Não posso concordar com a campanha que a TV Globo desenvolve ("menos é mais"), voltada apenas para a economia de água pela população - em algumas falas, uma economia porca e com argumentos ilógicos. Fátima Bernardes pega mais leve: diz que não é porque está chovendo mais, que podemos desperdiçar água; Dani Suzuki entra na roda, promovendo o "fechar a torneira enquanto escova os dentes"; Flávia Alessandra e Otaviano Costa engajam-se na campanha propondo jardim vertical, de modo, segundo Otaviano, que "você rega as plantas de cima e a água que escorre do vaso rega as plantas de baixo"; já Lília Cabral diz que seu banho é "coisa rápida" e conclui que "não adianta nada gastar água para ficar limpa, mas com a consciência suja"; Rodrigo Lombardi vem dizer que gosta de carro limpo mas, se não chove, não lava. Diz que é gastar água à toa. Tem dó, Rodrigo! Há duas alternativas: ou você lava o carro em casa, ou lava em um lava-jato (gastando talvez mais água), ou fica com o carro sujo. E não consigo acreditar que fique com o carro sujo. Acho deplorável "você" ofertar essa alternativa; Pedro Bial vem, então, com aquilo que considero a "joia da coroa": "Calma! O planeta não vai acabar! Aliás, vai melhorar muito! Daqui a um tempo a terra vai se recuperar de tudo o que a gente fez de errado! Vai ter água de sobra, absolutamente limpa, vai ser limpa, vai ser lindo, uma beleza mesmo! (baixando o astral) Pena que vai demorar uns quatrocentos e cinquenta milhões de anos". Depois, vem uma "passagem", com cada ator/atriz dizendo que "a culpa é minha", "é minha", "é de todo mundo", uma leréia. Encontram-se no G1 (http://g1.globo.com/economia/crise-da-agua/videos/t/todos-os-videos/v/menos-e-mais/4043780/).
Ouvindo tudo isso de atores/atrizes que a gente acha muito capazes e muito inteligentes, poderia sentir-me um zé ninguém, sem consciência, sem capacidade de entender as dificuldades enfrentadas por muita gente.Lamentavelmente, não consigo. Por isto, vou dizer o que entendo de cada fala: quanto a Fátima Bernardes e Dani Suzuki (desperdício), vou concordar. Mas sem essa de achar que a culpa é minha, ou dos cidadãos, como um todo. Foi pela Rede
Globo mesmo, no "Bom Dia, Brasil", que fiquei sabendo que o desperdício de água, por causa de vazamentos devidos a defeitos na prestação de serviços públicos, corresponde a seis Cantareiras, em um ano (http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/03/brasil-perde-r-8-bilhoes-por-ano-com-desperdicio-de-agua.html). Está em "MUITO PIOR DO QUE A CORRUPÇÃO" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2015/03/muito-pior-do-que-corrupcao.html). Ali, o cadikim mostra outros exemplos de desperdício, não de água, mas de dinheiro público. Passemos a Flávia Alessandra e Otaviano Costa: muito bacaninha o tal jardim vertical. Mas não há como olvidar que, para que a água do vaso de cima escorra para o de baixo, terá de ter sido lançada naquele em excesso. Tivesse sido lançada a quantidade necessária apenas ao vaso de cima, e não escorreria. Daí, também pode ser feito em qualquer vaso. É só lançar a quantidade de água necessária, com cuidado, sem deixar que sobeje. E lançar água, com a mesma parcimônia, em outros vasos. Estou exigindo demais? Acho que o argumento deles não guarda referência com a lógica. Agora, a Lília Cabral: "banho rápido", reforçando que "não adianta gastar água para ficar limpa...". Desculpe-me, D. Lília! Adianta, sim! O seu banho, pelo meu conhecimento popular, é "banho de gato". Não me cheira bem.
Dá uma olhadinha aí, "seu" Bial: foram dezesseis anos e não os seus quatro milhões e quinhentos mil. Mas foi um tal Sebastião Salgado, uai! |
Ou a Rede Globo mentiu para mim ou o "seu" Pedro Bial não tem informação nem da sua própria emissora.
Ou então, o que é pior: está fazendo terrorismo, falando em quatrocentos milhões de anos.
O "seu" Bial está negando a capacidade da natureza de regenerar-se, se lhe dermos uma oportunidade.
Penso que já é hora de nós - os alvos das notícias - ponderarmos sobre a lógica delas. Estamos sendo escravizados!
Sei que há interesses da indústria e do agronegócio, na questão da água.
Não vi uma só recomendação para eliminação do desperdício público de água, por empresas ou governos, nem qualquer referência a uso industrial da água, e no agronegócio.
Não consigo atinar com os interesses que estão movendo a publicidade, que não vejo defender interesses dos cidadãos. Quer jogar-lhes a culpa. E deixar de fora outros interessados (maiores gastadores, exponencialmente) e os governos com suas empresas de distribuição de água.
Gostaria que nenhum cidadão se sinta culpado e, se concordar, que se manifeste.
Foto desperdício na rede: Jornal do Dia (Macapá).
http://www.jdia.com.br/portal/index.php/noticias/1164-macapa-perde-mais-de-70-de-agua-tratada
Outras imagens: estão nos links indicados.
2 comentários:
A guerra sempre ensinou coisas que havíamos nos recusado a aprender na paz. Apesar dos mortos, destruição e quebradeiras, sempre trouxe, após, também melhorias técnicas, científicas e culturais. Isso ao longo de toda a história da humanidade. Acho que estamos vivendo uma grande guerra mundial, que também está nos trazendo mortes, quebradeiras, desemprego, desespero. Mas talvez mude paradigmas, diminua o consumo, o que pode no longo prazo trazer reflorestamento e fontes de água limpa.
Que boa sua intervenção, Zé! Tudo tem um lado bom e um mau. Quiça sejamos capazes de aproveitar o que pode sobrar de bom em tudo isso que está acontecendo. Já estamos experimentando algumas mudanças ambientais em cidades grandes. É preciso que a gente seja capaz de perceber o que vai se apresentar de vantagem para nós, que parece ser a única forma de admitirmos mudança de paradigmas, obtendo vantagens com que não atinávamos antes da "guerra". Obrigado pela postagem! Grande abraço!
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