31 de jul. de 2013

INTERESSA-ME NEM UM POUQUINHO


Passeava em Brasília, com a Raissa, minha caçula. Andávamos de carro, à toa, como fizemos muitas vezes, batendo longos e agradáveis papos, repetindo sempre que podemos. Determinado momento, Raissa perguntou-me se o carro tinha air bag. À minha resposta positiva, perguntou:
- Como funciona?
Nem pensei para responder:
- Não sei! E não tenho o menor interesse em saber!


Foto: AUTOentusiastas
http://www.autoentusiastas.com.br/2014/10/bolsa-inflavel-anjo-que-as-vezes-vira-demonio-2/

29 de jul. de 2013

DE DEGRAU EM DEGRAU...



subindo as escadas do avião
Não houve como capturar
a imagem da galinha
Deu-se que jovem minerim fiel do sul das Minas Gerais achou de levar uma galinha caipira para oferecer ao Papa. Escolheu a mais linda que possuía e levou para o Rio de Janeiro. Peripécias daqui, engana segurança de lá, acabou por conseguir entregar a galinha a Sua Santidade, que se preparava para subir os degraus da escada de acesso à aeronave em que retornaria ao Vaticano. A mídia não mostrou a cena, para não dar moral ao minerim, que, em situações prosaicas já se acha demais. Certo é que o Sumo Pontífice recebeu o presente. Descuidou-se um pouco e a galinha caipira saiu-lhe do controle e assumiu o primeiro degrau da escada. O Papa, sem lhe dar a mínima, avançou para subir e disse um "xô galinha" bem baixinho. A galinha caipira, acostumada a "xôs", pulou para o segundo degrau. O Papa avançou, dizendo um "xô galinha" pouquinho mais alto (não me lembro se disse em italiano, em argentino ou em portunhol). A galinha caipira, tinhosa como minerim, pulou para o terceiro degrau. Já um pouco exasperado (Papa também fica, conforme as circunstâncias), o Papa aumentou o tom do "xô galinha". Galinha caipira não se manca. Pulou para o quarto degrau. O Papa gritou um "xô galinha" e parece até que acrescentou alguma coisa como "porca miséria", em tom mais baixo (tanto que nenhum equipamento de som captou). A galinha caipira nem aí: pulou para o quinto degrau. O Papa perdeu a paciência, subiu o degrau rapidamente e deu um pontapé na galinha caipira, jogando-a bem longe (por coincidência das mais milagrosas, foi cair exatamente no colo do minerim).



CONCLUSÃO: De degrau em degrau a galinha enche o Papa.

Foto: Rádio Excelsior AM 840
http://am840.wordpress.com/author/am840/

25 de jul. de 2013

COMENTÁRIOS QUE ACHEI DISPENSÁVEIS NO ARENA SPORTV DE HOJE

Dois comentários feitos no “Arena Sportv” incomodaram-me bastante, hoje.
Primeiro, foi o Vilaron, falando do Ronaldinho Gaúcho, da participação dele no Atlético Mineiro e da conquista da Libertadores. Disse que até parado Ronaldinho é útil.
Não acho. Quando no Flamengo, Ronaldinho mais ficava parado (depois de um início muito ativo e produtivo), jogava apenas com o nome e produzia muito pouco. Acabou metido em tremenda polêmica, até sair. Chegando ao Atlético Mineiro, em ambiente quase hostil, com rejeição por significativa parcela de torcedores, Ronaldinho, após um tempo de adaptação, começou a jogar muito. Liderou e conduziu o time porque estava jogando muito. Na fase final da Libertadores, via-se que o craque já não estava tanto: correu pouco, errou passes (especialidade sua), perdeu domínio de bola... Parecia até um pouco acima do peso. Pareceu-me que estava acontecendo aquilo que vi em vários jogadores famosos: havia algum fator, provavelmente de comportamento, que estava afetando. Foi quando, após a classificação para as finais, o Alexandre Kalil, não sei se para botar pilha na torcida para que cobrasse mais do craque, ou para discreto “puxão de orelha”, disse que aquele sucesso estava sendo conseguido a duras penas, que era muito duro manter o Ronaldinho concentrado por cinco dias. Pareceu-me que andava por aí a queda de produção do jogador.
Temo, quando vejo alguém otimista ao extremo. Sabe-se que existem muito poucos anjos por aí e que Ronaldinho não é, segundo noticiário da imprensa.
Ora, Vilaron, dizer que até parado Ronaldinho é útil, via Embratel, poderá levar o craque a imaginar que uma singela estátua sua colocada à beira do gramado aterrorizará adversários.
Não é assim, não, uai! O brasileirão não é moleza. E ali pertinho da Vila Olímpica está um time com muita vontade de aparecer e desbancar o Galo. Fora de Minas também tem uma turminha que não dá moleza.
É claro que o Vilaron não irá saber da minha opinião.
Gostaria, no entanto, que o Ronaldinho soubesse. Olha, cara! Dá um tempo na farra, procure voltar àquela forma física que o levou a liderar o Galo, porque bola você tem - o que só digo como argumento, porque todo mundo sabe. Não creia em medos dos adversários à simples visão de seu passeio pelo gramado. Trate de correr!

UMA DAS CENAS MAIS EMOCIONANTES
A QUE ASSISTI, EM FUTEBOL
O segundo incômodo foi-me proporcionado pelo Müller, ex-craque do São Paulo, da Seleção Brasileira, quando, no “Arena Sportv” de hoje, o âncora sugeriu que os jogadores do Atlético dessem 5% do bicho para Victor, pelas atuação dele, principalmente na fase de mata-mata da Libertadores. Müller interveio, perguntando que percentual deveriam dar, então para o Jô, que foi o artilheiro. Talvez por ter sido atacante, Müller entrou naquela de depreciar goleiros. Há uma grande diferença: da zaga para a frente, há colaboração entre jogadores. Com o goleiro é diferente: tem de enfrentar a bola sozinho. Corre até o risco de algum abelhudo de seu time desviá-la e tirá-lo da jogada. No pênalte é pior: tem o adversário e a bola contra e está absolutamente solitário debaixo dos paus. Fico mordido sempre que vejo – e como vejo! – desvalorizarem goleiros. No caso de Victor, penso que nem há o que discutir. Por duas vezes garantiu, a permanência do Galo no torneio, uma delas sem qualquer ajuda, contra o Tijuana. No último jogo da final, defendeu um pênalte e, com o olhar, desviou outro para o ângulo dos paus, sem ter sido definitivo. Se a bola tivesse entrado, faltava uma cobrança, por Ronaldinho. Mas Ronaldinho teria de marcar. Dá um tempo, Müller!

