Não sei quem era a mulher que descia uma rampa, no Palácio do Planalto (Achei! Era uma senadora). Houve uma quase queda, e a visitante foi amparada pela Presidente Dilma. Até aí, um simples incidente. Os comentários é que deram dimensão diferente. Logo alguém falou que o arquiteto que projetou o palácio não preparou o ambiente para que fosse freqüentado por mulheres. Outra passoa observou o tamanho do salto do sapato da visitante. É claro que o feminismo ficou em evidência: nunca ninguém, antes, neste país, imaginou que uma mulher pudesse freqüentar o Palácio do Planalto.
Penso que é oportunismo para levantar bandeira feminista.
Penso que, se a Constituição Federal representa a índole e os anseios sociais de um povo, qualquer discriminação deve ser olhada com reservas.
No entanto, tenho comentado que, na luta contra a discriminação e as restrições, nem o negro, nem a mulher, mudaram de posição batendo panelas. Foi mostrando serviço.
Sabe-se que foi com a Constituição de 1934 que o voto feminino foi regulamentado, no Brasil. Mas antes disto, em 1927, uma gaúcha, Celina Guimarães Viana conseguiu inscrever-se como eleitora Não sei se foi sobre essa Celina que li, há tempos, que, sendo bacharel em Direito, leu na Constituição, mais ou menos o seguinte: "Podem votar e ser votados: 1. os brasileiros natos". Aí, disse: "Uai, eu sou isso aí!" Ou melhor, não sendo mineira, deve ter dito: "Barbaridade! Sou brasileira nata, tchê!".
E conseguiu ser a primeira eleitora no Brasil. Já a primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo era do Rio Grande do Norte. Alzira Soriano, eleita prefeita de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Não terminou seu mandato, porque a Comissão de Poderes do Senado anulou os votos de todas as mulheres.
Machismo? Não! Coisa que acho "mais pior"! Arbítrio. Pensando em arbítrio, estamos repudiando qualquer tipo de arbítrio, que possa ser praticado contra homens ou contra mulheres. Pensando em feminismo, estamos comprando a briga errada, acho.
Tem mulher de atitude mais antiga. Chiquinha Gonzaga quebrou padrões muito mais rígidos. Comentei sobre ela, há mais de vinte anos, dizendo que, quando as donzelas que prezavam o título só tocavam ou cantavam em saraus, na casa do papai, Chiquinha Gonzaga foi para ribalta, ingressando no panteão das feras da música, da cultura e da política brasileiras. Em 11 de junho de 1912, estreava a mais famosa peça teatral musicada por ela, com mais de trinta peças musicais, sendo que Forrobodó é a mais lembrada.
Daí, penso que não há opressores. Há oprimidos.
Chiquinha Gonzaga era filha de um de um general do exército imperial. Casou-se com um oficial da marinha imperial. Para exercer sua arte e realizar-se como grande compositora e arranjadora, dentre outras coisas, "meteu o pé no balaio de ovo" e deixou tudo o que isto podia representar.
É claro que as mulheres ocupam, atualmente, espaço muito importante no mundo. Mas as restrições, para mim, não estavam em machismo, mas em arbítrio. Capacidade de ganhar a concorrência na marra.Quando alguém enfrentou, com atitudes, os homens não conseguiram segurar a onda.
Agora, querer que os arquitetos que projetaram Brasília (machismo é coisa "da antiga") pudessem imaginar os tamanhos dos saltos dos sapatos das mulheres, em 2012, aí também é demais pros meus sentimentos, tá sabendo?
Foto Senadora: Blog do Camarotti.
http://g1.globo.com/platb/blog-do-camarotti/
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