"Cuidado com os administradores públicos que lançam todo o peso de sua ação para um futuro remoto. Nem eles, nem os críticos, estarão lá para verificar o acerto das medidas tomadas no presente. Geralmente, o lucro do futuro parte de um presente bem administrado.
Conversa com Negrão de Lima, Político. 1972"
Fonte: O LIVRO VERMELHO DOS PENSAMENTOS DE MILLÔR, pág. 138, sob o título "Hipocrisia social e política", na pág. 129.
Anotação do cadikim: Lembrando de que um ministro da fazenda fizera uma declaração destacada, de que era preciso deixar o bolo crescer, primeiro, para depois reparti-lo, cadikim foi pesquisar se esse ministro ministrara no período de 1972. Encontrou o autor da frase, Antônio Delfim Netto e uma declaração do mesmo de que tal frase nunca lhe havia passado pela boca. Vamos esmiuçar: Foi encontrá-lo em página da "folha" (sempre a Folha), sob a epígrave "1968 - ATO INSTITUCIONAL Nº 5 (https://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/personas/delfimNetto.html). Segundo a matéria, Delfim esteve no governo entre 1967 e 1973, período que ficou marcado como o do "milagre econômico". Mais: "Delfim afirmava querer 'fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo', mas os benefícios econômicos não atingiram pessoas de baixa renda, que tiveram seus salários reduzidos e sua participação na renda nacional decrescida de mais de 1/6 para menos de 1/7 em 1970". Ainda no UOL (https://educacao.uol.com.br/biografias/antonio-delfim-netto.htm) encontramos biografia de Antônio Delfim Netto. Diz que foi o mentor da política econômica brasileira, no período 1968/1973. Excerto: "Criticado pela forte concentração de renda durante esse período, ele disse que seria preciso esperar o bolo crescer para, depois, reparti-lo. Mas o bolo cresceu e nunca foi dividido. Além de conceder incentivos às exportações e ao investimento estrangeiro no país, a política de Delfim era caracterizada pelo congelamento dos salários e a elevação das tarifas públicas". Indagado em entrevista ao GGN (https://jornalggn.com.br/ditadura/nao-tenha-nada-do-que-me-arrepender-diz-delfim-sobre-atuacao-no-regime-militar/), em 24/03/2014, dentre outras coisas, Delfim teria declarado, conforme o texto: " 'Esta frase nunca passou pela minha boca'. Disse que não se pode distribuir o que você ainda não produziu, a não ser que você tome emprestado". Observe-se que não se lhe atribuiu proposta de distribuir o que não tinha, e sim proposta de deixar crescer para distribuir depois. Como sempre, "filho feio não tem pai".
Parece, sim, que Millôr, em 1972, estava referindo-se ao período em que Delfim Neto foi ministro.
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