NOTA: Tenho escrito sobre a saga dos goleiros, há bastante tempo. Está em "ONDE ELE JOGA NÃO NASCE GRAMA" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/11/onde-ele-joga-nao-nasce-grama.html), "ESQUECERAM DO GOLEIRO, PARA VARIAR" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2013/01/esqueceram-do-goleiro-para-variar.html) e "ESNOBANDO O GOLEIRO OUTRA VEZ" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2013/01/esnobando-o-goleiro-outra-vez.html).
Agora, o Müller vem com essa!... Será que vai ser preciso criar uma Associação de Goleiros? Fazer passeatas de protestos, para que os comentaristas parem com essa mania de esquecer o goleiro para enaltecer atacantes, quando o goleiro tenha sido a peça mais importante, em determinado jogo?

Foto: FUTEROCK
http://futerock.com/2013/05/31/victor-goleiro-do-atletico-mg-se-adiantou-ao-defender-o-penalti-do-tijuana/

PAIXÃO É DOENÇA?

Não sei. Só sei que leva a comportamentos no mínimo esquisitos e a demandas estranhas.Hoje, após o almoço, passando pelo shopping, em Patos de Minas, passei por uma mesa de lanchonete e, de passagem, ouvi um jovem dizer a um provável amigo:
- Agora, só falta esperar a camisa sair, com uma estrelinha nova e "oh!" (fez um sinal que me pareceu dizer "mandar ver").
Obviamente, falava de uma camisa do Atlético Mineiro, recente campeão da Libertadores da América.
Estranho desejo esse, de adquirir, rapidamente, a camisa "oficial" do novo campeão. Será um aspecto pouco desejável da paixão? Doentio?
Seja o que for, tudo isto ajudou o Atlético Mineiro a ser campeão. A torcida do Galo acompanhou o time ao exterior, lotou o Estádio Independência e, na finalíssima, o Mineirão, só levando apoio, entusiasmo, coisa de arrepiar. Criativos, os torcedores criaram um slogan atemorizador, quanto ao Independência: "Caiu no Horto, morto!". Para o Mineirão, preferiram vaticinar: "No Mineirão é campeão!". Tudo gritado a plenos pulmões, misturando com lágrimas de desespero quando a situação estava feia, emergindo de uma baita fossa quando Victor defendeu o pênalte contra o Tijuana... De mamando a caducando (a tv mostrou um bebê quietinho no colo do pai e, em outra imagem, um senhor com a cabeça nevada, chorando que nem um bebê), lá estavam o atleticanos fervorosos cantando, gritando, chorando, agitando todo tipo de pano branco e preto... Um espetáculo!
Depois do jogo, dezenas de milhares de atleticanos fizeram manifestação de rua, no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas, sob o velho Pirulito da Praça Sete.
Pode ser doença. Mas, em paz, como foi, é doença saudável.



Foto: Marcus Desimoni/UOL
 









NOTA: Duas circunstâncias interessantes que colhi em UOL Esporte:
Primeira: de radical, a solitária notícia que vi foi da queima de uma camisa do Olímpia, na Praça Sete.
Segunda: um professor, com 37 anos,  disse que a "Praça Sete é o lugar da massa do Galo". Ele assistiu ao jogo em casa, com os pais, e depois foi para a rua comemorar. “Não pude ir ao Mineirão por causa do valor do ingresso e porque queria estar ao lado da minha família nesse momento especial. É tradição vir para a Praça Sete, toda vitória do Galo eu venho para cá”, destacou.

Foto: UOL Esporte

http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/libertadores/repercussao/2013/07/25/multidao-de-atleticanos-toma-conta-da-praca-sete-para-celebrar-titulo.htm

O PRETO E O BRANCO NA CONQUISTA DA LIBERTADORES


Minas Gerais dormiu em preto e branco. Não sei se nos demais estados do Brasil o Atlético Mineiro é pelo menos o segundo time de alguém. Em vários lugares do mundo há atleticanos, ainda que gatos-pingados. Mas a festa está pronta, com apaixonados e simpatizantes.
As cores do Galo Forte Vingador, como outros elementos gerais, estão vinculadas aos dois conceitos do taoísmo - o yin e o yang - cada um representando o oposto do outro, na dualidade preto - branco: Yin representa a eternidade, a escuridão, o feminino, o lado esquerdo do corpo; o Yang representa a história, a luz, o masculino, o lado direito do corpo... Yang é o princípio ativo, diurno, luminoso, quente; yin é o princípio passivo, noturno escuro, frio.
A participação do Atlético Mineiro na Libertadores da América contém os dois ingredientes, com os quais tiveram de lidar, com sabedoria, o Presidente do Clube, Kalil, e Cuca, o vitorioso treinador do Galo. O primeiro reuniu um elenco de jogadores com diversos matizes: o mais jovem, recém saído das divisões de base, com o entusiasmo, a ingenuidade e a tenacidade que fizeram de Bernard um dos destaques do time, tendo chegado à seleção brasileira, participando pouco mas mostrando que é destemido, que não lhe pesou a camisa; outros vinham de situações duvidosas, conflituosas, como Ronaldinho Gaúcho e Jô; de permeio, buscou craques que não haviam atingido o estrelato: Pierre não se desenvolveu plenamente no Palmeiras, provavelmente por ter jogado em um time sem crédito, naquele momento; Leandro Donizete mostrou qualidade técnica e muita raça, no Coritiba, mas veio cristalizar-se no Atlético; Marcos Rocha, cria do Galo,andou rodando para amadurecer e retornando para assumir a lateral direita, convocado por Felipão, para a Copa das Confederações; outros jogadores foram pinçados aqui e ali, sempre para encaixes muito precisos no time: Victor, Rever, Leonardo Silva, Richarlyson, Júnior César, Alecsandro, Josué ... tudo para formar dois times capazes. Ah! Trouxe de volta Diego Tardelli (cuja dedicação e humildade, correndo muito e indo ajudar defesa e iniciar contra ataque, foram de suma importância) e  o campeão mundial Gilberto Silva, que penso terá sido muito útil na manutenção do equilíbrio dos companheiros, mercê de sua experiência e sua tranquilidade e precisão, que exibiu também em campo, sempre que jogou.
O treinador Cuca conseguiu dirigir esse elenco de diversidade, de modo a obter o melhor aproveitamento. Não me esqueço de que Alexandre Kalil disse, em entrevista, que tudo foi difícil e sublinhou: "Vocês pensam que não é duro manter o Ronaldinho Gaúcho concentrado durante cinco dias?". Cuca conseguiu extrair dessa diversidade, com extremos em Bernard e Ronaldinho Gaúcho, passando pelos demais, um suco muito homogêneo, composto de titulares e reservas (estes acabaram formando um "time alternativo").
Também o modo como o time se comportou, nas duas fases do torneio, contêm o Ying e o Yang. Na fase de grupos, todo o calor da disputa: velocidade incontrolável, dinâmica admirável... Na fase de mata-mata, a calma, a perseverança, a fé.
Wallpaper_atletico_1Campanha admirável que reflete uma administração quase perfeita, desde o Presidente até o "ponta esquerda" (que já não é mais). Uma administração que envolveu o geral e o individual, a gestão de outros e a gestão de si mesmo, em cada um.
O Atlético Mineiro já é, no mínimo, o vice-campeão mundial de clubes (opa! vai ser otimista assim!...).

