Fiquei observando as seleções europeias atuais. Todas com pretos nos times: alemã (!!!!), inglesa, belga, portuguesa, suíça. Poderá ter-me escapado alguma.
Fui pesquisar um pouco e achei: "Pela 1ª vez, jogadores negros serão maioria na final da Eurocopa" BLOG DO RAFAEL REIS (https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2016/07/08/pela-1a-vez-jogadores-negros-serao-maioria-na-final-da-eurocopa/).
Comecei a conjecturar: terá sido esse processo de miscigenação, nas equipes europeias, tão doloroso como ocorreu no Brasil? Leio em "OS SUBTERRÂNEOS DO FUTEBOL", de João Saldanha:
"Quantas vezes, no Botafogo, e isto também acontece em outros clubes brasileiros, fui surpreendido por um diretor me pedindo: 'João, vê se dá um jeito nisto e manda esses crioulos saírem da sede. Não pode, não é?' ... Lembrava, também, que aquele diretor que falava muitas vezes entrava em campo depois da grande vitória e abraçava-se a todo o time, brancos ou pretos, que tinham terminado o jogo suarentos e fedidos. Tais contrastes são uma constante na política de alguns clubes e influem até nas contratações (menciona um caso).
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Alguns clubes resistiam. No Rio de Janeiro, Fluminense, Botafogo e Flamengo não admitiam de forma alguma que negro vestisse sua camisa. Mas o Vasco, representando o espírito do comércio de secos e molhados, comércio em contato permanente com o público em geral, já desde 1923, surgira como grande potência e não fazia restrição de espécie alguma. Fazê-las seria a própria ruína do comércio que lida com o povo. Bangu, Andaraí (Fábrica Bangu e Fábrica Confiança) tampouco o faziam. O Sírio-Libanês, também de comerciantes em contato com o público, e os clubes suburbanos não faziam restrição alguma. § Em São Paulo, o Palmeiras resistia. O Paulistano, clube do Jardim Paulista, preferiu fechar sua seção de futebol a ter de aceitar preto em seu time. No Rio Grande do Sul, o Grêmio Porto-Alegrense também era intransigente. No Paraná, o Atlético e o Coritiba não aceitavam negros. Em Minas, Atlético e América; na Bahia, o Baiano Tênis, que procedeu como o Paulistano: fechava mas não transigia. Em Pernanbuco, o Náutico; no Ceará, o Manguari; no Pará, o Remo, e assim por diante: em cada Estado da Federação havia clubes aristocráticos que não deixavam os pretos jogarem. § A única forma de contornar a questão era adotar o profissionalismo. Os jogadores seriam empregados dos clubes, tratados como tal e não haveria mistura." (itálicos no original).
Parece que a miscigenação no futebol, na Europa, não foi dolorosa como foi no Brasil. Não se vê notícia, em um tempo em que o alcance das notícias é muito maior do que em 1958. Vê-se que a situação mudou muito, a ponto de ocorrer o que se viu na Eurocopa: maioria de pretos.
Mas, realmente, não achava que chegaria a tanto, como vi nesta copa de 2018: argentinos (sem o concurso de um preto sequer em sua seleção) torceram para a seleção da Nigéria e comemoraram a vitória desta.
Procurei imagem da comemoração argentina e achei nenhuma! Mas vi pela tv, inclusive em luminoso. E encontrei texto de origem fidedigna:
"Em Buenos Aires, parecia até que era jogo da Argentina. Do lado de fora do treino da seleção, na Rússia, os jornalistas argentinos vibraram pela televisão. § A festa é porque o resultado ajudou a seleção argentina no Grupo D".
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/06/vitoria-da-nigeria-contra-islandia-da-sobrevida-argentina.html
Imagem: UOL.
https://esporte.uol.com.br/futebol/copa-do-mundo/2018/noticias/2018/02/25/nigeria-longe-da-nigeria-selecao-tem-base-que-nunca-jogou-em-seu-pais.htm
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