Nem tanto. Mas há um bom sinal.
Tenho dito, desde há muito tempo, que o que distingue um time bom de um time ruim é a goleada.
Então, na comparação do jogo com a China, havia um time bom e um time ruim.
Tenho dito, também, que, quando acontece uma goleada, ou há uma disparidade técnica muito grande entre os times, ou tudo deu certo para o vencedor e tudo deu errado para o perdedor, ou as duas coisas.
Penso que aconteceram as duas coisas no Mundão do Arruda.
Jogadas nem sempre muito simples tentadas, dando certo. Pelo lado da China, acontecendo até gol contra.
Acho que a goleada foi alvissareira. Não só a goleada. Vimos, hoje, coisas que não temos visto nesta seleção. Principalmente movimentações de atacantes que, antes, ficavam restritos uma faixa de campo. Vimos o Hulk correndo pelos dois lados e, às vezes, pelo meio. É mais forte pela direita. Mas algumas passagens pela esquerda servem para confundir. Lucas também. Antes, devia tabelar ou sair em alta velocidade, sempre pela direita. Variou mais hoje. Ficou tudo melhor.
As vaias de São Paulo mexeram com os jogadores. Vaias que não achei justas, porque estavam indicando descontentamento com a não convocação de jogador querido pela torcida que vaiava. Mas não deixaram de fazer algum efeito.
Por exemplo: Neymar falou, no intervalo, que ninguém vai tirar o sorriso dele. Depois de um dos gols que fez, mostrou-se para a câmera, puxando os lábios com os dedos e mostrando os dentes. Muito mais um esgar do que um sorriso. Forçado desde o uso dos dedos para escancarar a boca e mostrar os dentes. É claro que tiraram o sorriso dele, porque precisou "fabricar" um. Na minha opinião, tem muito o que aprender, ainda, para nivelar sua pessoa com seu futebol, que é imenso.
Outra observação, que entendo pertencer ao campo político do poder: Hulk fez um gol e tirou a camisa, para mostrar seu amor pelo Nordeste e pela Paraíba. Levou cartão amarelo.
Tenho visto jogadores que, mesmo sabendo que irão levar cartão amarelo, comemoram tirando a camisa. A primeira vez em que observei foi com Jobson, pelo Botafogo. Principalmente porque já estava amarelado e tirar a camisa resultaria em expulsão. Resultou. Jobson entortou sua vida e está à margem dos grandes clubes, mesmo jogando muita bola.
Apesar de tudo, vários jogadores, seguidamente, estão comemorando descamisados. Com amarelos e tudo. Hulk foi o de maior estirpe que se rebelou.
Parece-me que poderá ser uma ação orquestrada, uma rebeldia contra a ordem da FIFA, para punir a ação.
Quando Viola disse que o "professor" (Carlos Alberto Parreira) não gostava de comemorações divertidas (o Viola era craque também nisto) e que, portanto, não as faria, na selação, não gostei. Disse que o jogador só é craque depois que a bola entra no gol. E, a partir desse momento, pode comemorar como quiser. É alegria do futebol, quando não implica agressividade. O Viola divertiu a torcida, quando correu ao orelhão, à beira do campo, "para telefonar para a mãe dele e contar que havia feito um gol". Por que inibir isto?
Não posso concordar, em princípio, com o jogador transgredir, conscientemente, sabendo que vai tomar cartão, podendo resultar em expulsão, ou contar para o terceiro, desfalcando o time, no futuro. Mas não posso concordar com proibições feitas apenas para mostrar autoridade. Nem é agressivo, nem é imoral o jogador tirar a camisa. Pois não tiram para trocar gentileza com o adversário? Não tiram depois do jogo, quando se dirigem ao vestiário?
Seria bom a FIFA debruçar-se sobre as ações repetidas, que penso serem orquestradas. Avaliar com ísenção se tirar a camisa deve ser mesmo um pecado mortal.
Acho que, se não fizer isto, os jogadores vão acabar ganhando a parada.
Fotos: globoesporte.com - Agência AP.
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/09/gols-para-espantar-crise-selecao-atropela-china-e-faz-8-0-no-recife.html
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/fotos/2012/09/fotos-brasil-goleia-china-em-pernambuco.html
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