Imagem Yin - Yang: Rios de Vida - Meridianos e Ch'i
http://anoitan.wordpress.com/2010/02/26/rios-de-vida-meridianos-e-chi/

Foto: Wallpaper do Galo em News + The best to you!
http://cbnewsplus.com/wallpaper-do-galo-atletico-mg-campeao-libertadores-2013/38495/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+DistantDaily+(News+%2B)

24 de jul. de 2013

CRÍTICA SÉRIA NÃO É HUMORISMO. ACHO QUE HUMORISMO É COISA SÉRIA

Insurgi-me, hoje, contra um comentário jocoso sobre as manifestações de rua, que recebi de uma amiga, com pergunta irônica sobre "quando será a próxima". Objetei que os manifestantes têm atividades diferentes da militância diária e que, por isto, precisam continuar sua vida normal, seu trabalho, seus estudos, suas andanças em transportes lotados, lentos, desconfortáveis, sua incessante busca por assistência à saúde (que, pelas imagens que vejo, são extremamente precárias)... Montão de coisas que todo mundo conhece. Tudo o que o cidadão passa. Ao contrário, os administradores públicos de alto/altíssimo escalões são pagos por esses mesmos cidadãos aí de cima, para exercerem suas atividades, dedicando um enorme tempo para as político-partidárias, podendo gastar todo o tempo para suas maquinações, uns jogando culpas sobre outros... naquela base do "POLÍTICOS CONTRA O RESTO", em http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2013/04/politicos-contra-o-resto.html. Fazem isto recebendo salários e vantagens acima dos pobre mortais, com assessores - que os ajudam a pensar e executar maldades - instalados em gabinetes elegantes e confortáveis, deslocando-se em carros luxuosos - quando não em aviões e helicópteros - sempre servidos por condutores muito bem remunerados - desde o elevador do congresso e do planalto até os helicópteros.
Enorme desigualdade!
Não dá para ser irônico. Acho falta de seriedade e de comprometimento com a legitimidade dos movimentos de rua, dos quais participaram, sempre com grande estardalhaço, pessoas que estão exercendo cargos no governo.
Ora direis: vá ser pessimista no inferno.
Pode ser. Mas não consigo ficar feliz com o Brasil! Do jeito que não gosto de mirar o governo sob o prisma da galhofa, também não gosto de ver um povo que se mostra insatisfeito ser levado na troça.



Imagem: Sala de Moral.
http://salademoral.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html

DJALMA SANTOS - CRACAÇO EM UM JOGO SÓ

Copa do Mundo de 1958. Uma seleção brasileira predominantemente branca. No primeiro jogo, só Didi era negro. Seu reserva, Moacir, do Flamengo, também era negro. Na estreia, jogaram Gilmar, De Sordi, Belini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Dida, Mazzola,e Zagalo. Negro só Didi. Li, há muito tempo (não tenho certeza quanto ao autor, não me lembro do título do livro), que houve uma espécie de racismo naquela seleção, sem conotação de inferioridade, mas porque achavam que negro sofria "banzo", palavra de origem africana, que - segundo o dicionário informal - era usada pelos escravos, quando sentiam saudade ou falta muito dolorosa de seu lugar de origem. O preconceito devia-se - segundo o mesmo relato - a fracassos anteriores da seleção, no exterior.Depois foram entrando os que seriam chamados, hoje, afro descendentes: Garrincha no lugar de Joel; Zito no de Dino Sani, Pelé substituiu Dida (não sei se Pelé teria jogado desde o início, porque vinha de contusão). Foi quando a seleção mostrou mais técnica e arte. O último negro a entrar no time foi Djalma Santos, no lugar de De Sordi, na última partida - a decisiva - contra a Suécia.
Djalma Santos com Zito e Pelé, em 1963
Djalma Santos foi eleito o melhor jogador  daquela Copa do Mundo, em sua posição. Uma única partida foi suficiente para mostrar ao mundo o cracaço que era.
Djalma Santos faleceu ontem, em Uberaba, aos 84 anos.





Foto: Auto Notícias
http://altonoticias10.blogspot.com.br/2013/07/esporte-de-luto-aos-84-anos-morre.html


23 de jul. de 2013

DONALDO AMARO E MANOEL MENDES DO NASCIMENTO (POMPÉIA); HISTÓRIAS QUE ATÉ PARECEM ESTÓRIAS

BUFALO BILL

Bufalo Bill era o apelido de um rapaz considerado perigosíssimo: brigava, enfrentava policiais e o medo para ele não existia.
Foi lá pelos idos de 1960.
Uma vez, o Búfalo Bill, louco para arranjar alguma confusão, começou a soltar palavrões de todos os sentidos, dentro de um restaurante que, hoje, se chama Chalé.
O ambiente estava lotado.
Com aquele vozeirão de Búfalo, o pavor dos freqüentadores aumentava.
E ele, aproveitando disso tudo, gritou:
- Pra mim, aqui não tem homem!
Nesse momento, levanta o Alonsinho, com seus dois metros de altura e responde:
- Tem sim. Eu sou homem!
E o Búfalo dá o troco na hora:
- Então, são dois contra o resto.



