Penso que está, sim. Se concordo? Nem discuto. Observo que temos o hábito de, ante um mau resultado, mudar tudo radicalmente. Exemplo: quando foram encontrados menores trabalhando em carvoeiras e outros ambientes muito desfavoráveis, até hostis - e, principalmente, longe da escola - a atitude governamental foi decretar que menino não pode trabalhar. Perguntem aos mais velhos que se deram bem (não é saudosismo nem anti-jovem) quando foi que começaram a trabalhar. Acho que a maioria irá responder que foi antes dos catorze anos.
Penso que os resultados do afastamento dos pequenos do trabalho não foram favoráveis. Não tenho estatística, claro, mas a observação de noticiário é nada boa. Fala-se muito em falta de qualificação de mão-de-obra. Falta de hábito no trabalho também conta muito.
É claro que a participação de menores na força produtiva teria de ser regulada, vigiada - muito vigiada - porque nem sempre os meninos e as meninas têm defensores de seus direitos.
O que isto tem a ver com a volta de Kaká? Os resultados desfavoráveis na copa de 2010 determinaram uma mudança radical na selação. De repente, quem era bom, ficou dispensável um mês depois, se tanto. Surgiram desvantagens que ninguém imaginou. Ontem, ouvi de Gilverto Silva que, quando havia jovens e antigos na seleção, os antigos serviam de modelos para os jovens. Agora, o modelo é Neymar. Gilberto Silva, craque da conquista de 2002, em entrevista reputou isto desfavorável, porque a grande responsabilidade, quanto ao desempenho da seleção brasileira, acabou recaindo em Neymar. Antes das olimpíadas, postei um comentário sobre Neymar (E se Neymar tiver um piriri?, 28/07) http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/07/e-se-neymar-tiver-um-piriri.html). Acontece que o Brasil inteiro acha que a seleção é Neymar e mais dez.
Tenho comentado que, dentre os parâmetros com que comparo Neymar com Pelé, há um que coincide em algo com o Gilberto Silva disse. Quando Pelé foi para o Santos, lá estavam craques como Álvaro, Pepe, Pagão, Del Vecchio (não me lembro se Zito já estava), o Santos tinha um ataque excepcional que, mesmo sendo fraca a defesa, obrigava os adversários, na maioria das vezes, a marcar pelo menos dois gols, para poder empatar. O Santos marcava os dois. Quando Pelé chegou na seleção brasileira, estavam lá Gilmar, Belini, Djalma Santos, Orlando, Nilton Santos, Didi... Uma turma de craques famosos e experientes. O Pelé teve referenciais, tanto no Santos quanto na seleção.
Quando Neymar surgiu no Santos, ele era o referencial. Continua sendo. Em quem buscar exemplos, acolhida para inseguranças, eventuais conselhos? Ninguém! Ele era o cara!
Pode-se ver que, de repente, a CBF entrou na onda da nostalgia dos velhos craques: Daniel Alves escapou da sanha da degola; Júlio César foi chamado, sem ficar; Ramires está aí... Luiz Fabiano... Agora, o Kaká.
Será que aquela ruptura abrupta com os "péssimos" das copas de 2006 e de 2010 não deixou alguma ferida? Será que a reintegração será fácil? Principalmente considerando que Kaká, além de estar sem jogo freqüente, está esquecido da mídia, tanto eurupéia como da brasileira?
Nada contra nem a favor de Kaká. Penso é que as decisões que a CBF tomou, após a derrota de 2010 estão começando a ser questionadas.
Imagem: Pelos caminhos da vida
http://anamgs.blogspot.com.br/2010/06/vida-e-futebol.html
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