6 de jul. de 2023

MEU TIO


Liguei a televisão após o almoço. Estava lá, com todas as letras:

"DEPUTADO BOLSONARISTA PARTE PRA CIMA DE PETISTA APÓS BATE-BOCA NA CÂMARA."

Em seguida cena mostrando o deputado Paulo Guedes, inflamado, dirigindo-se a alguém em tom que achei bastante agressivo.

No desenvolvimento da matéria, pesquisando na rede, vi que o "orador" estava rebatendo referências, que qualificou como absurdas, feitas pelo deputado Gilvan da Federal, referindo-se ao presidente Lula.

Em seguida, ouvi uma voz, imediatamente agregada à imagem do  deputado Gilberto Nascimento, que coordenava a sessão, dizendo:

"Senhores deputados,... senhores deputados... senhores deputados... nós estamos numa sessão, inclusive agora recebendo visitantes estrangeiros nesta casa, eu gostaria você... eu sei que isto é do parlamento, mas eu vou pedir... eu pedir aí muita tranquilidade... muita tranquilidade aos senhores... não vamos deixar aqueles que nos visitam levarem esta imagem... eu gostaria... eu gostaria de pedir... senhores deputados... senhores deputados..." (interrompo transcrição porque a balbúrdia impediu-me de ouvir). Fonte: YouTube, https://www.youtube.com/watch?v=PHLiaRLd1Cw. A matéria foi exposta também pelo uol NOTÍCIAS, e vídeo no TikTok.

Não sei por que me veio à mente o filme "Meu tio" ("Mon oncle"), de Jacques Tati (1958; roteiro, direção, ator). Vi quando era jovem e não encontrei minha memória na pequena sinopse que vi na rede (https://www.adorocinema.com/filmes/filme-2614/).

Lembro-me, sim de que nos primeiros vinte minutos, não foi pronunciada qualquer palavra. Lembro-me, também, de que a trilha musical continha uma melodia homônima, de que minha filha Ana sempre gostou muito e que ainda assopro pela flauta, de memória (melodia fácil e expressiva).

Pois bem. Havia uma casa rica, com um grande e lindo jardim na frente, que muros não deixavam ver do lado de fora. No jardim, um lindo chafariz, um enorme peixe "em pé", grande boca aberta, por onde jorrava o 

https://elrayoverde.blogia.com/2007/090701-mi-t-o-
1958-de-jacques-tati.-francia.php
esguicho de água. Ou melhor, não jorrava. O chafariz é mostrado inativo na maior parte do tempo. Determinado momento, a campainha é acionada. Visita na área. Alguém corre a abrir o portão (já em controle interno, se não me engano). Outra pessoa interrompe a ação e corre a acionar o chafariz, também por controle remoto.

A visita entra e vê o chafariz lá em pleno espetáculo, lindo e inusitado, fora de alcance que está para a maioria das pessoas.

Não sei por que me lembrei disso...

Pralamentar!



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