Fonte: Histórias que até parecem Estórias.
Donaldo Amaro e Manoel Mendes do Nascimento (Pompéia)
Ilustração: Ercília.

21 de jul. de 2013

FORA DA JOGADA

Liga Mundial de Vôlei - Brasil x Russia (Foto: Divulgação/ FIVB)
Aconteceu antes do jogo Brasil x Rússia, final da Liga Mundial de Volei. Narrador do Sportv e comentaristas Carlão e Nalbert falavam sobre jogos anteriores. Na seqüência, Carlão passou a entrevistar um ex-jogador italiano de vôlei, dito cracaço. Falaram italiano, claro. Eu, muito interessado nas traduções, não me liguei em circunstâncias. De repente, minha mulher começou a rir e disse: olha só o baixinho! O baixinho era o narrador (baixinho, claro, perto de jogadores de vôlei).
Quando olhei, não pude conter uma gargalhada, perdendo todo o resto da conversa entre os ex-jogadores. O "baixinho" olhava estupefato para os dois, cara de quem diz: "estou entendendo nada".

Foto: Lance!Net
http://www.lancenet.com.br/minuto/Volei-Russia-Selecao-Canada-Liga_0_957504475.html

20 de jul. de 2013

VOLEIBOL: NÃO PODE FAZER BIRRA

Cena freqüente em campos de futebol é a rebeldia de jogadores contra decisões do árbitro. Chegam a "louvar" o juiz e o máximo que se vê é um cartão amarelo, quando vê. Voleibol é diferente. Hoje, no jogo Rússia x Itália, pela Liga Mundial, um jogador russo comemorou ponto de frente para os italianos e fez um gesto - que não foi obceno - que lhe custou um cartão vermelho, com ponto para o adversário. Havia sido advertido, momentos antes, com o amarelo, que não mais conta ponto contrário. Ah! O cartão amarelo significa advertência para toda a equipe. Depois, no jogo Brasil x Bulgária, um jogador búlgaro foi substituído. Recebeu aquela plaquinha que o substituto entrega, no ato da mudança. Embirrou: jogou a plaquinha no chão, com força, quebrando-a. Vejam bem: não se rebelou contra o juiz, nem ofendeu qualquer adversário. A atitude anti desportiva custou-lhe um cartão amarelo, com advertência a toda a equipe, mesmo estando fora de campo.
Não conseguimos esse nível, em jogos de futebol. Será que é porque os comentaristas de arbitragem inventaram que futebol é jogo de contato? Afinal, sendo jogo de contato por natureza, "delicadezas" não caem bem. Será, também, que os comportamentos de jogadores de futebol (pelo menos muitas vezes orientados por treinadores) não dificultam a evolução do esporte? Enquanto o voleibol progrediu muitíssimo, desde Bernard, William e companhia, o futebol vem perdendo beleza, objetividade, eficácia... Afinal, se o jogador pode fazer aquela tal de "falta tática" para impedir um contra ataque, para que é que irá esforçar-se para dominar melhor o esporte?

Imagem: Blog Jogada - Diário do Nordeste.

http://blogs.diariodonordeste.com.br/jogada/volei/brasil-busca-hegemonia-na-liga-mundial-de-volei/


18 de jul. de 2013

PADRE ALMIR: CITAÇÃO DE DONALDO AMARO E MANOEL MENDES DO NASCIMENTO (POMPÉIA)

HISTÓRIAS QUE ATÉ PARECEM ESTÓRIAS...

PADRE ALMIR
UM PADRE TÃO QUERIDO EM PATOS DE MINAS QUE, MORTO, VIROU AVENIDA.













A ilustração é de Ercília
 



O saudoso Padre Almir Neves de Medeiros tinha uma frase muito interessante sobre algumas personagens da cidade. Ele dizia:









"Em Patos tem gente tão pobre, tão pobre, que só tem dinheiro."



NOTA DO CADIKIM: Tenho amigos em Patos de Minas que transmitem muita admiração pelo Padre Almir. Pesquisando na rede, encontrei a foto e textos na página da Fundação Casa da Cultura do Milho, contendo informações sobre a origem da Festa Nacional do Milho.

Casa da Cultura do Milho: http://fcasadacultura.blogspot.com.br/2011/11/origem-da-festa-do-milho.html

16 de jul. de 2013

ENTENDO NADA DE FUTEBOL

Seedorf - Grêmio x Botafogo (Foto: Ricardo Rimoli/ LANCE!Press)





Apressadinho, não fui atualizar conhecimentos. Acabei falando, ontem, que o Botafogo foi garfado (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2013/07/ou-entendo-nada-de-futebol-ou-o.html). Entendia que, quando uma bola só resvala na defesa, havia impedimento. Mas o que me levou a erro foram as afirmações de vários comentaristas de que Kleber não participou do lance. Pesou, também, o fato de o auxiliar ter levantado a bandeira. Se admito não ter entendido, reafirmo que não estava cego. Kleber corria na direção da bola, olhando para o alto enquanto ela caía. Visivelmente, participou do lance. Certamente, o auxiliar terá visto isso.
Ontem à noite, no "Bem Amigos", o Arnaldo explicou que, desde o dia primeiro de julho (o cadikim estava pouco desatualizado), a FIFA recomenda que, quando o jogador tenta a jogada, a bola resvala nele e vai a um jogador em impedimento, este fato deixa de existir. Luiz Roberto, substituindo Galvão, disse que mesmo que Kleber tivesse assumido a jogada, o toque da defesa teria tirado seu impedimento e, se tivesse feito gol, teria sido legal.
Não conheço a nova interpretação da FIFA. Nas minhas peladas de menino, só havia interpretação literal: se tocou na defesa, tirou o impedimento. Era a mesma coisa que bola na mão: o jogador que se cuide para não abrir muito os braços, para não dar bandeira e não deixar que a bola toque em sua mão. Como Arnaldo César Coelho - conhecedor da interpretação da FIFA - corroborou a fala de Luiz Roberto, admiti que errara, ontem e propus-me declarar o erro. Está feito!

