31 de out. de 2022

MILLÔR EM PEDACINHOS - INDIVIDUALISMO. POSITIVO E NEGATIVO.


"Depois de tantos anos de vida, por consciência, temperamento ou até mesmo por cansaço, descubro que sou e continuo sendo um democrata. Alguém tinha que ser."


Millôr Fernandes, em "O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr", páginas 179 (título) e 184 (texto).




19 de out. de 2022

PRECISAVA DE STF? PRECISAVA, SIM! O ELEITOR PERTENCE À TURMA DO FLAUTIM!

Ainda no inicim de outubro, um mês antes das eleições, cadikim comentou que só nos três dias anteriores tinha ouvido referência a preocupações de alguns governadores e prefeitos, relativamente a transporte dos eleitores para locais de votação. Pra não deixar de dar pitaco, sugeriu que, como a atividade do eleitor sair de casa e ir votar é também um serviço prestado ao País, do mesmo jeito que o candidato empenhar-se em ocupar um cargo de sacrifício em benefício de todos é um serviço prestado ao país, no âmbito eleitoral, e que o financiamento mais lógico seria pelo tal fundo eleitoral, que financia montão de coisas.  Mais ou menos isto, pode ser visto em https://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2022/10/transporte-gratuito-para-eleitores-em.html.

Provavelmente, a preocupação dos políticos não teria sido exatamente o conforto ou a economia do eleitor para deslocar-se, mas para evitar abstenções, até por eventual incapacidade financeira do eleitor para financiar a atividade.

Aí, começou-se a levantar dúvidas sobre a possibilidade de se atribuir hipótese de ilícito eleitoral a disponibilidade de recurso público para o deslocamento de eleitores.

Daí, acabou que o assunto foi parar no STF e o Ministro Barroso achou de liberar transporte gratuito para eleitores. Agora, o Plenário do STF está decidindo se confirma a decisão monocrática do Ministro Barroso.

Acho que carecia disso tudo não, sô. Era só os caras que inventaram o tal Fundo Eleitoral terem pensado que o eleitor também presta um serviço à Pátria, quando vai votar. E que esse serviço merece ser contemplado com pelo menos o transporte para o local de votação, como de quebra, um lanchinho, conforme o tipo de demora.

Ninguém pensou no eleitor como agente de patriotismo no ato de votar. Só eles são patriotas!!!!

Mas aonde é que fica a "turma do flautim", mencionada no título? Para quem tiver tempo e paciência, conto o causo.

O rei andava muito deprimido e muito triste na solidão de seu castelo. Certa manhã, bem cedinho, estava imerso em sua enorme depressão, quando ouviu ao longe, aproximando-se, cada vez mais audível, num crescendo: pom pororom pom pom pom pom pom pom pom pororom pororom pom pom pom (veja se o vídeo ao final ajuda)...  o rei foi sentindo-se animado com um dobrado executado pela banda do palácio, animou-se tanto e acabou muito alegre, satisfeito. Rei satisfeito chama quem?

- Chama meu tesoureiro!

Apresentando-se o tesoureiro, disse-lhe o rei:

- Forme essa banda e encha os instrumentos dos músicos de ouro!

Desceu ao pátio do castelo o tesoureiro, arrastando um enorme saco cheio de ouro. Enquadrou a banda e mandou que o tocador do bombo abrisse um dos lados do instrumento. Derrubou um monte de ouro dentro do bombo. Depois, a tuba, o bombardino, o trombone, os saxofontes, os trumpetes... até que chegou ao flautim. Neste, a muito custo e habilidade, conseguiu inserir só um muito pouquinho de ouro.

Retornando ao palácio, para dar contas ao rei de sua missão, não deixou de comentar:

- Majestade, o cara do bombo levou uma quantidade grande de ouro mas o do flautim, coitado, ganhou uma quantia quase insignificante. Instrumento muito pequeno, cabia quase nada.

O rei objetou (rei objeta):

- Não se preocupe, tesoureiro. Assim é a vida, uns contemplados com muito e outros com quase nada.

A banda continuou tocando, o rei seguiu alegre, descontraído, até que... ah! O rei sofria de insônia. Certa noite, passou-a acordado, tentando inutilmente dormir, irritadíssimo, esgotado... até que, de madrugadinha, pegou no sono. Dia raiando, o rei naquele soninho gostoso dos insones, e lá vem a banda: pom poom pom pom pom poom pompom pom poom popom pom pom pom pom pom pom pom pooom porompopompom (vídeo abaixo)...

