ASSENTOU PRAÇA NA VAGA DO BURRO
Corria o mês de janeiro de 1954.
Eram mais ou menos cinco horas da manhã quando eu e uns colegas nos dirigíamos para a "linha de tiro" da unidade, para responder chamada às 05:42 (que capricho do P-1 de então!) para alguns exercícios de tiro e o resto do dia a trabalhar na pedreira e olaria do Batalhão.
Ainda escuro, divisamos um grupo com um fardo pesado. Ao encontro, percebemos tratar-se do Cabo Afrísio, encarregado das baias do Batalhão e mais alguns soldados, trazendo às costas e com muito esforço, o burro "Chibante", o mais antigo dos muares da cavalariça.
Idagado, o Cabo Afrísio nos disse da morte do muar "Chibante" mostrando uma comunicação ao Comandante do Batalhão, grampeada na orelha do animal, que vinha assim redigida:
"Senhor Comandante:
Passo às vossas mãos esta parte, na qual, com pesar, comunico o falecimento do nosso querido muar 'Chibante', ocorrido nesta madrugada, no brejão da Unidade, por atolamento.
Segue anexo o falecido.
Referido muar é reincidente.
Ass) Cabo Afrísio."
após as formalidades de estilo, o B.I. (Boletim Interno) publicou:
"SEGUNDA PARTE.
"Assuntos Gerais e de Administração:
"I - Exclusão por Falecimento.
Exclua-se do estado efetivo desta Unidade o muar 'Chibante', por ter o mesmo falecido na madrugada do dia 10, no brejão da Unidade, por atolamento.
"Inclusão:
Inclua-se no estado efetivo do Batalhão, na vaga decorrente, o Recruta Tomaz Mahilton."
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