Tenho lido e ouvido cobras e lagartos a respeito de um negócio em que a Petrobrás foi metida, muita gente falando em prejuízo de grande monta, alguns falando em estoques e outros fatores que justificariam a compra de um trem lá pelo preço que ouço dizer (aliás, já vi mais de um valor mencionado). Pelos comentários, a Sra. Presidente da República, que, então Ministra da Casa Civil da Presidência da República, e quando comandava o Conselho Administrativo da Empresa (está assim no Estadão; acho que há um título de Presidente de Conselho na parada) autorizou o negócio, busca apoiar sua decisão em parecer técnico emitido por pessoa (física ou jurídica idônea, não entendi ainda). Há referência, no Estadão
(http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,dilma-apoiou-compra-de-refinaria-em-2006-agora-culpa-documentos-falhos,1142397,0.htm),
a que a Presidente declarou que só apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente" falho. O Estadão diz, mais, que os documentos ainda são inéditos.
Primeiro que tudo, penso que chefe é chefe e se autorizou, assumiu a paternidade e a responsabilidade. Se não tem conhecimento para refutar um parecer técnico - o que acho perfeitamente admissível, já que ninguém detém todo o conhecimento humano - penso que deveria ter chamado três pareceres técnicos, envolvendo auditorias independentes, tudo bem explicadinho, até entender a natureza do ato e as consequências que poderia gerar. De forma alguma o fato de basear-se em parecer técnico pode servir de exclusão de responsabilidade - que, penso, até poderia e deveria ser repartida com o Ministro das Minas e Energia e com mais viesse...
Mas se alguém achar que pode, é só ir buscar o parecer técnico e verificar se quem o produziu tem cacife para bancar o prejuízo. Se não tiver, foi muito mal escolhido. Acho que não se deve entregar o encaminhamento de assunto tão sério a quem não tenha suporte econômico-financeiro para uma decisão de tal envergadura. Penso que as licitações de grandes obras agem mais ou menos assim. E penso, também, que o tal parecer não terá sido emitido em um papinho de bar, de modo verbal. Não há como pensar que isto pudesse ter acontecido. Leviandade minha... Então, que apareça o tal parecer para que a Nação o conheça.
|
Livro de geologia em baixo do braço. |
Pois não é que os pipapauzinhos - os habitantes do Sítio do Pica-pau Amarelo - acharam de perfurar um poço de petróleo, capitaneados pelo Visconde de Sabugosa? E o sabinho, feito de um sabugo de milho, antecipou estudos de geologia, geofísica, e enumerou analogias com países vizinhos, que produziam petróleo, a qualquer ação. Elementar. Qualquer ação tem de ser precedida de conhecimento.
Convém lembrar que o Monteiro Lobato, apesar de indicar a necessidade de estudos pertinentes, foi preso, com base na Lei de Segurança Nacional, pela audácia de achar que havia petróleo no Brasil, e pelo atrevimento de criticar autoridades que achava omissas e as empresas estrangeiras, desinteressadas de investir em produção nacional.
|
Capa do Livro |
Ah! Não gosto de usar a expressão, por não gostar de envolver-me em política partidária, mas rendo-me: não foi o PT que descobriu o petróleo, não, gente. Tudo começou com um sabuguinho de milho falante - o Visconde de Sabugosa!
Imagens:
Visconde de Sabugosa:
E Você com Isso? por Marcelo Soares.
http://evocecomisso.blogspot.com.br/2008/09/boneca-de-pano-gente-sabugo-de-milho.html