9 de jun. de 2014

O POETA WANDER PORTO DÁ O AR DE SUA GRAÇA

__SÓ E DONO__





lento,
vai até a cozinha,
esquenta um café nas chamas do coração,
acende um cigarro de frio
na janela aberta para o quintal do céu,
lambe com os olhos o teu redor,
embaixo verás um raminho do capeta
crescendo ao lado do tanque
e dos sonhos
que colherás para o réveillon
ou carnaval.
no alto
duas ou três estrelas mirradas,
opacas e silentes
(que os tempos andam de poucos brilhos),
te bastarão.
não és tão ambicioso, mesmo porque
só os teus olhos e sentidos
estarão em atalaia.
respira fundo a brisa amena,
uma última tragada no cigarro
e com solene ar de desprezo
lança uma baforada na cara do infinito,
nas fuças da imensidão:

- te sentirás só e dono!

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