8 de jul. de 2021

AQUELE JANTAR NO REATAURANTE VASTO, EM BRASÍLIA, ESTAVA ESCRITO NAS ESTRELAS.

Cada um pode viajar à vontade. Assim, observo e acompanho as análises dos fatos, estranhando algumas que me parecem delírios. Uma dessas interpretações refere-se a uma das hipóteses levantadas por políticos e e analisadas por profissionais da imprensa, de que o tal Dominguetti estava naquela trama para, a pretexto de favorecer o presidente, desdourar o deputado Luiz Miranda, lançando sombra nas declarações do mesmo perante a CPI da Covid. Ora, custa-me crer: precisava de mais algo para desacreditar esse deputado, depois daquele video espalhado nas redes sociais, em que referido deputado é mostrado como um verdadeiro escroque internacional? Precisava de mais, ainda que em ambiente político? E mais: terão achado vantajoso buscar benefício para o presidente colocando o Diretor do Departamento de Logística de seu Ministério da Saúde no olho daquela reunião? Ainda não consegui processar isso.

Pelas informações escritas e televisivas, havia naquele restaurante, na mesma mesa, pelo menos quatro pessoas, de perfis assaz diferentes:

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, Cabo da PMMG, lotado no 64º Batalhão da PM em Alfenas, Sul de Minas, egresso do Gabinete Militar do Governador do Estado, dali defenestrado por decisão do Chefe do referido Gabinete, por não corresponder ao perfil necessário para atuação no setor. Dizia ser representante da DAVATI, com interesse na venda de vacinas contra covid.

Roberto Ferreira Dias, então Diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, interessado em adquirir, dentre outras coisas, vacinas contra covid, em condições mais favoráveis para o Estado e a Nação, como era de seu mister.

José Ricardo Santana - a quem Roberto Dias refere-se como Ricardo Santana, seu amigo e ex-Secretário Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Não vi qualquer interesse do mesmo explicitado. Na senda da leitura de Deepak Chopra - "o não revelado é o campo de todas as possibilidades" - poderia estar ali para qualquer coisa, ligada ou não com os interesses dos demais.

Marcelo Blanco, Tenente Coronel do Exército, então Assessor do Diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, certamente tocado, por dever de ofício, pelos mesmos interesses de Roberto Dias, então seu Chefe.

À imprensa Roberto Dias nega que tenha havido um jantar realizado com a finalidade de negociar vacinas. Disse que não conhecia Dominguetti e que, enquanto estava com o citado amigo, no Restaurante Vasto, o Coronel Blanco - que foi seu assessor e Diretor-Substituto - apareceu junto com Dominguetti, sentaram-se à mesa e começaram a conversar. Afirmou que a chegada dos dois ocorreu sem que ele soubesse que iria acontecer. Acrescentou que não houve um encontro marcado, que isso nunca aconteceu.

Esse pessoal da contra-informação precisa estudar mais, atualizar-se. Bem assim a imprensa. Tenho percebido, desde há muitos anos, que a contra-informação dos governos (leia-se: explicações sobre informações desfavoráveis) escorrega em várias impropriedades. Aliás, a única explicação que considerei perfeita foi a de Dias Gomes, que pôs na boca de Odorico Paraguaçu - O Bem Amado - a frase: "contra-informação é providenciamento urgente".

Tenho meditado sobre o assunto há muito tempo. Há menos tempo, leio, em livros de Deepak Chopra, referências à física quântica. Relato o pouco do pouco que penso ter entendido: todos e tudo estamos conectados com o Universo e - corolário - entre nós todos. Dá, como exemplo, duas velas acesas colocadas a uma distância de trinta centímetros uma da outra; as chamas não se tocam mas o fótons conectam-se não só entre si, mas com toda luminosidade existente no Universo. Associei isso a um fato que aconteceu com Dona Ephigenia: foi ao centro (BH década de 1950) para comprar um disco, Dança das Horas. Percorreu as poucas casas do ramo. Não encontrou. Em uma delas, a atendente disse que tinha um mas poucas horas antes uma moça o comprara. Dona Ephigenia voltou e, chegando em casa, lá estava o disco. Lourdes, minha irmã primogênita (prefiro a mais velha), havia levado para ela.