Foto: LANCE!NET
http://www.lancenet.com.br/minuto/Jogadores-Bota-bravejam-arbitragem-Gremio_0_955704500.html

15 de jul. de 2013

OU ENTENDO NADA DE FUTEBOL OU O BOTAFOGO FOI GARFADO.

Sou torcedor de nenhum time. Assim, não estou defendendo o meu lado. Mas não concordei nem com o juiz, nem com o auxiliar, nem com os comentaristas que ouvi achando legal o segundo gol do Grêmio. Disseram que Kleber estava adiantado, mas que não participou da jogada. Ou eu estava cego ou todos eles estavam. Ou outra coisa qualquer. Quando a bola descia, na área, o Kleber correu na direção dela, de forma inequívoca, olhando-a, no alto. Parou quando viu que Vargas ia de frente para a bola e para o gol, posição mais favorável do que a dele, Kleber. Vi isto em várias repetições do lance. Como não participou da jogada? Ou estavam cegos ou torceram. Quanto ao auxiliar, ao levantou a bandeira, marcando impedimento, não poderia ter deixado de ver o movimento de Kleber em direção à bola. Acho que, depois das tais de manifestações populares, torcida do Grêmio em peso, além de Renato, técnico, e de jogadores do time, preferiu voltar atrás na marcação. Penso que "medrou" (expressão usada por Garrincha, para dizer que um companheiro seu ficou com medo de continuar seu cúmplice, estória que trarei ao cadikim, repassando João Saldanha).
O resultado foi que o Botafogo acabou no terceiro lugar. O que penso ter sido erro do árbitro e do auxiliar tirou do Botafogo o segundo, aonde ficaria com um ponto a mais do que o Vitória. Muito desconcertante!

Foto: Últimas do Esporte.
http://wp.clicrbs.com.br/ultimasesporte/2012/10/14/brasileirao-2012-gremio-x-botafogo/

14 de jul. de 2013

O SOBRENATURAL DIVERTE-SE

O camarada estava numa baita roda de jogo de roleta. De repente, ouviu uma voz sussurrando-lhe números para apostar. Ganhou algumas vezes e ficou com uma bolada muito boa: cem mil reais. Resolveu ir para casa correndo. Temeu que a sorte virasse. Chegando, guardou a bufunfa na gaveta de baixo do guarda roupa, trocou-se e foi dormir.
Quase pegando no sono, ouviu a vozinha sussurrada dizendo:
- Volta pro jogo, rapaz!
Encolheu-se e cobriu a cabeça, para não ceder à tentação. Mas a vozinha sussurrada insistia:
- Volta pro jogo, rapaz! Volta pro jogo!
Não se agüentou. Levantou-se, dirigiu-se ao guarda roupa, abriu a última gaveta e retirou de lá dez mil reais dos que havia ganho.
A vozinha sussurrada seguiu tentando:
- Leva tudo, rapaz!
Não deu outra: "é hoje que eu arrebento", pensou. O camarada abriu a gaveta e retirou de lá os outros noventa mil. Voltou para a roda de jogo. Foi quando a vozinha cantou:
- Joga no 13, rapaz!
O rapaz apostou dez mil no 13. A vozinha, insistente e insaciável, ordenou:
- Joga tudo, rapaz!
Alteradíssimo, nosso rapaz botou toda a bufunfa na parada.
Logo após o croupier gritar o habitual "feito!", a roleta foi posta a rodar. Rodou, rodou, rodou... parou no 14. Foi quando a vozinha sussurrada soprou-lhe no ouvido:
- Quase, hein?

Foto: Toma lá disto!
http://ganhadinheiroagora.blogspot.com.br/2011/05/truques-para-ganhar-dinheiro-na-roleta.html

9 de jul. de 2013

QUE PAÍS MAIS RETRÔ, SÔ! (EDITADO EM 01/01/2020 - A HISTÓRIA TEIMA EM REPETIR-SE)











Aeronaves de milhões
pra transportar figurões
em suas vilegiaturas,
sem nem ligar pras agruras
que um povo sacrificado
reclama em alto brado
do transporte no metrô.
Que paisim mais retrô!
Nele vejo Barrabás,
parasita, amigo urso.
Temo que volte o discurso
que enganou tanta gente,
e até elegeu presidente,
de “caça aos marajás”.


Foto: PEDRINHO DO RIO.
http://pedrinhodorio.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html


7 de jul. de 2013

...MUITO MAIS ENGRAÇADO!

