Assim que assisti à apresentação pública daquela singular "reunião de ministros", falei, alto e bom som, cheio de orgulho profissional: as reuniões de Estado-Maior do Batalhão PM que comandei há mais de trinta anos, davam de mil a zero nessa aí. Naquelas reuniões, quatro Seções, apenas, quando qualquer assunto estava na pauta, esse assunto era posto em mesa, cada titular de Seção relatava a situação do assunto, no que aquela deveria e poderia compartilhar e participar. Das reuniões de Estado-Maior de PMMG (seis seções, à época), de que tive oportunidade de participar, há quase quarenta anos, a metodologia era a mesma, o Chefe da Seção que detinha a responsabilidade principal sobre a matéria fazia um relato geral, cada um dos demais situava o tema nos limites de sua Seção e o primeiro capitaneava a elaboração de estudo para orientar e sugerir alternativas de decisão, incorporando as informações das outras três.
Após a tal reunião ministerial, pensei: pôxa, sô, (palavra que o presidente poderia usar para substituir uma outra que usa abundantemente), será que em quarenta anos a tecnologia de administração pública não evoluiu, ou até regrediu? O tema programado não foi desenvolvido. E o que foi, foi mal.
Hoje, vejo, pela Tv, o presidente dizendo que não irá mais fazer reuniões ministeriais; que vai ser uma reunião para assistir ao hasteamento da Bandeira, depois um cafezinho coletivo e todo mundo liberado. Disse que doravante só irá conversar com ministros individualmente.
Birra? Incapacidade para mudança de rumo?
Pode ser que dê melhor resultado do que aquela de 22 de abril (terá sido a descoberta, pelos brasileiros, de um "brasil" até então desconhecido?). Qualquer outra forma teria oportunidade de dar, também. Mas poderá ocorrer de um ministro ser interpelado sobre um assunto e dizer que precisa conhecer as posições de outros ministros, sobre matérias das respectivas competências, para raciocinar sobre a amplitude do trabalho a realizar.
Estamos, há muito tempo - e bota muito tempo nisto - em um Brasil que, quando uma coisa não está funcionando com vantagem (de qualquer natureza), a receita genérica é acabar com aquela coisa. Buscar reinventá-la, para colher melhores frutos é ideia rara. Principalmente em princípio de mandato, quando é absolutamente necessário desconstruir antecessores e colocar-se acima de tudo o que já terá sido feito antes (ex.: "nunca antes na história deste país").
Imagem: CP CANAL DO POVO.
https://www.canaldopovo.com/2018/11/opiniao-meninos-birrentos-podem.html
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