. Antes que o ministro tivesse dito isso, vi
Otávio Guedes, pela Globo News, dizer que era possível indicar data para o início da vacinação, sem especificar dia para o evento, não havendo ainda informações precisas a balizar a indicação. Bastava estabelecer que o Dia D seria o dia em que a Anvisa aprovasse a vacina. Daí, começaria a contar - como nas hostes militares - Dia D+1, D+2... até que tivessem sido dados todos os passos necessários a fazer coincidirem vacina e braços. Aí, D+X (X após o último passo) seria o dia do início da vacinação. Um indicativo de "precisão indeterminada".
Não sei se o ministro viu também o Otávio Guedes mas, poucos dias depois, vi o próprio ministro, pelo mesmo canal de TV, dizendo que a vacina seria aplicada no Dia D e na Hora H. Sempre sem especificar ou dar dica definitiva (D+X).
Como o povo tem mania de passar a utilizar expressões que os famosos transmitem pela TV, passei a temer que, a partir dali, poderíamos passar a ver jornalistas e/ou autoridades dizerem "segundo S", "minuto M", "mês M", "ano A", "década D", "século S", "milênio M" e até "eternidade E", sem olvidar, claro, a "hora H" e o "dia D" - parâmetros já consagrados. As repetições de letras trariam confusão nenhuma, imagino. Stanislaw Ponte Preta teria classificado tudo isso como "indefectível cocoroquice".
Já o pensamento de Millôr Fernandes foi registrado pelo cadikim, em dezembro de 2016, com edição em 23/04/2020: "Um governo sábio realiza primeiro e, posteriormente, vendo o que foi realizado, faz os planos e os projetos. É a única forma possível de fazer os planos coincidirem com os resultados" (https://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2016/12/sem-plano-b.html).
Vou além, ao que achei mais interessante nessa de marcar data. Foi o Major Marçal, da PMMG, do Serviço de Informações quem me transmitiu, quando era Tenente. Na novela "O Bem Amado", de Dias Gomes (segundo Marçal, o chefe da contra informação do Partido Comunista), o secretário Dirceu Borboleta disse a Odorico Paraguaçu, o prefeito de Sucupira, que precisava marcar uma data para inaugurar o cemitério que construíra. Odorico perguntou por quê. Dirceu argumentou que a oposição estava falando que Odorico não conseguiria inaugurar o cemitério. Odorico perguntou de que adiantaria marcar uma data. Dirceu disse que, pelo menos, seria uma contra informação. Odorico, peremptório: "Contra informação é providenciamento urgente!".
Imagem: VISEU.
https://www.eviseu.com/pt/livros/50/dia-d/
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