"Entenda a operação Lava Jato" |
Enquanto a senhora Kodama tentava explicar-se, o Sr. Presidente da CPI interveio, chamando "Sra. Nelma!", várias vezes - teve de ser insistente, porque a senhora Kodama fingia não entender as chamadas, tendo chegado a dizer, entre uma e outra, "eu vou responder ao senhor". O Sr. Presidente disse que não estavam em um teatro, e advertiu a depoente: "Vossa Senhoria se detenha a responder as perguntas, mantendo a ordem e o respeito ao Congresso Nacional, que neste momento está aqui fazendo a apuração". A depoente insistiu que "gostaria de responder, então". Tornou o Sr. Presidente: "responder com respeito, e não...", quando foi rapidamente interrompido pelo infeliz Sr. Deputado perguntador, dizendo que a depoente já havia respondido à pergunta e que se dava por satisfeito.
Mas que lereia, sô!
A moça estava respondendo, uai! Foi o Sr. Deputado inquisidor quem deu início a toda a celeuma, perguntando sobre uma circunstância que nada esclarece sobre a participação da Sra. Nelma nas ações de corrupção na Petrobrás. Poderia ser esposa, amiga, amante, empregada, ou simplesmente uma pessoa habilidosa e disposta a fazer qualquer coisa, contratada para participar. Amante ou não, poderia ter participado.
Será que o deputado inquisidor não tinha coisa mais relevante a perguntar, tendo precisado justificar-se que só estava perguntando porque ela declarara ter sido amante de Youssef. Para mim, o Sr. Deputado gastou e provocou o gasto, desnecessariamente, de um tempo que custou (mas não valeu) o nosso dinheirinho, para fazer uma pergunta que me parece absolutamente irrelevante. Data venia, como gostam os juristas, o Sr. Deputado não sabia como participar com eficácia, ou não quis.
Quanto a estarem em um teatro, penso que estavam, sim. O Sr. Presidente permitiu a pergunta que, sem implicar censura ou constrangimento, poderia ter sido indeferida, por impertinente e inútil. Está na lei e refere-se a economia processual (o que, naquele ambiente, parece não ter significado, já que quem paga é o povo, mesmo). Se o leitor interessar-se, veja, no cadikim, "Vocação Precoce" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2013/02/vocacao-precoce.html).
No mais, a contracena de um dos presentes reforça a impressão de que naquelas cortes respeito ao Congresso Nacional deixa lacunas respeitáveis (ou irrespeitáveis, sei lá).
O que mais me impressiona, em tão deplorável situação, é que a senhora Nelma Kodama poderia ter incorporado uma de duas personalidades - se não as duas: uma pessoa ingênua, achando que pode ser importante mostrar os bolsos de trás dizendo que os euros foram encontrados ali e não na calcinha (o que, penso, não faz diferença, se era ilegal o porte dos euros) e entendendo de cantar e interpretar uma canção em plena sessão de CPI - o que acho terrível!; ou uma pessoa maliciosa, direcionando todas as suas atitudes com o objetivo de mostrar fragilidades no exercício de investigações em CPIs, a ponto de conseguir transformar aquilo em um teatro (incluindo contracena) - o que acho mais terrível!
Foto e "chamada": G1 - POLÍTICA.
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/index.html
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