Primeiro, vou contar por que e como fui lembrar-me do texto-título.
Estava eu ouvindo notícias televisivas, quando me contaram que o Renan utilizou um jato da FAB, para ir a uma festa de casamento. Não se preocupem, meus amigos "Renans de Tal", que ninguém irá pensar que pode referir-se a qualquer um de vocês. Meu personagem jatista militante é inconfundível.
Presumo que a maioria dos que perdem tempo com este blog sabe de tudinho o que contaram. Peço licença para lembrar só um tópico: as autorizações para que "autoridades especificadas" possam voar nos tais jatinhos da FAB (nas asas do povo, claro) falaram em segurança e saúde e uma outra coisinha de que não me lembro, mas não fala em vilegiaturas (recorro ao dicionário, apenas para ter referência mais exata do que significa: "vilegiatura - s.f. - Temporada que se passa fora da terra, a banhos, no campo ou viajando, para descansar dos trabalhos habituais"). Ora direis: não será um cabotinismo (não vamos voltar ao dicionário, né?) usar palavra tão pouco encontradiça nos textos hodiernos? Espero justificar-me: a palavra "vilegiatura" foi-me ensinada por Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta para os íntimos - que preferia usá-la, quando se referia a atividades a que a mesma corresponde, praticadas por "autoridades" e adjacências. Talvez porque soubesse que a maioria não iria recorrer a dicionários e poderia até achar que era elogio.
Mas vamos em frente: Renan falou, com arrogância, que exerce alto cargo e que tem direito de utilizar aeronaves oficiais para vilegiaturas (ele não falou com essa palavra, claro; provavelmente, não terá lido Stanislaw Ponte Preta). As autorizações citadas não indicavam a autorização que ele afirmava. Achei mais que engraçado, uai! Como é que um cara diz, via Embratel e na maior cara de pau, que tem um poder que a norma específica não garante? Mesmo sabendo - sabidíssimo - que não está bem na fita, nas asas do povo, que repetiu, muitas vezes, em manifestações de rua, "fora Renan!". Parece que levou nada a sério a advertência popular. Muitíssimo engraçado! Concomitantemente a esse fato, recebi uma notícia, pela rede, sobre o CQC na Assembleia Legistativa de Minas Gerais - anunciada no programa como a mais cara do Brasil. Não gosto de galhofas com políticos. Sei que são uma das melhores fontes de inspiração dos humoristas.  Mas não sou humorista. Prefiro tratar de seus assuntos com seriedade, não porque seja sério eu, mas porque a gente perde o foco. De fato, o altíssimo custo da Assembleia de Minas - quase um bi por ano, segundo o CQC - é assunto "muito seríssimo", como diria o Cabo Miguel.
Abri exceção e fui ver a lereia do CQC. Gente! Ouvi deputado falar cada coisa! Não dá para transcrever tudo. Melhor vocês olharem em "CQC visita Assembleia de Belo Horizonte" em
http://www.youtube.com/watch?v=ExP_nDzG6Zo. É hilário e muito triste. Triste saber que aqueles caras que aparecem lá decidem os destinos de nós mineiros. Usam a palavra "democracia" segundo os entendimentos lá deles, absolutamente divorciado do que seja a tal.
Mas vamos arrematar: por que foi que os dois fatos narrados fizeram-me lembrar do texto-título?
Porque, há muito tempo, estava em uma festa e resolvi contar uma anedota - verdade verdadeira vestida de anedota - que, se não me engano, foi-me contada por Stanislaw Ponte Preta. Em uma roda, um deputado reclamava: "Todo mundo diz que deputado ganha muito, que deputado é privilegiado. Deputado ganha bem, sim. Mas tem muita gente que ganha mais do que deputado. Por exemplo: o Chico Anysio ganha muito mais do que um deputado!"
Foi um bastante para um gaiato rebater, de sem-pulo:
"Ah! Mas ele é muito mais engraçado!"

Foto: Agora News MK
http://agoranewsmk.com.br/primeiro-escalao-de-dilma-usa-jatinhos-da-fab/

5 de jul. de 2013

UM GATO NO "HORA DO BRASIL"

Um gato de verdade! Justo no "Hora do Brasil", programa oficial que contém muitas informações relevantes. A gente não costuma ouvir, mas deveria ouvir mais. Ações dos Três Poderes têm espaço ali.
Ontem, estava no carro, todas as rádios ligadas no "Hora do Brasil". Quando entrou o bloco do Poder Judiciário, ouvi uma decisão das mais interessantes: uma senhora, que comprara um gato, verificou, posteriormente, que o gato era surdo. Indignada, moveu ação contra o vendedor do gato que - segundo informado na narrativa - ocultara o defeito do gato. O vendedor propôs substituir o "produto", como admite o Código de Defesa do Consumidor. A senhora não quis, dizendo que, apesar da surdez do felino, já se havia afeiçoado a ele. A decisão foi quase salomônica: o vendedor teve de restituir à consumidora metade do valor pago e indenizá-la de despesas feitas com veterinário.
À primeira vista, parece que a manifestação oficial destinava-se a mostrar aos ouvintes (sabe-se que são poucos) que a Justiça cuida com muito rigor dos direitos dos consumidores.
Não gostei. Primeiro porque acho que o Código de Defesa do Consumidor é pouco aplicado ainda, seja pela lentidão da justiça, seja pela descrença do consumidor, exatamente por causa da mesma lentidão, que os mantém muito tempo "atrelados" ao problema, ou outro motivo qualquer.
Meu não gostar tem fundamento que considero maior: acho que a notícia desse gato não vai impactar os consumidores. Poucos assistem ao programa, todos sabem. Não bastasse isto, o caso é tão pouco incidente, deve ser tão raro alguém vender ou comprar um gato surdo, que não me parece relevante.
Gostaria de ouvir, no "Voz do Brasil" uma notícia de aplicação das penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor aos que chamo de "fornecedores de massa", que são os bancos, as operadoras de celulares, as telefônicas, as prestadoras de serviços públicos em geral, que - segundo tenho lido - são campeãs de reclamações em PROCONS. Penso que poderia ter ocorrido uma intervenção poderosa, quando a ANATEL, em um rasgo de audácia, suspendeu venda de celulares e de linhas pela Tim e pela Vivo, por noventa dias. O Ministério das Comunicações entrou na parada e reduziu o prazo de suspensão para quinze dias, afirmando que era o bastante. É óbvio, uai! Se ficarem sem vender celulares e novas linhas, não ocorrerá a arrecadação de impostos correspondente. Será que não havia uma forma legal qualquer de alguém conduzir o problema ao Poder Judiciário, como um conflito de consumo que atingia um segmento social muito numeroso - e continuou atingindo porque, tendo o Ministério das Comunicações aliviado, a prestação de serviço de telefonia ficou com as mesmas deficiências e reclamações.

Foto: Fashion Dicas
http://www.fashiondicas.net/gato-branco-sensivel-ao-sol/

ME DISSERAM... (MÁRIO QUINTANA)



Eneida Serrano
"Quando a gente vê dois bêbados, pode apostar: um bebeu porque tem mulher, o outro porque não tem."




Fonte e foto: Rádio Batuta.