O rei acordou pdavida. Rei pdavida chama quem?

- Chama o Comandante da Guarda!

Apresentou-se o Comandante da Guarda.

- Comandante da Guarda! Forme essa banda e enfia o instrumento de cada músico no fiofó dele!

Desce o Comandante da Guarda. Enquadra a banda e fica o dia inteiro ali. À tardinha, volta ao palácio, para dar contas ao rei de sua missão:

- Majestade! Não tem jeito, Majestade! Não cabe! Tentei de tudo! Só consegui no cara do flautim!

Então? O eleitor pertence ou não pertence à turma do flautim?


REI DEPRIMIDO



REI INSONE

Nota: esse causo veio por tradição oral. Não me é possível atribuir crédito.



11 de out. de 2022

NAS LETRAS DE NOSSAS CANÇÕES - A SÁTIRA CAIPIRA



"O caveiro tomou uma bebedeira

e matou-se de um modo romanesco

por causa dessa ingrata caveira

que trocou ele por um defunto fresco."





Alvarenga e Ranchinho com Ciquinho Salles em "Romance de uma Caveira".




Para ouvir com a dupla: YouTube.

https://www.youtube.com/watch?v=8WOTNBQoxO8


Imagem: cifraclub.

https://m.cifraclub.com.br/alvarenga-ranchinho/

1 de out. de 2022

TRANSPORTE GRATUITO PARA ELEITORES EM DIA DE ELEIÇÃO: ALGUÉM INCLUIU ISSO NO PLANEJAMENTO DO "FUNDO ELEITORAL"?

 Eleitores só são declarados "muito importantes" pelos administradores públicos em um dia a cada dois anos: no dia da eleição.

Estamos em véspera dela e só nos três últimos dias tenho ouvido notícias, pela TV, de preocupação de alguns governadores e prefeitos, quanto ao transporte dos eleitores para os locais de votação. Vejo, hoje, notícia de que "pelo menos nas capitais os eleitores terão transporte gratuito".

Não consigo me conformar com o modo como certas coisas são tratadas: o conjunto dos cidadãos  eleitores não é considerado a não ser nas vésperas da eleição. Deveria ser considerado nos planejamentos desde o dia em que, em cada ano eleitoral, cogita-se da realização das eleições, mediante o estabelecimento de uma regra permanente.

Ora! O financiamento das campanhas dos candidatos é matéria de orçamento público. Tem o tal Fundo Eleitoral, com recursos bastantes para garantir que os candidatos possam fazer suas propagandas. Tudo bem: é muito importante a participação do cidadão como candidato a ser um trabalhador que se sacrifica em prol do Brasil.

Ora! Mas também é muito importante o eleitor participar da tal Festa da Democracia, com o seu comparecimento às urnas, comparecimento que é insistentemente solicitado em propagandas televisivas.

Para bem cumprir esse dever cívico - que, como no caso dos candidatos, nada mais é do que uma prestação de serviço ao Estado - o cidadão precisa deslocar-se. Um deslocar-se que onera seu orçamento, não raro insuficiente para satisfação de todas as suas necessidades.

Enquanto os candidatos são financiados para participarem da Festa da Democracia, os cidadãos eleitores são obrigados a participar  dela custeando - eles próprios - sua participação.

Penso que seria o caso de os deslocamentos  de eleitores para os locais aonde se realiza a Festa da Democracia passarem a ser financiados pelo Fundo Eleitoral.

Nem se diga que é muito caro (150.000.000 de eleitores) e muito difícil de planejar. Não concordo. Rodam muitas centenas milhões por aí para outras atividades menos importantes do que as eleições - pelo menos nas reiteradas avaliações dos políticos. Quanto a planejamentos, temos pessoal altamente qualificado que consegue alocar milhões em seus projetos com facilidade de fazer inveja.

E estou certo de que os políticos receberiam de cabeças e braços abertos a oportunidade de, através dos recursos do Fundo Eleitoral, garantirem aos cidadãos eleitores os
deslocamentos necessários ao cumprimento do dever cívico.


Imagem: 

https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Abril/eleicoes-2022-confira-as-principais-informacoes-para-votar-em-outubro