Acho muito interessante a linguagem dos futebolistas. O esporte é (ou foi criado como) um esporte coletivo. Mas os raciocínios e as explicações levam a imaginar que é um esporte individual. Falam em "grupo" mas valorizam o indivíduo. "Mormentemente", como dizia Odorico Paraguassu, o indivíduo que faz os gols. Parece que os demais são meros figurantes. O goleiro, então, nem se fala. Há muito tempo, um cronista dizia que o goleiro é uma pessoa tão sofredora que, no lugar em que ele joga, não nasce grama (antigamente, havia uma "meia lua" de areia ou serragem, não sei, dentro da pequena área e aquele pedaço ali, onde falta é penalte, era chamado de "zona do agrião"). Na minha opinião, o Marcos (São Marcos) foi o melhor jogador da seleção brasileira, na copa de 2002. Mas o cracão foi o Ronaldo (mereceu muita homenagem, não só pelo jogador que era e que foi na copa, mas - muito mais, na minha opinião - por causa do grande esforço que desenvolveu para superar a lesão no joelho e colocar-se em condição de jogo). Mas, naquela copa, antes que o Ronaldo, ou qualquer outro tivesse feito um gol, o São Marcos havia garantido o zero pelo menos uma vez. Costumo dizer que goleiro não é valorizado porque - tirando o Rogério Ceni e um ou outro seguidor que vai aparecendo - o goleiro não ganha jogo. No máximo, empata, no zero a zero.
Mas vamos ao tal "gol da vitória". Quando a diferença, no resultado, é de apenas um gol, sempre dizem que o autor do último gol do time ganhador marcou "o gol da vitória". Por exemplo: um time vence por 3 x 2. Invariavelmente, o jogador que fez o terceiro gol fez "o gol da vitória". Mas será que foi assim mesmo? Para chegar ao terceiro, é preciso passar pelo primeiro e pelo segundo. Esses gols não foram "gols da vitória"? Nunca vi um time vencer por "terceiro gol" a dois.
Foto (1º gol de Rogério Ceni): Mundo 2 Cabeças Viajantes.
http://2cabecasviajantes.blogspot.com.br/2011/02/rogerio-ceni-rumo-aos-100-gols.html
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