A resposta parece mais que óbvia: porque futebol é futebol e voleibol é voleibol, uai! Simples assim? Para mim, não.
É claro que o voleibol, sem a característica do corpo-a-corpo, tende a não ser violento, ao passo que ocorre o contrário com o futebol: jogo de contato (como dizem os especialistas), as oportunidades de encontrões, ocasionais ou não, aparecem com muita freqüência.
Quanto à disciplina dos atletas, em campo (não confundir com violência, excesso de faltas, etc.), o voleibol dá de goleada. No futebol, a gente assiste a transgressão de mais de uma modalidade da Regra 12: desaprovar com palavras ou ações as decisões do árbitro é falta merecedora de advertência, com cartão amarelo; o jogador será expulso e receberá cartão vermelho, quando empregar linguagem ofensiva, grosseira e obcena.
O que mais vemos, no que diz respeito a desaprovar as decisões do árbitro, é o jogador gritar expressões como "porra", "caralho" e outras mais ou menos grosseiras (a gente escuta tudo, captado por microfones distribuídos estrategicamente), sem que o juiz se mostre contrariado. Parece que faz parte do espetáculo.
Já no voleibol, basta um jogador, que não seja o capitão do time, reclamar, pode considerar-se muito feliz se for apenas advertido. Se levar cartão, resulta em marcação de ponto para a equipe adversária. Já vi jogador reclamar, receber amarelo (ponto para o adversário), ficar nervosinho e jogar a bola no chão, com toda força, levar outro amarelo (mais ponto para o adversário) e, em seguida, o vermelho. Tudo sem estardalhaço.Aliás, lembro-me de um jogo de futebol de salão (ainda não era futsal), em Belo Horizonte. Raul Abdala apitava. Marcou uma falta. O faltoso deu um salto e, abrindo os braços, gritou: "Mas, 'seu' juiz!". Escandalosamente. Raul Abdala, sem olhar para o faltoso, virou-se para a mesa, mostrou quatro dedos (o número da camisa do jogador) e fez, com as mãos, o sinal de substituição. Voltou-se e continuou seu trabalho, logo depois que foi feita a substituição do escandoloso. Simples, assim. Foi a segunda melhor ação de colocar alguém fora de jogo. A melhor foi do meu irmão Tito, apitando jogo de várzea. Marcou uma falta. O jogador disse que não fora. Confirmou a falta. O jogador mandou-o tomar banho. Calmamente, retrucou: "quem vai tomar banho é você". O rapaz entendeu, tirou a camisa e mandou-se mais cedo para o chuveiro.
Há um aspecto que considero mais importante a pensar sobre as diferenças entre o futebol e o voleibol. No primeiro, há o endeusamento do goleador. Como se só ele determinasse o tal de "resultado positivo". Goleiro pode fechar o gol. Vai dar, no máximo, 0 x 0, salvo se for goleiro artilheiro. A defesa pode ser impecável, que não terá feito mais do que a obrigação. E o goleador pode errar durante todo o jogo que, se, ao final, fizer um golzinho de 1 x 0, é aclamado como herói.
No volei é diferente: excluindo pontos de saques e de bloqueio, todos os demais pontos precisam da participação de pelo menos dois jogadores (quando o levantador faz ponto de segunda). Na maioria das vezes, é necessária a participação de três jogadores. Meio time! Só uma boa recepção facilita um bom levantamento, que dá ensejo a uma finalização eficiente. Não é à toa que o Serginho, líbero, já foi premiado como o melhor do mundo. Não foi na posição. Foi o melhor de todos. Sem marcar um ponto!
Aí é que vejo a principal diferença. No futebol, há um time. No voleibol, uma equipe.
EDIÇÃO EM 13/02/2016: Atualizando: atualmente, as reclamações no voleibol são punidas com cartão amarelo, sem contar ponto para o adversário. Só no caso de reincidência aparece o cartão vermelho, aí, sim, valendo ponto para o oponente.
Foto de futebol: Opinião FC.
http://opiniaofc.blogspot.com.br/2010/04/chicharito-em-manchester.html
Foto de Serginho: UOL Esporte . Volei
http://www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&biw=1920&bih=898&gbv=2&tbm=isch&tbnid=C_SYke26peraNM:&imgrefurl=http://esporte.uol.com.br/volei/ultimas-noticias/2010/06/25/operacao-tira-libero-serginho-da-selecao-brasileira-na-liga-mundial.jhtm&docid=Kg5zlrOqH630nM&imgurl=http://e.i.uol.com.br/esporte/volei/2010/01/15/serginho-libero-da-selecao-masculina-e-do-brasil-volei-clube-1263547212113_300x300.jpg&w=300&h=300&ei=8od3T6TOCcHrggec8JzhDg&zoom=1&iact=hc&vpx=759&vpy=128&dur=1394&hovh=225&hovw=225&tx=109&ty=140&sig=111589266420214433538&page=1&tbnh=127&tbnw=132&start=0&ndsp=50&ved=1t:429,r:4,s:0
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