15 de mar. de 2012

NOVELAS - A DIDÁTICA SOCIAL APROVEITÁVEL

As novelas são entretenimento de grande parte dos amantes da televisão. Aliás, desde a era do rádio. Muita gente fala mal mas assiste. Também assisto. Gosto de algumas coisas, de outras não. Vou falar apenas do que gosto.
Gosto, principalmente, das interpretações dos artistas. Chego a achar muitas delas admiráveis.
Quanto às tramas, só nos levam a achar que maucaratismo é o que prevalece nas sociedades. Os bons parecem ser exceção. Da minha parte, penso que maucaratismo é côngenito e não admite retífica.
Há personagens que nos fazem meditar sobre as regras sociais existentes. A Teresa Cristina da novela Fina Estampa consegue, por si só, fornecer argumento para a derrubada da lei Maria da Penha (com a qual já não simpatizo). Se houver muitas mulheres semelhantes a ela, até um pouquinho só semelhantes, cai por terra essa estória de que as mulheres são umas coitadinhas. Olha, tem mulher por aí que eu preferia marcar o Pelé, de muletas (ele, é claro!) do que conviver com ela. Vou desviar um pouco do tema, para discutir a tal lei. Abre parêntesis: se eu espanco minha mulher e ela vai à delegada queixar-se, a delegada me chama e me pergunta (muitas vezes, agressiva): o senhor não tem vergonha de bater na sua mulher? Mas se a minha mulher me bate (e muitas batem ou fazem coisa "mais pior" - salve, Stanislaw Ponte Preta), e se eu for ao delegado, ele irá me perguntar: você não tem vergonha de apanhar da sua mulher não? Machismo costuma ser uma via de mão dupla. Fecha parêntesis.
O que acho mais significativo, na mesma novela, é a questão da reprodução assistida. Vejam a bronca que deu. Mas tem uns poréns. A médica - evidenciada a falta ética - pressionou a mãe biológica, dizendo que a mesma havia assinado um contrato, que a impedia de qualquer medida. Infelizmente, isto acontece muito, em vários atos da nossa vida. Ninguém ensina as pessoas a reagir. Um contrato vale para as duas partes. Uma sujou, a outra está liberada. Pelo menos para encarar a discussão e não se deixar constranger nem atemorizar. Verdade é que a doadora de óvulo não poderia saber quem seria o pai biológico. Mas a médica, igualmente, não poderia. Disporia de características biológicas. Vamos além. Todas as pessoas que se dispuserem a participar de reprodução assistida haverão de ter em mente que a grande capacidade de um médico não exclui a possibilidade de ele cair em tentação e praticar atos até criminosos. Isto tem acontecido e há casos divulgados pela imprensa e decididos pela justiça, incluindo um de alcance internacional.
A novela está mostrando apenas algumas das conseqüências possíveis: a mãe biológica está desesperada para ter a criança. A mãe que a gerou não quer perdê-la. A solução dependerá de um juiz, provavelmente (no caso da novela, porque o Aguinaldo não me contou o final).
É preciso que quem queira participar, pelo menos saiba que estará correndo riscos.
Volto a louvar Stanislaw Ponte Preta: "Malandro prevenido dorme de botina".


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