Internacional e Cruzeiro fizeram um belo jogo! O Cruzeiro sagrou-se campeão brasileiro de futebol, categoria sub-20. Tri-campeão! Não vejo precisão de comentar os lados positivos, porque há farta matéria publicada. Prefiro discutir se os campeonatos envolvendo divisões de base são realmente didáticos. Em tese, servem a preparar os jovens para as disputas maiores, até copas do mundo.
Penso que todos os dirigentes, jogadores, árbitros, treinadores, etc. estão satisfeitos com os vários níveis, físico, técnico, tático, disciplinar... Na minha opinião, nossos jovens estão sendo preparados para os mesmos comportamentos negativos que vemos nos jogos de futebol. É aqui que empaco meu burro e passo a comentar anotações que fiz, durante o jogo.
O Cruzeiro vencia por 1x0, quando o goleiro cruzeirense fez duas defesas em chutes seguidos, tendo a segunda bola atingido perto daquela parte mimosa da geração (pelo que vi, a bola bateu na coxa). Vibrou intensamente com as defesas que fez, pulou, saltou repetidas vezes, maior animação. Logo em seguida, na maior cara de pau, caiu ao solo, para fazer cera. Comportamento anti-esportivo que a gente sabe ser estimulado por quem dirige.
Em uma disputa de bola, zagueiro do Inter e atacante do Cruzeiro desentenderam-se e trocaram amabilidades verbais. O árbitro parou o jogo, para advertir os dois. Apartou-os e foi severo com eles. O comentarista disse que o árbitro não precisaria ter interrompido, porque a coisa tinha-se resolvido naturalmente. Aí mora o perigo, penso eu. O árbitro não pode permitir esses atritos, sob pena de o jogo degringolar. Se tivesse acontecido isto, o mesmo comentarista acabaria culpando o árbitro.
De uma outra feita, um jogador do Cruzeiro atingiu adversário no rosto, com o braço. A jogada foi normal, o cruzeirense apenas abriu um pouco "as asas". O árbitro não interveio. Depois, foi a vez de um zagueiro do Inter atingir um adversário, agora fazendo movimento explícito de opor-se ao avanço do mesmo, por trás. O árbitro deixou passar e o comentarista concordou. Logo em seguida, um cruzeirense atingiu o adversário, com o cotovelo, se não propositadamente, com excesso. O braço pegou na nuca. O árbitro puniu com amarelo. Mas o jogador do Inter fingiu que o choque fora no rosto. Tudo ensaiado. A conclusão que tiro é de que, quando o árbitro não intervém, os jogadores atuam com menores cuidados. Alguns simulam golpes que não receberam, ou onde não os receberam. Apesar de o campo ter sido povoado com auxiliares de arbitragem, ninguém vê. Fosse uma ou outra vez, seria normal. Mas a freqüência é muito grande.
Apesar de algum órgão de futebol haver determinado que o juiz aplique cartão amarelo em quem o pede para adversário, a prática é aquele gesto bem característico, pedindo cartão. Aconteceu isto, hoje. Treinadores e jogadores querem arbitrar. Chegam a advertir adversários, quando acham que simularam, e outras condutas que se costuma reprimir.
Por fim, quando do segundo gol do Cruzeiro, Pedro Paulo, o autor, para comemorar, tirou a camisa e lançou-a ao solo. Sabia que iria receber cartão amarelo. Apesar de achar que o goleador tem o direito de comemorar como quiser (desde que não seja ilegal, nem imoral, nem engorde), não concordo com o jogador que "pede" cartão amarelo. Questão de ética, respeito pela torcida, pelo adversário, pelos companheiros, e por si próprio. E garantia para o time, porque, com o jogo ainda por acabar, haveria a possibilidade de novo amarelo, seguido pelo cruel. Se o jogador estivesse cotado para cobrar pênalte, em caso de empate... Mas parece que disciplina está fora de moda. O prêmio Belfort Duarte só vale para jogadores aposentados... Quem sabe, aí, o que é o prêmio Belfort Duarte?
Esta prosopopéia toda é para deixar uma indagação: estamos satisfeitos com os comportamentos observados em futebol? É assim que queremos o nosso futebol? É assim que queremos ver nossa seleção?
Foto: Super Esportes.
http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/cruzeiro/2012/12/22/noticia_cruzeiro,237762/cruzeiro-derrota-internacional-e-conquista-tricampeonato-do-brasileiro-sub-20.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário