Pé de pequi, cadê?
Cortaram um pé de pequi em Patos de Minas. Não um pé de pequi comum. Era o pé de pequi no meio das laranjeiras. Antes do bairro a árvore já existia em seu habitat natural. Espécie nativa. Mesmo assim cortaram-na sem cerimônias. Depredação ambiental grave. Crueldade e crime inafiançável. Mas então quem deu a ordem para passar o machado no frondoso pequizeiro que ficava no novo Bairro Laranjeiras? Estava atrapalhando a construção de uma avenida? Ah, é? Por que não aproveitou a árvore para um projeto urbanístico inteligente e sustentável. Burrice. Burrice como sempre.
A especulação imobiliária e a pavimentação de ruas, a construção de bairros, são progressos urbanos que poderiam, aliás, deveriam ser feitos com mais inteligência e modernidade, aproveitando melhor os espaços verdes e ecológicos. A sintonia com a natureza como é feita em muitos lugares, cidades e países mais evoluídos. Mas aqui não! É tudo feito de efeito contrário. Qualquer coisinha estão derrubando árvores centenárias. Coitado do pequizeiro. Foi ao chão sem direito de defesa. Agora virou lenha para fogueira de São João ou festas de Natal. Que santos são esses? Onde a mão do cristão é a motosserra que derruba tudo pela frente em nome do progresso que mais parece um regresso nessa vida de cão. Nesse mundo de destruição.
Pois é, mais uma árvore foi assassinada em Patos de Minas. Cortaram o Pé de Pequi. Por pura falta de visão. Visão de futuro. Imagine só. Você morar próximo a uma frondosa árvore. Um pequizeiro que pode servir de referência. Um cartão postal. Um mascote vegetal do bairro. Tipo assim: “sua casa fica próxima de onde”? Fica de frente ao Pé de Pequi no Bairro Laranjeiras. Olha só que barato. Duas frutas ricas em vitaminas. A laranja e o pequi. A natureza é assim. Mágica e que nos prega surpresas. Árvores nativas do cerrado convivendo com frutas cítricas enxertadas ou não. Não importa. Importa é a preservação do verde, da floresta e das árvores. Até quando a nossa cidade será alvo de gozação, por pura ignorância, especulação e da gula do poder econômico da estupidez do ser humano. Deixe o Pé de Pequi viver em paz. Dizem que os responsáveis pelo loteamento e pelo corte do pequizeiro terão que plantar outras mudas para pagar o preço da derrubada da árvore. Ou seja, amenizar o pecado. Mas quem garante que os outros pequizeiros irão sobreviver? Fora de seu habitat natural. Quem vai fiscalizar? Quem irá acompanhar o caso? Quem garantirá a sobrevida dos pés de pequis bebês? Será que eles vão vingar? A vingança não faz parte da sustentabilidade. Será que isso é que se chamam de progresso...
Em tempo: O pequizeiro é uma árvore imune de corte, ou seja, pela sua raridade, beleza, liberdade e risco de extinção, é proibida de ser derrubada. Mas aqui as coisas são diferentes. Pois, “A ignorância é que atravanquia o progressio”, já dizia Odorico Paraguaçu, na novela O Bem Amado.
Agora só ficou a mensagem no Epitáfio: “Aqui jaz um Pé de Pequi”, em Patos de Minas. Por ironia do destino é a Terra do Milho. Da lavoura, da produção e da pecuária. Será? Bendito é o fruto! De quem prevê o futuro...
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