17 de abr. de 2020
"Ô MEU GAROTO! PRESTA ATENÇÃO NO SERVIÇO!" - O BORDÃO APLICOU-SE AO AUTOR
Acho muito legal o bordão do Daniel Pereira Dandan, narrador da SporTV: "ô meu garoto! presta atenção no serviço!". Ótimo para as escorregadas em tomates em que jogadores diversos incorrem nos jogos. É uma maneira "lúdica" muito legal de chamar a atenção para um fato.
Penso que a brincadeira "lúdica" tem de ter cabimento, também, quando reverte. Explico:
Estou acompanhando, pela SporTV (na verdade, não sei se é "a" ou "o") a reprise de jogos de várias copas do mundo, achando ótima a iniciativa. A gente revê jogos e jogadas que já viu; ou quem não viu tem a oportunidade de ver.
Pois bem. Ontem, reprise do jogo Brasil x Romênia, copa de 1970. Narrador: Daniel Pereira Dandan. A seleção brasileira vencia por 2 x 1. Escanteio a favor da seleção brasileira. Cobrança a meia altura; Tostão, colocado entre o goleiro romeno e a bola, improvisa uma "chaleira", toca de leve na bola, que passa acima de um defensor e, na caída, já chegando ao chão, oferece-se a Pelé, que toca de bico de chuteira para o fundo do gol. Abre parêntese: Foi uma jogada muito difícil de Tostão, porque a posição de seu corpo, preparado para emendar para o gol, não era favorável para intervir como "garçon". Teve de fazer esforço para equilibrar-se no salto que deu. Nem sei se ele dirigiu a bola para Pelé, ou para alguém que imaginava pudesse estar livre (como naquele gol de Jairzinho contra a Inglaterra: Tostão deixou três para trás e deve ter pensado que, por isso, deveria haver alguém livre no meio da área. Nem tanto! A bola foi a Pelé mas havia um inglês à frente dele. Pelé reagiu depressa e com um pequeno toque passou a Jairzinho, que fuzilou. Fecha parêntese. Dandan narra entusiasmado e diz: "a bola passou por Tostão mas não passou por Pelé". Foi aí que pensei: "Ô meu garoto! Presta atenção no serviço!". Afinal, o toque de leve de Tostão é que possibilitara que a bola chegasse a Pelé. O comentarista foi quem exaltou a jogada de Tostão (se não me engano, reconhecimento pela voz, era o Carlos Eduardo Lino); em outros comentários exaltou as qualidades do craque.
Como nada foi explicado ("o não revelado é o campo de todas as possibilidades") penso duas coisas: 1) ou o Dandan pode ser um dos profissionais de imprensa que ignoram os mineiros. Há vários deles. 2) ou o Dandan é do time em que o cara que faz o gol é o mais importante de todos. Qualquer das duas hipótes empana um pouco o brilho do bordão que criou e que usa com expressão muito convincente.
Sobre a segunda hipótese, chamo a atenção para postagem antiga no cadikim, 2012, tratando das preferências discriminatórias pelo artilheiro: "O Gol da Vitória" http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2012/02/o-gol-da-vitoria.html.
Logo depois desse gol, Dandan disse que ninguém mais poderia reclamar que não viu o jogo, porque está tendo oportunidade, agora, de rever tudo. Pois bem. Perdoe-me o Dandan: pego pesado. Aos 80 anos, lembro-me desse gol e do leve toque do Tostão. O Dandan poderia nem existir, quando daquele jogo. Mas o Dandan trabalha na Globo, que mostra matérias de arquivo até mais antigas. Note-se que o jogo já havia acontecido e, em várias oportunidades - já com o Dandan existindo - mostrou vários gols da seleção brasileira em copas. Como o jogo já acontecera, poderia muito bem ter "ensaiado" a narração, assistindo ao vídeo que foi apresentado. Ora dirá ele: você tem razão mas eu estava narrando muito emocionado, pela oportunidade de narrar o Pelé (isto foi falado por vários narradores e comentaristas, referindo-se, também aos jogadores todos). Ô Dandan! Os jogadores também jogam emocionados, quando pisam no tomate. Não se amofine! O seu bordão é muito "lúdico"!
"Ô meu garoto! Presta atenção no serviço!".
PS.: Para refrescar o HD, pesquisei vídeos com o gol. Encontrei um com cinco minutos. No lance desse gol, foi exibida apenas a complementação de Pelé, sem foco no toque do Tostão.
IMAGEM: Wikipédia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tost%C3%A3o
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