Parlamentar reincidente
Que um
senado negligente
Aceita
compartilhar
Cadeiras de “homens
sérios”,
Sem revelar
os mistérios
De uma atitude
abusada,
Agora
reiterada
- será apenas
uma a mais?:
Voar nas
asas da FAB,
Já sabendo
que não cabe
No rol das
coisas legais?
Afirma que
pagou uma
E a outra
paga também.
Faz-me pensar
que é do bem
Fretar avião
oficial,
Desde que
pague depois.
Ora pois!
Então, requeiro
Que a máxima
autoridade
- em gesto
de equidade -
Autorize,
imediatamente,
Este mero
cidadão,
Não mais que
reles mortal,
Que a Carta
diz ser igual,
Livre de discriminação,
- o que me
deixa fagueiro -
A voar, por
um momento,
Em viagem,
sem deslize,
Naquele
mesmo avião,
Podendo
levar amigos
E roda de
malandragem,
Com direito
a choro e samba,
Só alegria
de bamba,
Pelos céus
deste Brasil.
Pagarei cada
centil
Sem me
importar com o preço
Acho, mesmo,
que mereço
Ter mordomia
igual
A qualquer
cara de pau,
Que – argumento
ardiloso –
De por alto cargo
exercer,
Se ache mais
poderoso
Do que o
próprio poder.
Diz a nota que o motivo
Foi de ordem
capilar:
Milhares de
novos fios
Pra
disfarçar a calvície.
Que, ao povo,
em sua estultice,
Vale mais,
em eleição,
Mostrar belo
corpo são,
Pois não
comporta disfarce
O que vai
dentro da face.
Assim – vale
lembrar –
No correr
desses dez meses
Que
antecedem novo pleito,
Prazo em que se operará
A magia capilar,
O que se
mostra sempre torto
Há de parecer
direito.
É bom a gente lembrar
De que
Gepetto, em Pinocchio,
Implantou
pelos humanos
Sobre a
careca de pau.
Mais tarde,
a fada madrinha
Prometeu,
diante do berço,
Que
Pinocchio poderia
Ganhar bela
forma humana
Ter cérebro
e até coração,
Se um dia
qualquer cuidasse
De praticar
boa ação.
Quem sabe – é
só fantasia –
O senador
conseguiria
Ganhar todo
esse apanágio,
Cumprindo da
fada o presságio,
De se tornar
ser pensante,
Pulsante,
ético e humano,
Com cérebro
e coração,
Se, até com
sacrifício,
Conseguisse
o milagre,
- mesmo um
cabeça de bagre,
De praticar
boa ação.
Ora pois! Fingindo inocente,
Perguntou ao
Comandante,
Se o vôo foi
coerente
Com a norma pertinente.
Comandante
franze a testa
Pensando: “pensa
nós besta”?
Se acha que
a coisa está preta,
Não me
inclua na mutreta.
Pergunte pra
Presidente!
E, se ela
não quiser prosa,
Pergunte ao
Joaquim Barbosa
Que, sempre
do início ao fim,
Explicará,
certamente,
- e mui
delicadamente -
Tudo tim-tim
por tim-tim.
Pra que incomodar o Ministro,
Se o
objetivo sinistro
É por em
forno bem quente
Tudo quanto
é ingrediente:
Manjericão, alecrim,
manjerona,
Calabresa,
presunto, azeitona,
Sabores de
queijos diversos,
Sobre a
massa, bem sovada
- sempre a base
do banquete -
Que elege,
em quatriênios,
Parlamentares
perversos?
Foto: Baixaki.
2 comentários:
Muito pertinente e atual. Aúltima foi uma viagem "repentina" para os EUA levando o foragido Olavo de Carvalho.
Sabia dessa última aí não, Zé Caixeta. Mas esse negócio de uso de avião oficial envolve muito descuido. Lembre-se de que tem um caso de prisão no exterior por transporte de droga, um trem que ainda tá entalado. Penso que precisasmos de seriedade,no geral. Obrigado pelo comentário.
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