http://radiobatuta.com.br/programa/mario-quintana-na-voz-de-eucanaa-ferraz/

MOZART HAMILTON CRONISTA

EU AQUI E... UM TAL DE MORRIS LÁ

Década de 1930, se não me engano. O Cabo Abdias comandava o Destacamento Policial de Lagoa Dourada, da área do então 9º BCM da Força Pública. Em Barbacena, sede do Batalhão, assumia o Comando o Coronel Morris, legendário oficial da Polícia Militar, mercê da sua liderança, senso de justiça e disciplina.
Como de praxe, tempos depois de assumir o Comando do Batalhão, foi inspecionar alguns destacamentos. Passou por São João Del-Rey e dirigiu-se a Lagoa Dourada. Lá chegou por volta das 10:00 horas e dirigiu-se ao Quartel do Destacamento. Estava com guarda pó (naquela época não havia asfalto... só poeira) e não era possível divisar-lhe o uniforme, e muito menos a patente, então representada por galões com "laço húngaro". À porta do Destacamento estava o Soldado Claudino, que ante a indagação do Coronel pelo Cabo Comandante, respondeu:
-Olha, moço: o "sô" Cabo só atende "consultas" das 08:00 às 11:00 horas, e hoje ele não atende mais porque vai pescar.
Ante a insistência do Coronel em falar com o Cabo, este, vindo à porta, esbravejou:
-Olha moço, hoje eu não atendo mais, e quem manda aqui sou eu. Sou eu aqui e um tal de Morris em Barbacena.
O Coronel não se importou. Prosseguiu na viagem de inspeção e, de retorno a Barbacena, determinou, por telégrafo:
"Cabo Abdias pt venha à sede vg até quarta feira e se apresente a este Comandante pt".
Naquela quarta feira o Cabo Abdias chegou ao Gabinete do Comandante, apresentou-se e ouviu:
-Então é você lá e um tal de Morris aqui, não?
No mesmo dia, o Boletim Interno "cantava":
"Quarta Parte. Justiça e Disciplina. Fica preso por cinco dias o Cabo Abdias, por tratar com desrespeito o seu comandante e por pescar durante o expediente."


NOTA DO CADIKIM: Linguagem de época.
"Força Pública" é a instituição que passou a chamar-se "Polícia Militar".
"BCM" era a sigla de "Batalhão de Caçadores Mineiros", que foi mudada para "BI", "Batalhão de Infantaria" e que é, hoje, "BPM", "Batalhão de Polícia Militar".

"Galões com Laço Húngaro" eram as peças de uniforme usadas por oficiais da Polícia Militar.

Foto: Medalhística Militar Paulista.
Duas platinas de ombro, a da direita com laço húngaro.










4 de jul. de 2013

CALDO DE GALINHA E PRUDÊNCIA: MUITA GENTE PRECISANDO.

Há um provérbio, cuja origem desconheço, que merece ser pensado sempre: "prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém".
Manifestantes depredaram cabines de pedágio e placas de sinalização em Cosmópolis (SP)
Ontem, durante um jornal televisivo, preocupei-me. Vi um quadro muito desagradável de violência em manifestações populares. Esse quadro foi visto, também, em permeio às manifestações populares urbanas. A gente sabe que muito bandido aflora, até em pessoas que não são profissionais da bandidagem, quando há tumulto. Em muitos casos, um acidente grave em rodovia enseja oportunidade a pessoas, que não se viam como malfeitores, de recolher bens de diversas naturezas, em ações manifestamente desonestas.
Os atos de violência contra bens públicos, quebrar e incendiar cabines de pedágio são atos nocivos à própria sociedade. Com o risco de causar desabastecimento, prejuízos grandes e de difícil e onerosa recuperação, etc.
Em verdade, em todas as situações, em um país civilizado, governo e sociedade deveriam estar de mãos dadas. Mas não estão.
Quem terá "soltado a mão"? Governo? Sociedade? Ambos?
Não sei. Mas sei de desmandos de governos (coisa muito antiga), com enormes desvios de dinheiro, que representam um "soltar a mão" da sociedade. Como em todos os lugares do mundo, quando os governantes distanciam-se da sociedade, o povo acaba cansando-se ou identificando um pretexto, ou para protestar pacificamente ou para protestar com violência. Em uma coisa, pelo menos, governantes distanciam-se de seus eleitores: opulência e riqueza, coisa que muitos não tinham antes de serem eleitos. Além disto, os próprios políticos estabelecem regras que favorecem o continuísmo.
Há muitos anos, durante o período da ditadura pós 1964, em uma palestra a que assisti, ouvi de um membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra, quando indagado sobre desvios do governo, a seguinte afirmação: "Quando um governo afasta-se dos objetivos nacionais permanentes, sobrevém a revolução".
Só o povo é violento?
Penso que não. O conceito de violência não abrange apenas os atos de agressão física. Infelizmente, temos visto muitas ações de governo que se enquadram nele. Acresce que o governo "tem a força" para esconder, dissimular essa violência.
O exemplo mais recente - não sendo o único, já falo na privataria tucana, para que não me venham dizer que é postura anti-PT - é o do mensalão.
Para falar que existiu mesmo e que aqueles condenados são culpados, ou que não existiu (como há gente afirmando) impõe-se conhecer os autos. De todos que pedem a cabeça dos condenados, e daqueles que querem poupá-las, suponho que ninguém, ou que muitíssimo poucos conheçam os autos. Mas assisti a várias sessões do julgamento da ação penal correspondente e ouvi de acusados a confirmação da prática de atos que são crimes. Além disto, o povo todo viu muita coisa estranha: cena de gente recebendo pacotes de dinheiro, sem que ninguém tivesse denunciado montagem das imagens; imagens idem daquilo que praticamente virou símbolo da corrupção: "dólares na cueca"; várias coisas mais. Vi emergir daquele furdunço a criação de um neologismo - "ativos não contabilizados" - substituindo a expressão "caixa 2". Não me contaram, não. Assisti pela tv o Delúbio Soares criando e explorando o "neologismo" que criou. No entanto, há condenados exercendo cargos no legislativo federal, protegidos por um princípio de não retroatividade - que, sendo legal, acho que merece respeito. Essa proteção, institucionalizada para proteger o cidadão, não escolhe entre bons e maus.
Ora, parece que o povo cansou-se. Pior, se todas aquelas manifestações e todas as depredações nas praças de pedágio foram orquestradas, é porque algum "maestro" encontrou terreno fértil para a orquestração. Esse terreno fértil não foi adubado pelos manifestantes, mas pelos governos - insisto: a coisa já vinha com erros há muito tempo, ou desde sempre, com intervalos de "pacificação".
Vai daí que é preciso algum tipo de atitude, de ambas as partes, para que toda manifestação, toda ação popular seja revestida de intenção pacífica, ordeira, sem perder intensidade e frequência. O furdunço só irá promover lucro para uns poucos. Como sempre.
"Prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém".

Foto: UOL Notícias.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/28/protesto-em-cosmopolis-sp-causa-destruicao-de-placas-e-cabines-de-pedagio.htm

3 de jul. de 2013

ESTÁS BRINCANDO, EXCELÊNCIA!

