"Em antigos sistemas políticos, os nobres parlamentares, disputando com seus pares-em-poder, não podiam prometer sem sofrerem pressão - dos seus rivais no dia-a-dia político - por realizações. De tempos em tempos leiloava-se o Parlamento, os lances sendo feitos, como hoje, com promessas, estas, porém, com um mínimo de garantias. Depois de um século ou dois o processo ficou tão difícil que os Senhores acharam menos cansativo e perigoso dar ao povo, em vez de reformas, o direito ao voto. O engodo é perfeito. A Opinião Pública que, atingindo nobres e ricos, acabava restringindo esses velhos líderes 'naturais', desapareceu sintetizada num escrotínio (sic) periódico. Os novos líderes, 'revolucionários', conseguiram, sem má consciência, e com perfeita impunidade, dizer hoje uma coisa e amanhã outra, sem serem cobrados depois. Pois estão ratificados, senão santificados, pela Urna e pelo Voto.
ADVERTÊNCIA A LUIZ ANTÔNIO GRAVATA, GEÓLOGO, COLECIONADOR, INFORMATA. 1979"
Fonte: O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr, pág. 140.
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