Acompanho o futebol mineiro há muitos anos. Já esteve em posição de destaque nacional, algumas vezes. Na década de 1960, era o Cruzeiro com aquele time espetacular que, mesmo sendo um atleticano moderado, eu ia ver no Mineirão. O Atlético teve, também, seus momentos de grandeza, principalmente, que eu me lembre, com aquele timaço com Cerezo, Reinaldo, Paulo Isidoro, Marcelo (hoje técnico do Coritiba), Marinho... Foi penta campeão mineiro. Com um psilone: pensava e penso que, com o timaço do Cruzeiro, jogando com Galo, ninguém poderia imaginar, em dez jogos, nove vitórias do Cruzeiro, porque o Atlético tinha um bom time, com média de idade relativamente baixa. Mas com a turma do Reinaldo, eu apostaria nove em dez, a favor do Atlético, que tinha um time jovem, enquanto que o Cruzeiro estava envelhecendo. Teve um outro período muito bom, com Dario, Vanderley, Lacy, Lola, Humberto Monteiro (que lateral bacana: um guarda-roupa de ébano que tratava a bola com grande delicadeza), Humberto Ramos, Eder... Nesse período, entretanto, acho que a supremacia era do Cruzeiro, jogando muito. Como isso tudo aí está na memória do véio, pode ser que eu dê alguma escorregadela. Procurei orientar-me: as décadas de 1960 e de 1970 foram do Cruzeiro, pentacampeão na de 60, tetra na de 70. A década de 1980 foi do Galo: um hexacampeonato (1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983) e dois bi. A década de 1990 foi do Cruzeiro que, afinal, amealhou mais títulos internacionais. Bom, se alguém quiser mais, vá passear em http://forums.tibiabr.com/archive/index.php/t-333466.html e terá uma comparação de desempenho.
Durante todo esse período, o América, que era protagonista, junto com o Atlético, no futebol mineiro, caiu no obscuranismo, principalmente depois que vendeu seu estádio, na Alameda Álvaro Celso da Trindade. Freqüentou o pódio muito poucas vezes, durante os anos de hegemonia do Galo e da Raposa.
Andou pela segunda divisão no brasileiro. Subiu e voltou para lá, em um ano em que o futebol mineiro esteve abaixo da crítica: Atlético e Cruzeiro quase foram também.
Agora, o América disputa com o Atlético o campeonato mineiro de 2012. Empatou a primeira partida, jogando muito bem. Precisa ganhar o segundo, para sagrar-se campeão.
Penso que poderá ser bom para o futebol mineiro se o Coelho for campeão. O campo é das hipóteses mas, um título mineiro, depois de retornar à segundona do brasileirão; o Estádio Independência que, segundo o Governador, é dele, mesmo administrado pelo Atlético; um time jovem, com um técnico que organizou o time. No mais, as cabeças do Galo e da Raposa no travesseiro, tentando entender o que tem acontecido nestas Geraes. Pode ser um momento de resgate do futebol mineiro, que - penso - não tem equipes de nível para o próximo brasileirão.
Imagem de Bichos e Clubes, criação de Fernando Pierucetti (foi meu professor de desenho, no ginásio):
Futebolarte.
http://www.futebolarte.blog.br/page/112/
2 comentários:
Prezado Amigo,
além das questões por vc expostas( e com as quais concordo) quero ressaltar a minha opiniao de que o futebol mineiro precisa de um choque administrativo, em todas as escalas de poder..A federaçao mineira mostra-se enificaz, obsoleta e corruptiva. Digo isso com base na observação do desvalor dessa federaçao com os times da segunda divisao que sao a base da primeira. Muita armaçao coisas mal explicadas e obscuras...falta em minas seriedade e transparencia, assim como em todos os setores da sociedade brasileira
Primeiro, Letícia, muito obrigado pela participação. Só Minas não. E não é só no futebol, não. Parece que tudo vai bem no Brasil, porque a classe "C" (com direito a maiúscula) isso, a classe "C" aquilo... Muita gente comprando carro e moto, muita gente viajando pelo país e pelo mundo... Mas lá mundo da realidade, o Brasil está convivendo com miséria (é só andar pelas ruas; do gabinete não dá para ver), com um padrão muito baixo de educação e de saúde (e a culpa não é só do governo, não), um padrão baixíssimo de política partidária (resultando em igual ou pior padrão administrativo público)... Mas vamos falar de futebol, que é melhor. Antigamente (ah! meu tempo!), os clubes do interior (no Rio de Janeiro, os "pequenos") eram, de fato, celeiros onde os "grandes" e os das capitais iam buscar craques. Mas a estrutura mudou (não estou dizendo que foi para pior; nem para melhor; só posso dizer que mudou). Você tem razão quando diz da "falta de capacidade administrativa" dos dirigentes de clubes. Acho que alguns são maus gestores porque não sabem; outro são porque sabem demais. Não dá para ver clubes grandes investindo em jogadores que vão dar em muito pouco, se tanto, ou em nada mesmo. Está na cara e qualquer otário que paga ingresso sabe disto. Mas continua pagando ingresso e, o que é pior, sofrendo desbragadamente na arquibancada, ou na geral. Dá dó. Para encurtar conversa: há muito que deixei de torcer para qualquer clube e até para a seleção brasileira (não torço contra, claro, mas não me importa o que lhe possa acontecer). Não há seriedade (não estou falando de corrupção e outras coisas parelhas, mas da falta de um futebol que possa encantar, com muitos clubes disponíveis). Olha que, em um prazo relativamente curto, vi o Flamengo "rolo compressor", o Palmeiras "academia", o Santos (desde antes de Pelé) que teve o time inteiro na seleção campeã do mundo de 1962. Não posso me conformar com América x Atlético de Richarlison e companhia, com um América que conseguiu formar uma equipe razoável, mas muito pouca para o campeonato brasileiro. Não é animadora a situação, Letícia. Ficarei feliz sempre que você puder comparecer para dialogar. Abração!
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