22 de jul. de 2017
'É O NOSSO FUTEBOL": A LÓGICA DA DANÇA DOS TÉCNICOS
Quem acompanha o futebol sabe da dança dos técnicos. A gente não sabe, efetivamente, dos motivos dessa dança, sendo possível que não sejam exatamente aqueles que são divulgados.
Na última rodada do brasileirão, tivemos dois casos interessantes, embora não exatamente iguais: no jogo Flamengo x Palmeiras, a torcida do Fla pediu a cabeça do Zé Ricardo; no Atlético Mineiro x Bahia, a torcida do Galo quis a cabeça do Roger. No curso da semana, Zé Ricardo "continua prestigiado" mas Roger foi demitido.
Vamos falar um pouco desses dois jogos: no primeiro, Jailson, goleiro do Palmeiras, substituindo Prass, fez algumas defesas importantes, incluindo a de um pênalti, que não foi mal batido. Significa que o Fla criou situações de gol, tendo algumas delas sido paradas pelo goleiro. Poderia ter ganho o jogo. Tratava-se de um clássico, entre dois clubes grandes e tradicionais, separados na lista de classificação por duas posições, mas com igual número de pontos. Um empate admissível. Por que a torcida não quer tolerar o Zé Ricardo? Parece que o ponto levantado pelos insatisfeitos é o fato de o Flamengo sair-se bem com os "times pequenos" mas não conseguir o mesmo com os "grandes". Ora, o que sempre ouvi falar é que a fórmula para ganhar campeonato é não perder ponto para "pequeno" e ganhar ou empatar com os "grandes". O Flamengo é o 4º colocado, na frente de muita gente boa. Haverá mesmo motivo para querer a cabeça do técnico, um valor que se tem revelado eficiente?
Agora, vamos ao Atlético Mineiro: o caldo derramou por causa de alguns insucessos no Independência - aonde vigorou, com sucesso, a mística do "eu acredito!". A gota dágua foi a derrota para o Bahia. Mas vejamos: ambos os clubes encontram-se com o mesmo número de pontos, o que presume, pelo menos, o equilíbrio de forças. O Bahia fez dois gols (comento o segundo, ao final) mas pouco ameaçou além disto. Já o Atlético chegou várias vezes ao gol adversário, o que acabou por transformar o goleiro Jean, do Bahia, no grande nome da partida, segundo o UOL esporte Futebol ( - https://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/brasileiro/serie-a/ultimas-noticias/2017/07/19/atletico-mg-x-bahia.htm). O Galo teve pelo menos seis oportunidades reais de gol e apenas em uma delas não pontificou o goleiro Jean. Foi quando Jean desviou uma bola na área e Fred chutou com o gol vazio. O mesmo UOL comentou o lance, de forma diferente da que vi, parecendo, para mim, que achava de depreciar Fred (achei, mesmo, que o foco da reportagem era este) O UOL descreveu o lance assim: "Mesmo sem goleiro, o centroavante do Atlético não conseguiu fazer o gol. O chute foi com força e no rumo do gol, mas bateu no zagueiro Lucas Fonseca, na trave e não entrou." (mesmo link citado acima). O lance que vi (em repetições do próprio UOL foi um pouco diferente. Quando a bola sobrou de Jean, Fred chutou alto, no lado oposto ao que ficou o goleiro. Aí, veio "voando" o zagueiro Lucas Fonseca e evitou o gol, cabeceando a bola, que foi à trave. Um momento intenso do jogo, com a sorte favorecendo o time baiano, porque a cabeçada de Lucas poderia ter ido à linha de fundo, à trave - como foi - ou às redes, com possibilidades exatamente iguais. A bola não bateu em Lucas. Aconteceu uma ação efetiva do zagueiro. Jean defendeu mais duas ou três cabeçadas de Fred, uma em lançamento de Rafael Carioca e outras duas em lançamentos de Cazares. Desviou para escanteio uma cabeçada de Luan, em defesa difícil. E mandou para escanteio uma bola que fora chutada por Cazares, com desvio de um zagueiro, para o alto (pensei que Jean, adiantado, não conseguiria voltar; conseguiu).
Fiquei matutando sobre as insatisfações das duas torcidas - Flamengo e Atlético Mineiro - com os respectivos treinadores. Quanto ao Flamengo, nada vi de anormal, ainda. Mas quanto ao Atlético, achei estranho a torcida querer mandar embora um treinador cujo time chega tantas vezes ao gol (embora faça nenhum). Incomodou-me a reportagem que encontrei no UOL, a que estou fazendo referência aqui. Transcrevo algumas observações que colhi na página já citada.
1) "Fred foi decisivo no jogo, mas não fazendo gols, como é o costume. O camisa 9 do Galo fez o pênalti convertido por Juninho...".
2) "Mas a noite ruim de Fred não fica apenas pelo pênalti cometido, mas também pelos gols perdidos.".
3) A jogada já descrita, com Lucas, do Bahia desviando a bola do gol para a trave, em ação efetiva, tendo o UOL referido que a bola bateu nele (diferente da imagem que ofereceu).
4) O UOL refere-se a gols perdidos por Fred, mas realça, no texto, a atuação de Jean, afirmando que o goleiro do Bahia fez quatro grandes defesas, duas delas em cabeçadas de Fred.
No programa "Seleção", pela SporTV, li algumas mensagens de assistentes, dizendo que Fred é desagregador e coisa e tal. Nada sei sobre isso. Mas do que vi em campo entendo apenas que, embora com bom desempenho em finalizações, o centro avante do Galo foi superado pelo goleiro do Bahia. O que acaba tendo de acontecer em qualquer jogo de futebol: um ser melhor do que o outro. Jean foi o melhor!
Disse que iria falar no segundo gol do Bahia. Vamos lá: naquele lance, acho que dá para questionar o treinador. Em contra-ataque, três jogadores do Bahia avançaram para a área do Atlético. Cinco jogadores do Galo postaram-se na mesma altura, em linha (cinco contra tres). Quando um atacante do Bahia, pela esquerda, rolou a bola para Juninho, penso que havia tempo para um dos cinco atleticanos pelo menos correr para o atacante, e tentar atrapalhá-lo, pelo menos, enquanto a bola rolava. Ninguém tentou. Poderia ser cansaço (fim do jogo), falta de concentração ou até falta de orientação para a hipótese. Juninho recebeu absolutamente livre. Chutou muito bem.
Ainda estou matutando sobre as pressões para troca de técnicos.
Imagem 1: TORCEDORES.COM
http://torcedores.uol.com.br/noticias/2016/06/flamengo-x-palmeiras-assistir-ao-vivo
Imagem 2: Futebol Bahiano.
http://www.futebolbahiano.org/2011/06/bahia-x-atletico-mg-hoje-as-16h-em.html
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