10 de fev. de 2013

VIOLÊNCIA NO FUTEBOL

Acabo de ver reportagem sobre a polêmica resultante da divulgação de um vídeo, na página oficial do Botafogo de Futebol e Regatas, em que aparece o técnico Oswaldo de Oliveira fazendo coro a afirmação de Seedorf (Quando tem briga, vamos brigar com os caras, todo mundo junto. Não vamos aceitar, desde o começo, com tudo, é cartão aqui, cartão lá. Faz diferença no final. Valeu?). Fazendo coro e acrescentando: "Vai, peita, mete a mão na cara, que nem eles estavam fazendo", referindo-se esse "eles" a jogadores do Fluminense.
ACHO QUE ME ENGANEI, QUANTO À FALTA
DE REPRIMENDA A PETRAS, PELO ÁRBITRO.
ACHO QUE O LANCE PODERÁ TER SIDO ESSE AÍ
DA FOTO. VEJA-SE A BRONCA DOS BRASILEIROS.
Essa referência a "...mete a mão na cara, que nem eles estavam fazendo" tem razão de ser. Lembro-me do jogo Brasil x Tchecoslováquia, abertura da Copa de 1970. Tomara que minha memória não me esteja traindo. Petras, que marcou o primeiro gol, naquele jogo, dividiu uma bola com Félix, no que muitos o criticaram. Achei que não havia motivo. Félix pegou e largou. Bola picando entre os dois, bem perto. Copa do Mundo. Zero a Zero. Qualquer atacante teria entrado chutando. Mas, depois, Petras entra maldosamente em Everaldo, por trás, com violência, sem reprimenda do árbitro (vide foto; se houve, foi amarelo; a falta merecia mais). Carlos Alberto ficou na espreita e, em uma jogada em que Petras deslocou-se para a meia esquerda, no ataque, o Capitão deu-lhe uma sarrafada - pareceu-me um tostão muito forte. Petras mudou de modos. Já vi isto muito, em futebol.
Penso que há muitos outros fatores que fazem do futebol um esporte violento. Um deles é essa estória que os comentaristas inventaram de que "futebol é esporte de contato", para justificar várias "entradas" violentas e proibidas pelas regras. O basquete é um esporte de muito mais contato, porque o campo é muito menor e grande a proximidade dos jogadores. Raramente descamba para a violência. Mesmo porque a maioria das faltas merece, como punição, dois lances livres, significando dois pontos para o adversário, na maioria das vezes. Além disto, o jogador faltoso pode ser excluído da partida, se praticar a quinta falta. No futsal, também praticado em campo de pequenas dimensões, a violência é rara. As punições são severas: após a quinta falta coletiva, tiro direto, sem barreira.
Outro fator é a raridade com que árbitros dão um cartão vermelho logo no início do jogo. Vi isto acontecer em três vezes, no máximo. Resulta que os dez primeiros minutos de jogo correm em regime de "carta branca". Sabemos que muitos jogadores pegam pesado nesses primeiros dez minutos, "mostram as credenciais", como alguns comentaristas gostam de dizer. Sabem que, na maioria das vezes, levarão apenas aquele gesto de braços do juiz, "acabou".
Por seu turno, os juízes sabem que os comentaristas de arbitragem sempre acharão que uma expulsão nos primeiros minutos do jogo terá sido excessivamente severa, que o juiz deve "administrar a partida". Chegam a condenar o amarelo, dizendo que, dado nos primeiros minutos, deixam o juiz sem alternativa a não ser o vermelho.
Pois que seja! Poderiam experimentar o rigor do regulamento, tolerância nenhuma para a violência. Mesmo que o jogo termine antes do tempo regulamentar, por insuficiente número de jogadores.
Enquanto não houver uma atitude concreta, de federações, clubes, árbitros, treinadores, dirigentes, no sentido de exigirem conduta esportiva dos jogadores, e, também, dos comentaristas de arbitragem, criticando o árbitro severo, será bobagem e perda de tempo querer aproveitar-se de um vídeo para polemizar, sem querer solucionar.

Foto: o brasil nas copas co mundo
http://brasilcopasmundo.blogspot.com.br/2010/07/1970-even-better-than-real-thing.html

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