Então, dado o devorteio, voltemos ao Moreno. Comentou, sobre aquela matéria citada aí em cima:
"Concluiu o curso de Publicidade e Propaganda para só então se dizer anti-publicitário. Isso é o que eu chamo de opinião embasada". Disse-lhe que não se assustasse, e que aguardasse minha volta.
Estou aqui. Já disse alhures que me incomodam as propagandas de automóveis, quase todas realçando os atributos de velocidade, capacidade de manobras perigosas (tem uma em que uma mocinha dá um cavalo de pau, estacionando em uma vaga de tamanho comum), etc. E, no cantinho, hipocritamente, "respeite as leis de trânsito", o que elas nem pensam em impactar. Acho isto muito ruim, principalmente porque o que me levou ao curso de Publicidade e Propaganda não foi a vontade de ser publicitário, mas a de conhecer como é, na teoria, uma atividade que já admirava muito, na prática. Continuo admirando, mas com muitas restrições, principalmente quanto aos aspectos éticos, e quanto à capacidade de gritar para o consumidor que ele é um idiota.
Hoje, pela manhã, ouvi o reclame de uma empresa emprestadora de dinheiro. No meio da lenga-lenga, o camarada diz, mais ou menos, "você que quer sair do vermelho". Chamou de idiota. Ninguém sai do vermelho tomando dinheiro emprestado. Só troca de credor.
Meu querido Moreno, não se amofine. Mas é preciso que alguém grite contra a propaganda enganosa, a que desrespeita o consumidor, os bons princípios, a ética, enfim. E que grite, principalmente, para alguém que pode mudar o perfil. É preciso proteger o brilho de uma atividade muito bacana de comunicação. Caso contrário, poderá não ser necessário especificar a profissão, depois da expressão "exercer".
Imagem: Phil Publicitário.