Tenho comigo que respeito é uma via de mão dupla. Já vi o ex-presidente Collor depreciar coisas brasileiras, principalmente produtos que qualificou como "carroças". Já vi o ex-presidente Fernando Henrique chamar aposentados de vagabundos. Já vi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamar de imbecis os que com ele não comungavam opiniões.
Agora, vejo a Presidente da República pautar um plebiscito, à guisa de contra-informação da mobilização popular, ação que pretende jogar a crise para muito adiante - muito provavelmente para após as próximas eleições - sendo que as pautas populares foram de soluções imediatas. A palavra "JÁ" fez parte de muitos cartazes. Dias Gomes - que a esquerda conheceu bem - falou, por boca de Odorico Paraguaçu, que "contra-informação é providenciamento urgente".
Informa-se que a Presidente encaminhou proposta ao Congresso, para realização de plebiscito com indicação de cinco perguntas para serem submetidas ao povo (vi pela tv e na rede):

- O financiamento das campanhas deve ser público, misto ou privado?
- Eleições para deputados e vereadores devem se manter proporcionais ou se tornar distritais?
- Deve continuar existindo suplência no Senado?
- Coligações partidárias devem ser permitidas nas eleições?
- O voto no Parlamento deve continuar sendo secreto?

Primeiro reparo: penso que a pauta de consulta popular, neste momento, deve ser encaminhada pelo povo. De fato, os participantes nas manifestações públicas representam uma pequena parcela do eleitorado brasileiro. Assim, as questões levantadas por esses participantes deveriam ser encaminhadas a plebiscito, para verificar se a maioria desse eleitorado quer as mesmas coisas que os manifestantes disseram que querem. A Presidente ou qualquer outra autoridade que se puser a pautar, do jeito que vem acontecendo, estará buscando postergar e afastar problemas, o que não me parece tenha sido a intenção dos manifestantes. Querer implantar qualquer das demandas daqueles manifestantes das ruas, na base da determinação governamental, seria impor uma ditadura das minorias. Mas o governo - seja no Executivo, seja no Legislativo - querer pautar a vontade do povo, enquadrando-a em um pequeno número de perguntas, será a ditadura institucionalizada. Será semelhante à escolha do gol mais bonito: a emissora de tv escolhe cinco, exibe-os e quer que os espectadores escolham um. Não há como dizer à emissora que um outro gol foi mais sensacional. Pareceu-me que os manifestantes não pretenderam ser espectadores.
Os cinco itens acima parecem-me referir-se a "reforma política".
Pelo que vi no portal do Senado, com data de 05/10/2011
(http://www.senado.gov.br/noticias/Especiais/reformapolitica/noticias/plenario-encerra-1-turno-de-discussao-de-propostas-da-reforma-politica-e-devolve-dois-projetos-a-ccj.aspx), os projetos de reforma política estão naquela casa há cerca de dois anos, pelo menos. Está lá na página: "Plenário encerra 1º turno de discussão de propostas da reforma política e devolve dois projetos à CCJ". Observe-se o vai-vem: CCJ para plenário; plenário volta à CCJ.
Falou-se em plebiscito, por acaso?
O Congresso - cujos integrantes recebem altos salários e vantagens, pagas por nós, exatamente para legislar - não conseguiram, até agora, deslindar essas propostas. Se vier um plebiscito, para resultado após 5 de outubro, não vai valer para as eleições de 2014. Então, acho que pode deixar para o Congresso realizar o que já deveria ter feito, e atacar agora o que deve e pode ser resolvido de imediato, sem muita burocracia. Tem muita coisa que pode.
A Presidente quer jogar no colo do povo uma espécie qualquer de incapacidade do Congresso, e quer que o povo resolva em pouco mais de três meses o que está pendurado há anos. Sem que esse mesmo povo tenha sido preparado para entender com clareza o que está em discussão.
Por isto falei, no início, que respeito é uma via de mão dupla.
Ah! Penso que é o povo quem deve pautar o governo e não o contrário. Pelo menos está no livrinho que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. Se o povo não está satisfeito com a representação, é o povo quem deve pautar.


Imagem: Café com Notícias.

http://cafecomnoticias.blogspot.com.br/2013/06/vempraruabh-manifestacao-popular-no.html#.UdSDlfm5cy8

1 de jul. de 2013

RUIU O PALANQUE!


Centurião estimulando atleta classificado
para participar dos Jogos Olímpicos na
Grécia antiga.
A ninguém escapa que a busca, pelo governo brasileiro, do direito de sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo tinha algo de projeção de palanque. Copa do Mundo em junho ou julho de 2014, eleições em outubro. Não precisa explicar muito. Só promover as Copas no Brasil já seria um prato cheio. Brasil campeão seria a glória.
Acontece que as Parcas - três irmãs que habitam a Mitologia Grega, e que decidiam o destino tanto dos deuses como dos humanos, fabricando, tecendo e cortando a linha que representa a vida de cada um deles - entenderam de tecer e cortar diferente. Exceção apenas - pelo menos no que diz respeito à Copa das Confederações - quanto ao resultado dessa competição. A outra é porvir.
Clotho tece diariamente o fio da vida.
Lacheisis puxa e enrola o fio tecido.
Átropos corta o fio da vida.

 
E o que teceram as Parcas? Teceram que, em um momento qualquer, os cidadãos brasileiros iriam expor publicamente as malcheirosas feridas de suas decepções, de seu descontentamento. E mesmo que o cadikim recrimine, as Parcas teceram ações nefastas de pessoas que estão acostumadas a praticar crimes à luz do dia, ensejando a que, desde há muito tempo, o povo venha clamando por Justiça, em situações muito dramáticas de tragédias gregas - a perda de entes queridos.
Deu-se que as manifestações de descontentamento chegaram às vaias à própria Presidente da República, na solenidade de abertura do evento, na presença de autoridade esportiva estrangeira. As Parcas haviam tecido um caminho luminoso e entenderam de cortá-lo e iniciar outro tecido.
A Presidente da República achou melhor não ir ao Maracanã.
Muita ocupação no governo, ensaiando um ror de caminhos para neutralizar a crise.
O Palanque ruiu.
O que estarão fiando as Parcas?


Imagem: "Asterix nos Jogos Olímpicos", R. Goscinny e A. Uderzo.
Imagem: Peregrinacultural's Weblog.
http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/08/24/as-parcas-ou-moiras-temidas-por-todos