É claro que também tive meus momentos de goleador e, às vezes com estilo. Como todo mundo apaixonado por futebol.
Meu gol mais bonito poderia ser um que fiz, no futebol de salão (não era futsal, ainda): arranquei pela direita para o meio, acompanhado por um defensor e, quando podia chutar, com o goleiro saindo, dei um corte para a direita, com a parte externa do pé direito; a bola passou entre as pernas do defensor e sobrou à direita com os dois trombando. Mas não posso considerá-lo, pois foi um gol praticamente solitário, sem que os defensores tivessem conseguido fazer um gesto efetivo de defesa.
O eleito, então, foi o que marquei em um "festival", daqueles que os times de várzea organizavam nos seus campinhos de terra. Perto da grande área, dominei uma bola rebatida, levantando-a um pouco e emendei de sem-pulo. O goleiro fez uma "ponte" espetacular e a imagem que ficou foi da bola "espremida" entre o ângulo e as mãos do goleiro.
O que vi nisso, para qualificá-lo? Interação - a coisa mais importante em qualquer atividade humana. O goleiro contracenou comigo, enfeitou o meu gol. Tivesse ficado estatelado, olhando para a bola, e seria apenas um gol bonito. O goleiro recusou-se a não participar da jogada "fazendo o seu melhor". Deu o que tinha e tornou lindo o gol. Para mim, também saiu vencedor. Um fato de sessenta anos atrás que me passa pela memória, ainda. Não sou bom para guardar nomes. Mas penso que o goleiro chamava-se Josué. A imagem dele segue em minha memória. Nós dois jogamos futebol juntos, naquele momento, em dois times adversários, cada um no seu.
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