Pois não é que, numa quinta feira ensolarada em Brasília, o Cabo Dominguetti, da PMMG, destacado em Alfenas-MG, no momento em vilegiaturas pela Pérola do Planalto, passeava sua mineirice pelo Parque Nacional, quando, lá pelas três da tarde, começou a pensar no jantar. Como Brasília não tem perto, entendeu que era preciso mover-se. Mesmo afeito à culinária mineira, achou que valia a pena variar, quem sabe uma comida nordestina, muito encontradiça em Brasília, segundo ouvira falar por mais de uma pessoa lá nas Geraes. Uma buchada de bode, quem sabe? Sim! Buchada de bode! Fuçou no celular consultando restaurantes e cardápios. Dona Graça, será? Havia uma avaliação: "Buchada de bode muito gostosa. Recomendo". É pra lá que eu vou! Chamou um uber. O condutor, percebendo, pelo papo,  que o Cabo Dominguetti estava de folgança, disse-lhe que, no caminho, poderiam passar pelo Bosque dos Constituintes, ao lado da Praça dos Três Poderes, onde há cerca de 600 árvores, muitas delas plantadas por parlamentares que integraram a Assembléia Nacional Constituinte de 1987. Tomado do mais puro patriotismo, o Cabo Dominguetti entusiasmou-se: passar por lá. Decidiu, de quebra, também passear seus sentimentos patrióticos pela famosa Praça dos Três Poderes. Foi com esse sentimento eco-patriótico que chegou ao famoso Bosque dos Constituintes. Percorrendo aquele venerável lugar, admirava as belas árvores, quase todas nativas do Centro-Oeste brasileiro, quando senão quando aproximou-se o 

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Tenente Coronel do Exército Marcelo Blanco, provavelmente movido também por algum sentimento eco-patriótico de reverenciar aqueles que nos deram a Constituição Cidadã. Cumprimentaram-se polidamente, não sem o Cabo declarar ao Tenente Coronel sua satisfação por conhecer aquele venerável sítio. Verificando a conexão de interesses eco-patrióticos, prolongaram a conversa, a ponto de parecer que Tenente Coronel e Cabo tinham  tido longa convivência castrense e na mesma guarnição. Papo vai, papo vem, Dominguetti revelou a Blanco sua intenção gastronômica. Pretendia ir dali para o Dona Graça, desejava experimentar a culinária nordestina e fora informado pelo google de que ali se servia uma buchada de bode supimpa. Blanco objetou que havia um outro lugar que tinha comida nordestina no cardápio - o Restaurante Vasto, no Brasília Shopping - e que havia lá um prato sensacional, jóia da cultura nordestina, o "baião de dois". É menos pesado para o jantar. Podemos ir os dois no meu carro. Sugestão imediatamente abraçada por Dominguetti (a Praça dos Três Poderes

ficaria para uma outra oportunidade). Foi com a mente voltada para o "baião de dois" que chegaram ao Brasília Shopping e ao Restaurante Vasto. Ao entrarem, Blanco surpreendeu-se, dando de cara com seu chefe Roberto Dias, que não conhecia Dominguetti (e vice-versa), o qual estava acompanhado de um desconhecido. Os recém chegados aboletaram-se na mesa, junto com Roberto Dias e seu amigo. Passaram a comentar amenidades, futebol talvez, São Paulo e Flamengo jogariam mais tarde, no Morumbi.

Prefiro acreditar em Roberto Dias, não havia sido programada aquela reunião. Mesmo entendo pouquíssimo da tal física quântica, acho que pode explicar. Aquele jantar estava escrito nas estrelas.

A coincidência foi tão somente o fato de - exceto o amigo de Roberto Dias, explicitamente - todos os personagens interessarem-se pelo tema "saúde". Ou "vacina", se preferir. Foi aí que atuou o Sobrenatural de Almeida - existe mas a contra-informação não acredita.


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