19 de set. de 2012

FUTEBOL MODERNO


Acho muito interessante essa idéia de futebol moderno. O futebol do Barcelona é moderno! É assim que a gente vê por aí. Na minha santa ignorância, acho que o Barça é time de uma só jogada. Contrariei vocês? Já dizia isto há algum tempo. O time do Barcelona encantua o adversário na sua própria metade de campo. Só não avança o goleiro. Quando perde a bola, faz falta, invariavelmente, impedindo o contra-ataque, porque a defesa não consegue voltar. No jogo contra o Santos, o Neymar recebeu a bola duas vezes, perto da área do Barça mas não conseguiu fazer aquilo que faz brincando no Santos. Parecia petrificado por aquela "eficiência absoluta" do Barcelona. No jogo contra o Chelsea, o Barcelona perdeu uma bola - uma bola só - na intermediária do adversário, a jogada desenvolveu-se para Ramires que correu sem marcação (a defesa não conseguiu voltar) e cruzou. Um a zero para o Chelsea, com título mundial e tudo. Ah! Mas é heresia dizer que o Barcelona é time de uma só jogada. Jogada que consiste em empurrar o adversário para seu próprio campo e trocar bolas à espera de uma genialidade de seu ataque. Não estou dizendo que o Barcelona é um time ruim. Jeito nenhum! Mas, se o observarmos, veremos que faz muitas faltas para evitar contra ataque, porque só tem eficiência no esquema ofensivo. Quando apertada, a defesa costuma confessar.
Mas o assunto é futebol moderno. Para mim, o futebol moderno sempre foi o bom futebol. Vejamos: em 1950, no Maracanã, a seleção brasileira jogou futebol moderno, de Danilo, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Ademir Menezes (artilheiro da competição), com direito a goleada na Espanha. Perdeu para o futebol força do Uruguai, com Obdulio Varela; na copa de 1954, o futebol da Hungria era moderno. Puskas e companhia - timaço mesmo! - encantaram o mundo. Mas a Alemanha deu um nó na Hungria e ficou com a taça. Em 1958, o futebol moderno foi o do Brasil, no despertar de Pelé para o mundo. Ficou com a copa. Em 1974, foi a vez da Holanda, de encantar o mundo com seu carrossel mágico. A Alemanha de Backenbauer voltou a dar nó, desta fez em Cruijff, craquíssimo também, para ficar com a taça. Mas moderno foi o futebol da Holanda.
Então, pombas, o que é futebol moderno? Para mim, é o futebol bem jogado, misturando técnica, arte, força, conjunto, vontade (que, atualmente, preferimos chamar de determinação).
Por que este papo? Porque, no último jogo do São Paulo contra a Portuguesa, depois de uma jogadaça de Lucas, pelo lado direito, indo à linha de fundo e cruzando para Luiz Fabiano marcar, o comentarista disse que Lucas havia feito a jogada de um verdadeiro ponta direita.
Mas Lucas é ponta direita, pô!
Ninguém quer falar mais em ponta direita, há muito tempo. Mas nenhum técnico consegue impedir que um jogador seja ponta direita verdadeiro.
Não foi só! Comentando os jogadores de meio campo, um comentarista questionou se ainda iremos encontrar um camisa 10 de antigamente. É claro que poderíamos encontrar, se os técnicos permitissem a existência de um camisa 10 à antiga. Um dos últimos foi Alex, no Cruzeiro. Mas tivemos outros, muito antes de Alex: Rubens, no Flamengo; Walter Marciano, no Vasco, Jair da Rosa Pinto, em vários clubes. Didi jogava com a 8. Mas era armador à antiga.
Esse tipo de armador precisa de um time com um meio campo muito bom e um ataque ótimo. Foi assim com Didi. No Botafogo, tinha Pampolini no meio campo e, na frente, Garrincha, Paulo Valentim, Amarildo e Zagalo, além de Quarentinha e Edson. Na seleção, tinha Zito atrás e Garrincha, Pelé Vavá e Zagalo na frente.
Isso aí é que é futebol moderno.


Imagem do Mineirão: O MINEIRÃO.
http://estadiomineirao.com.br/o-mineirao/

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