...para vacinar. Havia cerca de cinco pessoas já chegadas ali. Além dessas, um jovem casal estava com um recém-nascido no colo, parecendo que nada a ver com vacina. Foi quando a profissional de saúde chegou à porta, depois de liquidar umas duas ou três faturas em família, com o inevitável choro do pequenininho, chamou a próxima e avisou que, após vaciná-la, iria paralisar a vacinação por um tempo, porque havia uma paciente puérpera, com o bebê no colo, e que iria atendê-la com prioridade, para fazer o exame do pezinho no bebê, o que demoraria um pouquinho (tratava-se do casal). Ficamos todos na nossa, aguardando o reinício da vacinação.
Foi quando chegou uma moça, bem vestida, porte diferente de todos os que ali aguardávamos, e perguntou se estava havendo vacinação. Resposta positiva, perguntou quem iria ser vacinado. Uma pessoa indicou o grupo na espera. Aí, perguntou se ia demorar. Ninguém tinha mínima ideia. Aí a moça perguntou quem seria o último. Duas crianças foram indicadas. A mocinha, então, falou que o lugar seguinte era dela, que precisava sair um pouco e, voltando, entraria no lugar que afirmou ser o seu. Ninguém retrucou, parecendo que ficara tudo certo.
Sucedeu que a vacinação recomeçou e os que aguardávamos (eu era o ante-penúltimo) fomos sendo atendidos. Enquanto isso, outras pessoas candidatas à agulha foram chegando.
Quando saí, só havia, remanescendo, duas crianças. Os demais todos não tinham visto a mocinha, nem ouvido o papo dela.
Imaginei a cena, imediatamente. A mocinha, se voltasse, iria encontrar ali somente pessoas que não a tinham visto, nem ouvido coisa alguma. Seria uma questão de fé, acreditar que ela havia reservado um lugar para si.
Gostaria de ter assistido ao que se seguiu. Primeiro porque, no meu íntimo, penso que o que guarda lugar é bunda. Segundo, porque a mocinha poderia é ter ficado com vergonha da possibilidade de alguém conhecido encontrá-la toda arrumadinha em uma fila do SUS. Bobagem, porque o SUS é feito para todo mundo, mas tem gente que sente.
Pensei que, se as pessoas que estivessem aguardando quando a mocinha voltasse, não levassem fé no seu papo, eu gostaria de presenciar o bafão. Incluindo que poderia chegar alguém conhecido da mocinha e assistir à cena.
Minha conclusão: quem entra em fila do SUS tem de ficar quietinho, pacientemente, aguardando a vez, ou desistir, ou, se sair e voltar, enfrentar novamente a fila, como se nada tivesse ocorrido. É claro que pode reclamar do SUS, com energia até, quando e onde não estiver funcionando bem. Não era o caso da fila de vacinação.
Foto: Gazeta de Toledo.
http://www.gazetatoledo.com.br/NOTICIA/2384/ADOLESCENTES_FAZEM_FILA_PARA_RECEBER_DOSE_CONTRA_HPV#.VWhyNdJVhBc
Nenhum comentário:
Postar um comentário